A POESIA ETERNA

Por Marco Dias

JOAM  ZORRO

Biografia

Fins do Século XIII

 

Deixou-nos várias cantigas de amigo.

Poesias Eternas

Cabelos, Los Meus Cabelos

Quem Visse Andar Fremosinha

Per Ribeira do Rio

Pela Ribeira do Rio

Pela Ribeira do Rio Salido

- Os Meus Olhos e o Meu Coraçon

En Lixboa, Sobre Lo Mar 

El-Rei de Portugale

Jus' a lo Mar é lo Rio

Mele El-Rei Barcas no Rio Forte

Bailemos Agora por Deus, Ai Velida

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Cabelos, Los Meus Cabelos

 

 

- Cabelos, los meus cabelos,

el-rei m’enviou por elos.

        Madre, que lhis farei?

        - Filha, dade-os a el-rei.

 

 

- Garcetas, las mias garcetas,

el-rei m’enviou por elas,

        Madre, que lhis farei?

        - Filha, dade-as a el-rei.

 

 

 

 

garcetas: tranças, madeixas      

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"Quem visse andar fremosinha,
com' eu vi, d' amor coitada
e tan muito namorada
que, chorando assi dizia:
"ai amor, leixedes m' oje
de so lo ramo folgar
e depois treide-vos migo
meu amigo demandar".
Quem vis[s]e andar a fremosa,
com' eu vi, d' amor chorando
e dizendo e rogando,
por amor[res mui queixosa]:
"ai amor, leixedes-m' oje
de so lo ramo folgar
e depois treides-vos migo
meu amigo demandar".
Quen lhi visse andar fazendo
queixumes d' amor d' amigo,
que am[or] á sempre sigo,
e chorando, assi dizendo:
"ai amor, leixedes m' oje
de so lo ramo folgar
e depois treides vos migo
meu amigo demandar".

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"-Os meus olhos e o meu coraçon
e o meu lume foi-se con el-rei!
-Quen est, ai filha, se Deus vos perdon?
que mi-o digades gracir-vo-lo-ei
-Direi-vo-l' eu e, pois que o disser,
non vos pês madre, quand' aqui veer.
-Que coita á ora el-rei de me levar
quanto ben avia, nen ei d' aver!
-Non vos ten prol, filha, de mi-o negar,
ante vo-lo terrá de mi-o dizer.
-Direi-vo-l' eu e, pois que o disser,
non vos pês, madre, quand' aqui veer."

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"Per ribeira do rio
vi remar o navio,
e sabor ei da ribeira
Per ribeira do alto
vi remar o barco,
e sabor ei da ribeira.
Vi remar o navio;
i vai o meu amigo,
e sabor ei da ribeira.
Vi remar o barco;
e vai o meu amado,
e sabor ei da ribeira.
I vai o meu amigo,
quer-me levar consigo,
e sabor ei da ribeira,
I vai o meu amado,
quer-me levar de grado,
e sabor ei da ribeira."

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"En Lixboa, sobre lo mar
barcas novas mandei lavrar,
ai mia senhor velida!
En Lixboa, sobre lo ler,
barcas novas mandei fazer,
ai mia senhor velida!
[B]arcas novas mandei lavrar
e no mar as mandei deitar,
ai mia senhor velida!
[B]arcas novas mandei fazer
e no mar as mandei meter,
ai mia senhor velida!"

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"El-rei de Portugale
barcas mandou lavrare
e lá irá nas barcas migo,
mia filha, o voss' amigo.
El-rei portug[u]eese
barcas mandou fazere,
e lá irá nas barcas migo,
mia filha, o voss' amigo.
Barcas mandou lavrare
e no mar as deitare,
e lá irá nas barcas migo,
mia filha, o voss' amigo.
Barcas mandou fazere
e no mar as metere,
e lá irá nas barcas migo,
mia filha, o voss' amigo."

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"Pela ribeira do rio
cantando ia la dona virgo
d' amor:
"Venhan nas barcas polo rio
a sabor".
Pela ribeira do alto
cantando ia la dona d' algo
d' amor:
"Venhan nas barcas polo rio
a sabor"."

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"Mete el-rei barcas no rio forte;
quem amigo á que Deus lho amostre:
alá vai, madre, ond' ei suidade.
Mete el-rei, barcas na Estemadura:
quem amig[o] á que Deus lho aduga:
alá vai, madre, ond' ei suidade."

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"Jus' a lo mar é o rio;
eu, namorada, irei
u el-rei arma navio;
Amores, convusco m' irei.
Jus' a lo mar é o alto;
eu, namorada, irei
u el-rei arma o barco;
Amores, convusco m' irei.
U el-rei arma navio
eu, namorada, irei,
pera levar a virgo;
Amores, convusco m' irei.
U el-rei arma o barco
eu, namorada, irei,
pera levar a d' algo,
Amores, convusco m' irei."

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"Pela ribeira do rio salido
trebelhei, madre, con meu amigo:
amor ei migo, que non ouvesse;
fiz por amigo que non fezesse!
Pela ribeira do rio levado
trebelhei, madre, con meu amado:
amor ei migo que non ouvesse,
fiz por amigo que non fezesse."

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"Bailemos agora, por Deus, ai velidas,
so aquestas avelaneiras frolidas
e quem fôr velida como nós, velidas,
se amigo amar,
so aquestas avelaneiras frolidas
verrá bailar.
Bailemos agora, por Deus, ai loadas,
so aquestas avelaneiras granadas
e quem fôr loada como nós, loadas,
se amigo amar.
so aquestas avelaneiras granadas
verrá bailar."

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