GUSTAVO
DE MATOS SEQUEIRA
Biografia
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Poesias Eternas
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Aldeia
de romance; a igreja a meio,
pomba
branca, tentando-a com as asas
e
alvas, também, ao derredor, as casas
procurando
o calor daquele seio!
E
tudo limpo e claro. Sem receio
podiam-se
beijar as pedras rasas
que
o barro, às ondas, rubro como brasa,
cinge
e contorna num ridente enleio
As
parreiras às portas, como redes
de
verdura, mantelam os beirais,
o
azul do céu pincela-lhe as paredes
o
amor à terra aquece as casas todas
e
terra e céu, em beijos virginais,
vivem
cantando a festejar tais bodas.
Depois dos óleos
fortes e brutais
da Beira Baixa, uma
aguarela chega,
sinfornia de brancos
que nos cega
entre o loiro queimado
dos trigais.
Alentejo de longe
triunfais,
cuja visão nos ergue
e nos sossega,
vasto lagar, celeiro
farto, adega,
azinheiras, chaparros,
sobreirais...
Oh! meu bom Portugal
de lavradores!
Aldeia em festa,
toiros, procissões,
as imagens sorrindo
nos andores,
moiros em cada cântico
plangente,
canas verdes e junco,
em vez de flores
e ao alto, a arder, o
coração da gente.
A Poesia Eterna, por Marco Dias . Todos os direitos reservados.