GOULART
NOGUEIRA
Biografia
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Poesias Eternas
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Cordeiro de alvorada, em
seu cabelo,
Adormecido, nítido,
encostado
À testa de montanha lisa
e gelo.
O gelo se desfaz, de
manso, em neve
No mar do rosto, com
corais na face,
Corais na boca
entreaberta e leve,
E tomba, em gotículas de
orvalho,
Nos ombros torneados e
brilhantes,
Qual folha nova a
despontar do galho.
*
Nos olhos, e esperando um
prado extenso,
Duas gazelas líquidas e
azuis
Fingem o acenar branco
dum lenço.
Um lenço, pelo corpo a
desfolhar-se
Em rosas-chá, em mármore
e em quentura,
No púbis, nuvem de oiro,
vai dobrar-se.
Aquela juventude ainda é
pura.
*
Quem tem a manhã na
fronte
E relâmpagos na mão
imperial,
Que tem na boca límpida
uma fonte
E dois robles no porte de
imortal,
Com sua imagem de águia
à terra desce
E rouba o pastor grácil
que adolesce.
*
Pastor humano, hoje é
pastor divino.
Loiro,
Loiro e belo rapaz
maravilhoso,
Elbelto como um hino,
Tão pleno como um arco
impetuoso,
Em suas mãos de Via-Láctea
Serve aos deuses a Vida e
o alimento,
Licor de luz e de rubis
doirados.
E as suas mãos de Via-Láctea
São o perfume e o vento
Do seu corpo de valados.
*
Paisagem branda ao sol
nascente,
Um olhar dele o
representa.
É sempre belo e
adolescente:
Aos próprios deuses
alimenta.
E porque tem, como a
cereja,
Formas alegres e
completas,
Tal como Zeus lhe quer e
o beija,
Amam-no todos os Poetas.
Távola Redonda, LÍRICAS PORTUGUESAS, PORTUGÁLIA EDITORA, 3ª SÉRIE,
PAG. 453
A Poesia Eterna, por Marco Dias . Todos os direitos reservados.