A POESIA ETERNA

Por Marco Dias

FERNANDO DE PAÇOS  

Biografia

 

Poesias Eternas

“Que bom era...”

“Pra me curar...”

O Homem das Mãos Brancas

 

 

 

 

 

 

 

 

 

“Que Bom Era...”

 

Que bom era exprimi-la

mas só posso sonhá-la!

Como era bom levá-la,

como era bom! - Tranquila...

 

Como era bom despi-la

ao poder encontrá-la!

- Já não sorri. Não fala...

Da carne separá-la,

como era bom despi-la!

 

Acordá-la  e despi-la,

(do seu corpo despi-la!)

mas a alma, que é sua,

que bom era levá-la

(para longe levá-la!)

para bebê-la, nua.

- Já não respira... Estua.

- Já não responde... Cala.

 

O Fértil Jardim

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“Pra Me Curar...”

 

Pra me curar,

mais fria, a brisa;

na minha mão a tua voz tão lisa;

chuva, sobre esta noite lunar.

Ficar prostrado no chão e arrefecer.

Tudo afastar, tudo esquecer.

Apenas tu,

vestindo o meu corpo nu

da tua ansiedade de viver.

 

O Fértil Jardim

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O Homem das Mãos Brancas

 

O Homem das mãos brancas

revelou-me o seu nome.

Não tinha idade.

Chegara à Terra

no Dia do Dilúvio.

 

Quando as águas baixaram

e as flores nasceram

e a luz da manhã

se dividiu nas sete cores,

Ele apontou-me o azul,

o branco, o verde,

e o meu espírito

clarificou-se.

 

Disse:

Sê santo à altura destas flores:

Em cima é o Pai,

dividindo as cores.

Em baixo é o Filho,

dividindo as raízes.

E à altura de serenidade

é o Espírito Paracleto.

Sê santo à altura destas flores.

Mistura os pés na Terra que eu pisei

mas que nas tuas mãos

as corolas desmaem.

 

E levou-me onde,

num jardim fechado,

os caules subiam a caminho da luz

e as corolas pairavam

acima dos meus olhos.

 

In, Távola Redonda, nº 19-20

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 A Poesia Eterna, por Marco Dias . Todos os direitos reservados.

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