FERNANDES
COSTA
Biografia 1848-1920 O general
Fernandes Costa nasceu em 1848 e faleceu em 1920. "Fernandes
Costa colaborou no Dicionário Popular, de Pinheiro Chagas, e no Dicionário
Universal Português Ilustrado, tendo dirigido durante muitos anos o Almanaque Bertrand.Deve-se-lhe um curioso e valioso trabalho bibliográfico: a edição
manuscrita de Os Lusíadas, em que cada estrofe é redigida e assinada por uma
notabilidade portuguesa ou brasileira. Além de poeta, foi cronista,
historiador, crítico literário, tendo sido sócio da Academia das Ciências de
Lisboa." Obra poética: Sátira a Gomes Leal (1900) e O Eterno Feminino (1913).
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Poesias Eternas
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Grande nome, que a História
rememora,
Erguendo-o até às épicas
alturas!
Acompanharam-na as pálidas
figuras
Dos tenros filhos, que a
sua alma adora.
Anima-os com voz firme,
voz sonora;
Reveste-os das guerreiras
armaduras;
Cinge-lhes as espadas às
cinturas;
Abençoa-os, depois...
Porém, não chora!
Erra a História, talvez,
quando engrandece,
Hirto e duro, este vulto
feminino,
E as doces linhas da
Mulher esquece.
Do coro saio. Não me
agrada o hino.
Mas cantava-a, com gosto,
se escrevesse,
Alguma vez, O Eterno
Masculino.
Quando d'Inês evoco a
imagem bela,
Jamais a posso ver,
feliz, cismando,
À noite, em sua gótica
janela,
Do Mondego os murmúrios
escutando.
Vejo o quadro, que o
tempo atravessando,
Inda, agora, de espanto
nos congela!
Rainha morta, sem poder
nem mando,
E o seu ferino amante, ao
lado dela!
Sentar em trono d'oiro a
que foi linda,
E aos vassalos, tomados
de pavor,
Mostra-lhes, do sepulcro
a recém-vinda,
Ternura já não foi, não
foi amor!...
- Do régio tigre foi
vingança ainda;
Foi um dos seus ataques
de furos! -
Tive, por ela, uma paixão
ardente!
Espantam-se?... Pois esta
foi geral.
Não houve outra rainha
antecedente,
Que fosse mais querida em
Portugal.
Na corte mais vistosa e
reluzente,
Seria sempre a dama
principal;
Via-se, onde ela estava,
toda a gente
Fascinada por essa flor
real.
Noutras eras, de bélicos
ardores,
Em torneios, veria
combater,
Vestindo airosamente as
suas cores,
Paladinos do Amor e do
Dever.
Quem por ela morresse então
de amores
Sentiria doçuras no
morrer!
A Poesia Eterna, por Marco Dias . Todos os direitos reservados.