A POESIA ETERNA

Por Marco Dias

EDMUNDO BETTENCOURT

Biografia

1899-1973

 

Poesias Eternas

 Consagração

Luar

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Consagração

 

Tinham desaparecido

as casas da cidade.

E havia agora uma praça,

donde a população olhava o céu, à espera.

 

O avião chegou.

Vinha sobre uma nuvem branca,

que irradiava aromas,

a claridade e a música, pelos ares...

 

O aviador de fora e à frente,

conduzia-o

e andava no ar como no chão!

 

De repente o avião desceu

vertiginosamente!

 

Caía...

 

E embora não se ouvisse explosão,

em baixo

um fumo negro, imenso, com destroços,

e o fogo, começaram subindo

à altura em que o avião pairava antes.

 

A multidão,

rápida,

como as águas duma enchente,

escoou-se...

 

Depois nais nada;

isto é:

somento uma infinita escuridão por sobre

a qual a palavra perdão jamais será escrita!

 

Poemas Surdos

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Luar

 

Apenas o luar chegou,

desfez-se em asas no ar.

E toda a noite levou

a regressar devagar...

 

Em noites alvas, de lua,

não há nudez com vergonha.

À luz do luar, o barro

é o mármore com que sonha.

 

À luz do luar, as aves

nocturnas,breve, enlanguescem

e, ao seu crepúsculo da sombra,

mortas de sonho adormecem...

 

Os silêncios do luar são

aléns de notas agudas,

são gritos paralisados

em rictos de bocas mudas!

 

O luar rouba ao escuro

o que de dia é segredo.

À luz do luar podemos

ver respirar o arvoredo...

 

Canção ouvida ao luar

não terá ritmos perdidos

- é som vivendo no olhar

- luz que fica nos ouvidos.

 

À luz do luar a água

soluça todas as dores,

que à luz do luar a água

tem na cor todas as cores.

 

Poemas de Edmundo Bettencourt

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 A Poesia Eterna, por Marco Dias . Todos os direitos reservados.

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