A POESIA ETERNA

Por Marco Dias

DÓRDIO GUIMARÃES

Biografia

 

Poesias Eternas

Diamor

 

 

 

 

 

 

 

 

Diamor

 

I

 

É de cravo. Toque de pétala em minha boca

a tua língua redonda. Talo cálido

macio de ponta subtil de tamanho.

Olhos para cima ardendo incessante de cabelos

girassóis gémeos maduros no corpo do meio.

Punhal de luz de permeio

e no cabo da lâmina a pérola do umbigo.

Algas escorrendo ausência de Tejo nos dedos.

Cabo do mundo dos meus fascínios

dos meus delírios bem fundo que digo?

E o lugar dos joelhos hangares paralelos

insuspeitos de viagens rotuladas.

Ó gulas que as zonas do apetite jogam os dados

com pazes e êxtases estudados.

 

Outrora disseste rei terei

ó se minha arte tal fosse

porque leal e amor sou

homoalma increver-te no cosmos.

Minha mulher. O teu sexo de colher.

De sabor torrencialmente minha.

 

Beber-te moderno sumo do fruto.

Abundante por espasmos

de enormes segredos menstruados.

Sorver a plenos pulmões teu hálito mais secreto.

Esvair-me de concreto.

Ajoelho-me semeador ante a ternura

do cálice por ti aberto.

Desfoca ao longe a bebida

de já não vê-la de tão perto...

E o talhe de teus rins muita de Florença.

 

Pés de mármore de si rotativos a Sirius.

Ventre que em movimento flutua.

Fartura da lua.

Nádegas porcelares, carnagens lótus.

Aprumo de haste bambu ao Sol e a Marte.

Sexo de mim cação em teu sexo tubarão...

e o teu clito perdoa que não aparece!

 

Ó dor! Eis-te amor. Meu amor.

Nem Vénus. Nem de Cnido nem de Milo.

Muito branca muito morena e quente.

Muito querida e nua viva de frente.

 

 

 

II

 

É neste indecisão de folhas caindo caindo

decisão de altas artes plantas plantas

a boca me ardendo nas tuas mamas tantas

soltando-se em alces fugindo fugindo.

 

As horas sendo em nossos cabelos.

Uma a uma. Um a um. Do tempo a Tagus.

Meus olhos égides tristezas minhas

que as não desejo aos relâmpagos.

 

Aqui a solução é não sabermos nadar

me chamas irmã dos espaços morenos.

Entre ondas de carne e unhas seremos

medo cisma orgasmo de podermos voar.

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 A Poesia Eterna, por Marco Dias . Todos os direitos reservados.

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