A POESIA ETERNA

 

Por Marco Dias

 

GABRIEL MARIANO

Biografia

1933

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Poesias Eternas

 

Caminho Longe

Única Dádiva

 

 

 

 

 

 

 

CAMINHO LONGE


Caminho
caminho longe
ladeira de São Tomé
Não devia ter sangue
Não devia, mas tem.

Parados os olhos se esfumam
no fumo da chaminé.
Devia sorrir de outro modo
o Cristo que vai de pé.

E as bocas reservam fechadas
a dor para mais além
Antigas vozes pressagas
no mastro que vai e vem.

Caminho
caminho longe
ladeira de São Tomé
Devia ser de regresso
devia ser e não é.


(in "12 poemas de circunstância", 1965)

ÚNICA DÁDIVA


Os engajadores levaram
a nossa única dádiva
e já ninguém devolve
o que nos foi roubado.

                Longa è a ladeira que a fome alonga.

Enquanto eu vivo
as perguntas duram
E eu vivo da fome
interrogativamente.

                Longa è a ladeira que a fome alonga.

Como podem ladrões
rondar meus olhos
se amor só
meus olhos tem?

                Longa è a ladeira que a fome alonga
                terralonginquamente.


         (12 Poemas de Circunstância, Praia, Minerva, 1965)
                
             

 

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