A POESIA ETERNA

Por Marco Dias

OSWALD DE ANDRADE

Biografia

 

1890-1954

 

Brasil Brasil

 

José Oswald de Sousa Andrade nasceu em São Paulo, a 11 de janeiro de 1890. No aspecto formal, Oswald inovou a poesia com seus pequenos poemas, em que sempre havia um forte apelo visual, criando o chamado "poema-pílula". É sem dúvida grande ponto de referência ao Modernismo brasileiro.

Poesias Eternas

Balada do Esplanada

Canto de Regresso à Patria

Erro de Português

as meninas da gare

O Sul-Americano Calabar

Vício na Fala

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

ERRO DE PORTUGUÊS

Quando o português chegou
Debaixo de uma bruta chuva
Vestiu o índio
Que pena! 
Fosse uma manhã de sol
O índio tinha despido
O português.

  

                        (Oswald de Andrade)

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VÍCIO NA FALA


Para dizerem milho dizem mio
Para melhor dizem mió
Para pior pió
Para telha dizem teia
Para telhado dizem teiado
E vão fazendo telhados

  

                        (Oswald de Andrade)

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CANTO DE REGRESSO À PÁTRIA

Minha terra tem palmares
Onde gorjeia o mar
Os passarinhos daqui
Não cantam como os de lá
Minha terra tem mais rosas
E quase que mais amores
Minha terra tem mais ouro
Minha terra tem mais terra
Ouro terra amor e rosas
Eu quero tudo de lá
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte para lá
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte pra São Paulo
Sem que veja a Rua 15
E o progresso de São Paulo.
  

                        (Oswald de Andrade)

topo

 

 

 

 

 

 

as meninas da gare

 

 

Eram três ou quatro moças bem moças e bem gentis

Com cabelos mui pretos pelas espáduas

E suas vergonhas tão altas e tão saradinhas

Que de nós as muito bem olharmos

Não tínhamos nenhuma vergonha

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Balada do Esplanada

 

Ontem à noite

Eu procurei

Ver se aprendia

Como é que se fazia

Uma balada

Antes de ir

Pro meu hotel.

É que este

Coração

Já se cansou

De viver só

E quer então

Morar contigo

No Esplanada.

 

Eu queria

Poder

Encher

Este papel

De versos lindos

É tão distinto

Ser menestrel

No futuro

As gerações

Que passariam

Diriam

É o hotel

É o hotel

Do menestrel

 

Pra me inspirar

Abro a janela

Como um jornal

Vou fazer

A balada

Do Esplanada

E ficar sendo

O menestrel

De meu hotel

 

Mas não há, poesia

Num hotel

Mesmo sendo

'Splanada

Ou Grand-Hotel

 

Há poesia

Na dor

Na flor

No beija-flor

No elevador

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Canto de Regresso à Patria

 

 

Minha terra tem palmares

Onde gorjeia o mar

Os pássaros daqui

Não cantam como os de lá

 

Minha terra tem mais rosas

E quase que mais amores

Minha terra tem mais ouro

Minha terra tem mais terra

 

Ouro terra amor e rosas

Eu quero tudo de lá

Não permita Deus que eu morra

Sem que volte para lá

Não permita Deus que eu morra

Sem que volte para São Paulo

Sem que veja a Rua 15

E o progresso de São Paulo

topo

 

 

 

 

 

O Sul-Americano Calabar

 

Torcida indígena a favor de um

imperialismo "civilizador".

Leitor pequeno-burguês, não será você?

 

No Brasil há duas correntes de opinião:

os que acreditam que a guerra holandesa

acabou e os que sabem perfeitamente

que ela continua, através de fundings,

empréstimos e tomadas de poder por este

ou aquele grupo calabarista.

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