A POESIA ETERNA

Por Marco Dias

JUNQUEIRA  FREIRE

Biografia

1832-1855

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Poesias Eternas

Soneto

Temor

 

 

 

 

 

 

 

 

TEMOR

Ao gozo, ao gozo, amiga. O chão que pisas
A cada instante te oferece a cova.
Pisemos devagar. Olhe que a terra 
        Não sinta o nosso peso.

Deitemo-nos aqui. Abre-me os braços.
Escondamo-nos um no seio do outro.
Não há de assim nos avistar a morte,
        Ou morreremos juntos.

Não fales muito. Uma palavra basta
Murmurada, em segredo, ao pé do ouvido.
Nada, nada de voz, - nem um suspiro,
        Nem um arfar mais forte.

Fala-me só com o revolver dos olhos.
Tenho-me afeito à inteligência deles.
Deixa-me os lábios teus, rubros de encanto.
        Somente pra os meus beijos.

Ao gozo, ao gozo, amiga. O chão que pisas
A cada instante te oferece a cova.
Pisemos devagar. Olha que a terra 
        Não sinta o nosso peso.


  

                        (Junqueira Freire)

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Soneto 

 

Arda de raiva contra mim a intriga, 
Morra de dor a inveja insaciável;
Destile seu veneno detestável 
A vil calúnia, pérfida inimiga.

        Una-se todo, em traiçoeira liga,
        Contra mim só, o mundo miserável.
        Alimente por mim ódio entranhável
        O coração da terra que me abriga.

Sei rir-me da vaidade dos humanos; 
Sei desprezar um nome não preciso; 
Sei insultar uns cálculos insanos.

        Durmo feliz sobre o suave riso
        De uns lábios de mulher gentis, ufanos;
        E o mais que os homens são, desprezo e piso.
 

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 A Poesia Eterna, por Marco Dias . Todos os direitos reservados.

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