AUGUSTO
DE CAMPOS
Biografia 1931 |
Poesias Eternas |
Ar
triste. O Artista. Olho:
preso
entrepálpebras ferrenhas
Gladiatouro
inc’oyable polindo as unhas
friáveis
pardelicatesse
à
lâmina de sua alma meltrretida.
Nocto
malabar(rindo)arabe-
língua
(com sopro)
atravesrelva
move um pouco
os
talos e
arrefece.
sim poeta infin itesi (tmese) mal (em
tese) existe e
se mani- (ainda) festa nesta ani (triste) mal espécie que
lhe é funesta se tem fome come fama como cama leão come ar al moço antes doce do intes tino fino ao gr osso mais baixo que o lixeiro que cheira a lixo mas ao menos tem cheiro o poeta lagartixa no escuro bicho inodoro e solitário em seu labor atório sem sol ou sal ário |
“A
Angústia, Augusto, esse leão de areia”
Décio
Pignatari
A Angústia, Augusto,
esse leão de areia
Que se abebera em tuas mãos
de tuas mãos
E que desdenha a fronte
que lhe ofertas
(Em tuas mãos de tuas mãos
por tuas mãos)
E há de chegar paciente
ao nervo dos teus olhos,
É o Morto que se fecha
em tua pele?
O Expulso do teu corpo no
teu corpo?
A Pedra que se rompe dos
teus pulsos?
A Areia areia apenas mais
o vento?
A Angústia,
Pignatari, Oleiro de Ouro,
Esse leão de areia digo
este leão
(Ah! O longo olhar sereno
em que nos empenhamos,
Que é como se eu me
estrangulasse com os olhos)
De sangue:
Eu mesmo, além do
espelho.
Esperança oh magna...
Esperança oh magna cadela regina com fome que abraças o esqueleto no corpo de um espantoso noivo taciturno e apoiado em seu anel. Oh aranha esperança aranha esperança ar anha esperança treva as coxas grand'abertas e uma pequena relva — e ali deixar nossos pêlos, Magros joelhos. Descansa o ventre esperança com um peixe insinuoso entre as pernas desenrola a sempiterna seda sobre a seda de uma coxa que cresce (eu poro eu pele) espiral esperança granda granda.
A Poesia Eterna, por Marco Dias . Todos os direitos reservados.