A POESIA ETERNA

Por Marco Dias

ANTÓNIO DE NAVARRO

Biografia

Poesias Eternas

Isto há-de acabar numa mitológica bebedeira...

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Isto há-de acabar numa mitológica bebedeira,

Por força!...

 

Hei-de vir a ser, não sei como,

A existência de todas as inexistentes sereias,

Todas as ondas e areias,

E Neptuno e a quadriga do Sol,

Puxada por uma corça

De olhar langue

E por um cavalo de olhar duro como uma seta.

 

Não sei como,

mas isto vai acabar em bebedeira completa,

Por força...

 

Depois ponho-me a cantar

O seu canto salgado, ácido e longo

E vou ser a rocha onde uma gaivota fará o ninho

E, maternal, pensar que voo há-de oferecer a cada filho

E em que propício mar há-de ensaiá-lo...

 

Depois ponho-me a cantar

Em ululo, entre o verde e o azul,

Que ondulo, cantando em ululo,

Tal qual o mar sugando à vítima,

A voz íntima e soturna que o fará bailar.

 

(Tenho já que ir pensando

Como explicarei ao polícia de trânsito

Que tudo isto será uma bebedeira marítima

Bebedeira emotiva e de passageiro transe...).

 

 

Poema do Mar, Ed. Portugália, 1957

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