ANTÓNIO DA COSTA
Biografia 1914-1990 |
Poesias Eternas |
Sempre outras como eu
Longe de mim buscam
Outro que mim
O teu braço apontado ao céu
Semelhavas - no desabrochar
As flores o tempo que nos cercava
Não havia portas no teu jardim
Era como estar dentro do que vias
Tudo de ti estava em nós e era transparente
Via-te o vulto voltado à luz
Que o braço erguido apontava
E no tempo que nos cercava
Semelhavas
Que o nosso olhar não via
E de longe em ti buscava
O outro que mim
A Cal dos Muros
Agora posso dizer o quanto me doíam
a dureza do teu silêncio e as
veredas por onde te sumias
no teu exílio, ilha, o olhar
presos na última réstea de luz que no
mar se afoga.
A voz antiga que se impunha não
falar da tua ausência
enchia-a e distraído
de mim apenas via nela as secas flores
murchas da memória.
Meu ignorado
mestre de enigmas os que percorriam o teu
sorriso breve
só por ti eram sabidos
ocultos na curva doce dos dias
que medias a olhar o teu
próprio fim.
Não mos podias tu ensinar a mim
nem eu aprendê-los de ti podia.
A Cal dos Muros
A Poesia Eterna, por Marco Dias . Todos os direitos reservados.