COSTA ANDRADE
Biografia
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Poesias Eternas |
Não existe mais
a casa onde nasci
nem meu Pai
nem a mulembeira
da primeira sombra.
Não existe o pátio
o forno a lenha
nem os vasos e a casota do leão.
Nada existe
nem sequer ruínas
entulho de adobes e telhas
calcinadas.
Alguém varreu o fogo
a minha infância
e na fogueira arderam todos os ancestres.
Palavra de Poeta, Cabo Verde e Angola, de Denira Rozário, Bertrand Brasil, 1999)
Já não é a noite que promete algum desejo
e o amanhecer não reflecte mais quimeras
no olhar.
Aquilo que era sol em cada verso
são os caídos,
é a queda
de cada pedra companheira
movida ainda sabe-se lá por que impulsão
após a morte!
As palavras que prometem
vêm depois que silvam balas
e a decisão dos homens.
Restamos nós rochedos brutos da montanha
face voltada ao amanhã que sempre nos guiou.
Cairemos não importa.
Nós somos o carvão da luz futura.
Poesia com armas, Costa Andrade, Sá da Costa, Lisboa, 1975
A Poesia Eterna, por Marco Dias . Todos os direitos reservados.