A POESIA ETERNA

Por Marco Dias

ÂNGELO DE LIMA

Biografia

 

1887-1914

Poesias Eternas

Vai, sobre o sombrio abismo...

Olhos de lobas

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Vai, sobre o sombrio abismo

D'esta existência terrena...

- Nas asas d'um misticismo

E paira a sonhar, serena!...

 

Sob a luz calma e suave

Dos mundos do sentimento...

Paira tranquila, alma... ó ave!

Sacia o longo tormento!...

 

- Sonha!... e sonhando te esquece!...

- Lá no sonho recatado -

A Rosa, o Lírio entreteces

D'um abraço embalsamado

 

Lá minh'alma, alma adorada

Mulher na terra caída

Anjo em que meio à jornada

Sentiste a asa partida...

 

Lá minh'alma a ti cingindo,

Perfumada de amorosa,

No excelso cônjuge infindo,

Do Lírio, d'est'alma, ó Rosa!...

 

Fiquemos eternamente

Asa n'asa conjugada

- Se não tens nota ascendente,

Queda ó guitarra calada!

 

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Olhos de Lobas

 

Teus olhos lembram círios

Acesos n'um cemitério...

Dr. Rogério de Barros

 

 

Têm um fulgor estranho singular

Os teus olhos febris... Incendiados!...

 

Como os Clarões Finais... - Exaustinados

Dos restos dos archotes, desdeixados...

- Nas criptas d'um Jazigo Tumular!...

 

- Como a Luz que na Noute Misteriosa

- Fantástica - Fulgisse nas Ogivas

Das Janelas de Estranho Mausoléu!...

 

- Mausoléu, das Saudades do Ideal!...

 

- Oh Saudades... Oh Luz Transcendental!

- Oh memórias saudosas do Ido ao Céu!...

 

. Oh Pérpetuas Febris!... - Oh Sempre Vivas!...

- Oh Luz do Olhar das Lobas Amorosas!...

 

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 A Poesia Eterna, por Marco Dias . Todos os direitos reservados.

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