AMÂNDIO CÉSAR
Biografia |
Poesias Eternas |
Lançaram-se os dados
no par ou pernão
e uns foram
outros não.
E houve saudades nos que foram
e revolta nos que não;
os que foram não voltaram
os que ficaram cá estão...
Jogaram-se vidas,
como se jogam dados:
olhos sem luz,
membros amputados
e uns foram outros não...
Vida?... Amor?...
Lançaram-se os dados: Par ou pernão?...
Batuque de Guerra
Passo ante passo,
para não ser
pressentido,
o anjo da noite
veio,
veio da noite
vestido...
E todas as portas
do mundo
se abriram de par
em par:
que ele tinha
tesoiros sem fundo;
para todos
enganar...
E todas as portas
do mundo
se arrependeram um
dia
desses tesoiros sem
fundo
que ele a todos
prometia:
É que ele rasgou o
manto,
o manto que tinha
vestido,
e que lhe dava esse
ar santo
para não ser
pressentido....
Batuque de Guerra
Em surdina chegaste
E em surdina te
vais:
- Oh felicidade que
baste,
Que nunca bastas de
mais!
E eu queria que
ficasses,
De tal maneira
ficada,
Que nunca mais me
trocasses
- Por nada!
Saudade de Pedra
É em vão que o
sol doira
As asperezas da
terra:
Secou na seara
loira
Toda a esperança
que ela encerra.
Baldadas todas as
horas,
Todos os passos sem
fim.
Murchou de vez o
alecrim
Secaram roxas
amoras.
É quente a água
das fontes,
Escalda o sangue
nas veias:
São de fogo os grãos
de areias
E as pragas negras
dos montes.
Para quê lutar
ainda
Numa luta sem
sentido?
Sofre-se por se ter
sofrido
Esta angústia que
não finda.
Angústia que sobe
à boca
Que amarga como a
amargura
- Existência mal
segura,
Fazenda que mal dá
roupa.
Cansaram-nos assim
de tudo,
Todos nos pesam de
mais
- Os poetas são
jograis
E o seu cantar
quase mudo
As Margens da Memória
A Poesia Eterna, por Marco Dias . Todos os direitos reservados.