A POESIA ETERNA

Por Marco Dias

ALPHONSUS  GUIMARÃES  FILHO

 

Biografia

Poesias Eternas

Boca Temporã

Ária ao Violão

 

 

 

 

 

BOCA TEMPORÃ

A boca temporã, nessa risada
matinal, descuidosa, a linda boca
fresca de céu, perdidamente louca
pelo desejo apenas esmagada...

Nela respira ingénua madrugada,
a carne azul dos campos mal dormidos,
rios, aguadas, vila despertada
pelos ventos do alto, comovidos...

Nessa boca que aos poucos madurando
se oferece na árvore travessa,
vejo dormir as frutas assustadas,

as frutas sumarentas despontando.
Agasalhar no colo essa cabeça,
depois sair sonhando nas estradas.

in  Antologia Poética de Alphonsus Guimarães Filho, Ed. do Autor, 2ª ed., Brasília, 1963

 

  topo

 

 

 

 

ÁRIA AO VIOLÃO
 

Que sonâmbula campânula
embala o íncola na ínsula
campanulando?

Cantagalo cantagálico
no áulico tez gaulesa
cantagalando.

Só, na sombra solitária
estrelinha latejante
é chama, é flor, e madruga
num rio que ri ou geme,
campanulando.

Sobre a memória madura
a cálida, a alva aurora
desce doce se incorpando,
campanulando.

in Antologia Poética de Alphonsus Guimaraens Filho Editora do Autor


topo

 A Poesia Eterna, por Marco Dias . Todos os direitos reservados.

1