AFONSO LOPES VIEIRA
Biografia
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Poesias Eternas
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Ó meu jardim de saudades,
Verde catedral marinha,
E cuja reza caminha
Pelas reboantes naves...
Ai flores do verde pinho,
Dizei que novas sabedes
Da minha alma, cujas sedes
Ma perderam no caminho!
Revejo-te e venho exangue;
Acolhe-me com piedade,
Longo jardim da saudade
Que me puseste no sangue.
Ai flores do verde ramo,
Dizei que novas sabedes
Da minha alma, cujas sedes
Ma alongaram do que eu amo!
- A tua alma em mim existe,
E anda no aroma das flores,
Que te falam dos amores
De tudo o que é lindo e triste.
A tua alma, com carinho,
Eu guardo-a, e deito-a, a cantar,
Das flores do verde pinho
- Àquelas ondas do mar. 7, 99
PAÍS LILÁS, DESTERRO AZUL, LÍRICAS PORTUGUESAS, PORTUGÁLIA EDITORA, 3ª SÉRIE, PAG. 125
Vai a galope o cavaleiro e sem cessar
Galopando no ar sem mudar de lugar.
E galopa galopa e galopa, parado,
E galopa sem fim nas tábuas do sobrado.
Oh! que bravo corcel, que doidas galopadas,
- Crinas de estopa ao vento, e as narainas pintadas!
Em curvas pelo ar, em velozes carreiras,
O cavalo de pau é o terror das cadeiras!
E o cavaleiro nunca muda de lugar,
A galopar a galopar a galopar!
POESIAS SOBRE AS "CENAS INFANTIS" DE SCHUMANN, LÍRICAS PORTUGUESAS, PORTUGÁLIA EDITORA, PAG. 125
A Poesia Eterna, por Marco Dias . Todos os direitos reservados.