Pedralva Apenas ontem

Xavié

Ilustração - Paulo da Rosa Faria. visite suas Obras!

Joaquim Xavier – o Xavié

Centenário – Junho de1989 – texto: Chinho

Mendigo, inválido, escorado às muletas, vai vivendo o velho Xavier, antes sob o amparo da Vila Vicentina e das pessoas caridosas de minha terra. Depois foi muito bem cuidado em nosso Asilo. Hoje está muito melhor entregue nas mãos de Deus. Esta Crônica que segue é de 1966.
           
Xavier mora numa casinha da Vila. Tem por esposa, a velha enrugada Nhana, para ele, a criatura mais linda da face da terra. Você a conhece?
           
XAVIER ignora os princípios de higiene, anda sujo com as roupas ensebadas. Tem uma sanfona de 8 baixos. E que música ele tira do instrumento, meu Deus! Sempre o mesmo estribilho: nheco-nheco, nheco-nheco...
            Tem um pito de barro fedorento e sujo, como o dono. A medida que cachimba, vai babando pelo canto direito da boca, sobre a barba amarela e encardida.
            Xavier, além de tudo, é epilético. Volta e meia tem seus ataques e fica estrebuchando, com convulsões e perda brusca dos sentidos.
            Numa das vezes, alvoroçou a Vila:
            __Xavié ta morrendo!...
            Todo o mundo foi acudir. Puseram a vela na mão do homem e começaram a rezar.
            O acesso passou. Xavier abriu um olho. Enfiou a mão no bolso. Tirou seu pito e o acendeu na vela que estava em sua própria mão, chupando estaladamente boas baforadas, sob os olhares atônitos.

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