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Joaquim Xavier – o Xavié
Centenário – Junho de1989 – texto: Chinho
Mendigo, inválido,
escorado às muletas, vai vivendo o velho Xavier, antes sob o amparo da
Vila Vicentina e das pessoas caridosas de minha terra. Depois foi muito
bem cuidado em nosso Asilo. Hoje está muito melhor entregue nas mãos
de Deus. Esta Crônica que segue é de 1966.
Xavier
mora numa casinha da Vila. Tem por esposa, a velha enrugada Nhana, para
ele, a criatura mais linda da face da terra. Você a conhece?
XAVIER
ignora os princípios de higiene, anda sujo com as roupas ensebadas. Tem
uma sanfona de 8 baixos. E que música ele tira do instrumento, meu
Deus! Sempre o mesmo estribilho: nheco-nheco, nheco-nheco...
Tem um pito de barro fedorento e sujo, como o dono. A medida que
cachimba, vai babando pelo canto direito da boca, sobre a barba amarela
e encardida.
Xavier, além de tudo, é epilético. Volta e meia tem seus
ataques e fica estrebuchando, com convulsões e perda brusca dos
sentidos.
Numa das vezes, alvoroçou a Vila:
__Xavié ta morrendo!...
Todo o mundo foi acudir. Puseram a vela na mão do homem e começaram
a rezar.
O acesso passou. Xavier abriu um olho. Enfiou a mão no bolso.
Tirou seu pito e o acendeu na vela que estava em sua própria mão,
chupando estaladamente boas baforadas, sob os olhares atônitos. |