H I S T Ó
R I A D E P E D R A L V A
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h o
Capítulo
6
JOSÉ GOULART
SANTIAGO BRUNN
- Era natural de
Santa Catarina, hoje Natércia. Começou a vida andando em
lombo de burro para fazer negócios junto com seu pai. Casou-se com
Mariquinha, filha do Cel Gaspar. Fixando residência neste município
tornou-se proprietário de muitas fazendas, entre elas Cubatão,
Furnas, Bela Vista. Ainda teve uma loja onde é hoje o estabelecimento
comercial do Joffre Mohallem. Ali fez sociedade com os sobrinhos Joaquim
Benedito de Paiva e Mário Goulart Santiago. Quando dissolvida a
sociedade, cada sócio saiu com a quantia fabulosa de mil contos
de réis. Os dois alqueires e meio, onde é hoje a Casa da
Criança e propriedade de Dona Josefina Monti pertenceu-lhe um dia.
Numa época de política ardorosamente quente, disputou por
vários anos com seu concunhado Pazito a hegemonia da administração
municipal. Havia dois partidos, os Aliados e os Alemães. Pazito
era dos aliados e José Goulart era dos Alemães. Havia duas
bandas de música, dois times de futebol, dois clubes recreativos
e eleitores inflamados. Embora adversários, José Goulart
criou e educou uma das filhas do Pazito. José Goulart tinha uma
conversa deliciosa, uma visão administrativa extraordinária
e uma perspicácia invejável. Dizia que ele enxergava muito
além de seu tempo. Tanto que, ao vender suas fazenda para a família
Monti, reservou para si a colheita da safra seguinte do café, ano
em que o preço atingiu o auge. Se rico já era, mais
rico ficou. José Goulart passava o inverno no Rio em sua bela mansão
em Santa Teresa. No verão voltava para Pedra Branca. Sua peregrinação
à Terra Santa, fato inusitada na época, ficou nos comentários
de todo o povo. Um homem muito elegante. Não dispensava o chapéu,
rodopiava a bengala na mão direita. Com passos firmes,
sempre se fazia acompanhar por dois cachorrinhos brancos peludinhos, fiéis
e inseparáveis. (Jornal O Centenário - Relato de José
de Rezende Carneiro - Setembro 91)
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