BERSEBA
Uma grande testemunha do Passado

Berseba foi o único lugar onde Deus se comunicou com cada um do três patriarcas, individualmente e em instantes diferentes. Apesar disto, a Berseba bíblica não correspondia à importância dos fatos nela ocorridos. O horizonte típico do lugar, no período patriarcal, era composto de planícies encrostradas, desfiladeiros, barrancos, touceiras de matagal, inverno raro e insconstante, e colinas estéreis.

Apesar do seu potencial para vida, a antiga Berseba estava na extremidade do deserto e da morte. Era, em suma, uma terra estéril e sedenta.

O arqueólogo Nelson Glueck, em seu livro "Rios no Deserto", descreveu "a língua grossa, a crosta salgada da saliva seca, o escamar e rachar de lábios inchados e os membros vagarosos, como que de chumbo, dos que passam sede prolongada no deserto".

Gêneses, até mais compacta e dramaticamente, descreveu essa terrivel situação quando Abraão expulsou a criada de Sara, Agar, e o seu filho Ismael, no deserto de Berseba. Quando a água findou, Agar deixou Ismael debaixo de um arbusto "e foi assentar-se em frente, afastando-se à distância de um tiro de arco; porque dizia: Que eu não veja morrer o menino". Ela conheceu a tortura que conduziria à morte próxima, por isto "levantou a sua voz, e chorou."

Uma subida ao topo da torre de observação, no centro do lugar, ajuda a compreender a história de Abraão. Ao nordeste, a orla meridional de maior dimensão das Colinas de Judéia se inclina para baixo, como o rabo de um dinossauro. Abraão atravessava regularmente aquela espinha pedregosa entre Berseba e Hebrom, como também a ponta norte mais distante. Para o leste, a planície de Berseba em suave aclive para Arad, antecedendo a descida para o Mar Morto e o Arava. Ao oeste, na direção da cidade moderna, a planície descortina-se para a costa e para os antigos portos de Gaza e Ashkelon.
Casa de Arad, típica habitação da região do deserto do Neguev, à época dos Patriarcas.

Abraão, em sua jornada de Betel (norte de Jerusalém) para o Egito, provavelmente caminhou para o sul ao longo da espinha de Judéia; após Hebrom, margeou o norte do Deserto do Negev ao longo da planície de Berseba, e chegou à rota principal, paralela à costa mediterrânea.

Semelhantemente, um grande fluxo de nômades, caravanas e populações migrantes que buscavam nova terra passavam por esse cruzamento, na época de Abraão. Eles borrificaram as planícies do norte do Negev e as extensas terras sulcadas do Negev central com pequenos assentamentos, onde armazenavam seus preciosos recursos, e construiam seus altos e altares.

A mesma Berseba emoldurou o que poderia ser a maior história de Gêneses e um dos acontecimentos mais revolucionários no que concerne à evolução da moralidade humana: o sacrifício de Isaque.

A ordem para matar seu filho desafiou a fé de Abraão e o resultado da história ensinou a Abraão que Deus não quer sacrifício de crianças, uma prática comum no antigo mundo semita.

Abraão começou a jornada de três dias da região de Berseba com Isaque e dois moços, em direção ao Monte Moriá - na tradição judaica, o Monte de Templo, em Jerusalém. Alguns estudiosos reivindicam que, pela lógica, ele foi para o outro lado, para o sul, penetrando mais profundamente no deserto de Negev. Em todo caso, Abraão e Isaque voltaram para casa em Berseba, onde o impacto moral e espiritual do irrevogável fato os transformou.

Foi em Berseba que Deus falou a Isaque (Gen. 27:24) em plena noite do deserto. Aqui também, Jacó enganou seu irmão e seu velho pai para ganhar uma bênção, e daqui ele saiu para Harã. Então, quando o Jacó já estava velho e reuniu-se a José, no Egito, Deus falou-lhe a seu modo em Berseba e lhe disse "não temas descer ao Egito, porque eu te farei ali uma grande nação." (Gen. 46:3).

O próprio lugar apresenta o traçado de uma cidade Israelita do início do Séc. X a.C., construída em níveis que datam de 4.000 anos antes da época de Abraão. Dessa forma, você pode estar em um Israel mais antigo ou mais recente, e ver as reconstruídas habitações de quatro quartos, típicas do período do Primeiro Templo. No recanto nordeste, pode ser visto (mas não se pode entrar) um precioso sistema de conexão de fontes de água, recentemente descoberto.

Fora do lugar, próximo à entrada do parque, está uma reprodução de um grande altar de quatro cantos (o original está em exibição no Museu de Israel, em Jerusalém). Construido em pedra esculpida, contrariando a lei bíblica, possivelmente fora parte de um culto renegado, condenado pelo profeta Amós e esmagado pelo Rei Ezequias (2 Reis 18:4).

Talvez você não queira fazer uma viagem especial para ver um local tão pequeno como Berseba. Mas se estiver na região e quizer parar para uma visita, será melhor trazer uma Bíblia; provavelmente, você sentirá sensação de sede e terá uma silenciosa e pensativa noite no deserto de céu estrelado.


Sobre Berseba, veja, ainda: [A Capital do Neguev | Principais atrações da Cidade]

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