Poesia de Albino
José Alves Filho, genro de BG
Serenata
(A S. Vianna)
Salta
do leito, formosa,
Abre a janela divina,
A voz escuta, chorosa,
Da minha lira que trina.
No
teu corpo de alabastro,
Flexível, divino, aéreo.
— Há
qualquer cousa de um astro
— Há
qualquer cousa de etéreo.
Pelas
manhãs azulinas
No lago, o cisne garboso
Não tem as formas divinas
Do teu corpo, esbelto, airoso.
Quando
ativas pelo espaço
O teu olhar, minha bela,
Julgo ver em estilhaço
Polipartir-se uma estrela...
Soltas
as tuas melenas
Ao galerno que suspira,
Prendem bem como gehenas
As trovas da minha lira
E
fico doido, perplexo...
E quero cantar, destoa
A lira canções sem nexo
Que me bóiam n’alma à toa...
Quando
falas — rumorejos —
Tu rolas da tua boca —
Raro dilúvio de beijos —
Que a mente me deixam louca
E
julgo mesmo que a ti
Tua beleza te assombra
— És
misto de colibri
De silfo, de anjo, de sombra .
Soledade de Itajubá, janeiro de 1890
(Publicada
em "A Verdade de 8 de maio de 1890)
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