16 de novembro de 2004
Desaba parte da
fachada do solar de BG. E ninguém nada faz
No
dia 6 de novembro de 2004, uma parte da fachada
do solar em Ouro Preto onde viveu e morreu o poeta e romancista Bernardo
Guimarães desabou, conforme relata o site www.ouropreto.com.br,
reproduzindo notícia do jornal "A Semana", daquela região. A
queda ocorreu numa manhã de sábado e não atingiu ninguém. Ao repórter Douglas
Couto, do jornal “A Semana”, o cabo Antônio Mendes, do Corpo de Bombeiro,
disse que a qualquer momento podem haver novos desabamentos. “O risco é grande,
porque a construção é antiga”, afirmou o policial.
Apesar disso, a Fundação de Arte de Ouro Preto
(Faop), que é responsável pelo patrimônio histórico da Ouro Preto, nada fará.
Dayse Lustosa, presidente da entidade, afirma que o Governo do Estado de Minas
não tem recursos para restaurar o solar.
O casarão fica na rua Alvarenga, 96, no Bairro das
Cabeças, parte alta de Ouro Preto. A foto acima, de Victor Godoy, foi tirada
alguns dias após o desabamento.
O imóvel está abandonado há muito tempo.
Em 28 de setembro de 1998, os editores deste site
enviaram à Fundação Roberto Marinho e-mail com o apelo para que o imóvel fosse
recuperado, de modo, se possível, abrigar um museu sobre Bernardo Guimarães.
“O casarão encontra-se em péssimo estado de
conservação — há, inclusive, risco de desabamento”, ressaltava o e-mail.
Resposta da fundação: “Agradecemos o interesse
pelo trabalho da Fundação Roberto Marinho. Informamos que seu e-mail foi
encaminhado à equipe responsável pelo Patrimônio, caso haja interesse eles
entrarão em contato”. Não houve interesse.
A família de Bernardo Guimarães tinha a
esperança de que a Fundação recuperasse o prédio, porque a entidade, além de
ter investido em vários projetos de preservação em Ouro Preto, está ligada à
Rede Globo, cuja gravação da “A Escrava Isaura”, de Bernardo Guimarães, lhe
deu muita audiência no Brasil e abriu as portas de centenas de países para as
suas telenovelas.
“Agora,
que o romance está sendo gravado pela Rede Record, a Fundação Marinho tem mais
um motivo para sustentar o seu o desinteresse pela recuperação do solar”,
afirma Paulo Roberto Lopes, editor deste site.
O solar foi construído em meados do século 18.
Nele, BG escreveu “O Índio
Afonso e Maurício” e “O Ermitão de Muquém”. Muitas
histórias ou lendas o cercam, como a de que a cabeça de Tiradentes, que sumiu
depois do esquartejamento do inconfidente, estaria ali enterrada.
A
reivindicação para que o imóvel seja recuperado também não é nova. Gastão
Penalva, num livro, escreve que “a
casa que foi de Bernardo Guimarães desaba a cada dia que amanhece, num sinistro
fragor de maldição". Esse livro foi
publicado em 1933.
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