Vida e Obra de Bernardo Guimarães
  poeta e romancista brasileiro [1825-1884 - biografia]

 
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Poesia de Albino José Alves Filho, genro de BG
D'Aprés Nature

Pelo azulino e claro firmamento
A meiga aurora, desabrocha,  rindo
    Há celeste harmonia foragindo
E um aroma sutil que traz o vento.

 Gracioso bando de garças vai sendindo [1]
Brancas de neve, o espaço, lento e lento...
Ativa e doce orquestra, num momento,
De aromas vão as flores espargindo.

Espelha-se num lago mornamente
Uma roseira, cândida, pendente...
Beija flor auriverde, está poisado

 No cálice de uma rosa purpurina
Leve murmúrio e música divina
Já vão chegando, além do descampado.

  
D' Aprés Nature

II

É o matutino alar do passaredo...
— É o bando das pombas matutinas
Que vão vibrando umas canções divinas
‘Té poisarem no próximo arvoredo.

 Agora o Sol com flechas diamantinas
Já vai ferindo  as flores do vargedo
Sugando o orvalho saltitante e ledo
Que brinca nas corolas das boninas.[2]

 Insetos, quais topázios voadores,
Gentis falenas ou aladas flores
Voltejam ao redor das prediletas

 Rosas, dálias, haurindo-as docemente...
E derramam no espaço puro e quente
Um trescalar de cravos, violetas...

  São Paulo, março de 1890
Publicado em
“A Verdade” de 12 de junho de 1890

  D' Aprés Nature
(Ao Frutuoso Ramos de Lima)  [3]

 III

Nuvioso o céu... A cada passo, frio..
Vento às lufadas grita sibilante...
Dentre as nuvens rápido e fugidio
Fuzil ziguezagueia... instante a instante...

 Solta no descampado tredo[4] frio
Dos nichos, legião notivagante
    Da selva os animais em desvario
Correm depressa à furna mais distante

 Atroa medonho o céu... Medonhamente...
Nos peitos cala-se um terror ingente
Ficando o homem taciturno e quieto

 Entanto o poeta ao ver na natureza
Medonha luta horrivelmente a cega...
Naturalmente escreve esse soneto.

  Publicado em “A Verdade” de 17 de outubro de 1891

  D' Aprés Nature

 IV

  Purúrinam-se as bandas do levante
Saúda o dia a  passarada leda...
Evola-se da mata o penetrante
Aroma agreste que  nos embebeda

 Já se despenha ao longe sussurrante
A catadupa que de queda em queda
Vai ser tragada pelo abismo hiante [5]
Esperneante de raiva, louca e treda.

 O Sol, além das serras vai surgindo
Os lourejantes raios espargindo
Por toda a parte, num carinho brando.

 Penetram chispas d’ouro a sonolenta
Bruma, então este quadro se apresenta:
Vários íris aos poucos arqueando.

  Publicado em “A Verdade” De 17 de outubro de 1896


[1] N.E. - “Sendindo” – Parece que o poeta criou como neologismo  o verbo  sendir , derivado de senda: caminho  atalho, vereda, sendeiro (A transcrição da poesia foi feita de um texto manuscrito)

[2] Bonina

Datação
1517 cf. GVicBarc
Acepções
■ substantivo feminino
Rubrica: angiospermas.
1 m.q. bela-margarida (Bellis perennis)
2 m.q. maravilha (Mirabilis jalapa)
3 m.q. calêndula (Calendula officinalis)

[3] N.E. Frutuoso Ramos de Lima foi músico

[4] NE. Tredo

Datação
sXV cf. FichIVPM
Acepções
■ adjetivo
1 que trai a confiança de outrem; traidor, traiçoeiro
2 que age com falsidade em relação a alguém, a uma obrigação, a um dever; fingido, insincero
3 que revela traição

[5] N E. O poeta aplicou aqui um vocábulo relativamente novo para a época: hiante.

Hiante

Datação
1817-1819 cf. EliComp
Acepções
■ adjetivo de dois gêneros
Uso: formal.
1 com fenda ou buraco muito grandes
2 Derivação: sentido figurado.
com muita fome; faminto, esfomeado
Etimologia
lat. hians,antis 'que tem a boca aberta; boquiaberto; aberto, fundido, rachado; ávido', part.pres. do v.lat. hìo,as,áví,átum,áre 'abrir a boca; fender-se, rachar-se; desejar'; ver hiat-

 

 

 

 

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