CONHECENDO JESUS

 

 

 

Jesus nas Escrituras

A Divindade de Jesus

A Encarnação do Verbo

O Único Salvador

Existência de Jesus

A pessoa de Jesus

A morte de Jesus

 

                                                   

JESUS NAS ESCRITURAS

"Para que se cumpram as Escrituras até o fim" (Jo 19,28; 15, 25). 
As Sagradas Escrituras anunciavam o Messias com muitos detalhes; e Jesus chamou a atenção para isto. Jo 5, 39 – "As Escrituras dão testemunho de mim". E foram os próprios judeus os guardas dos livros proféticos (séc XV a V aC), mas infelizmente não souberam reconhecer o Messias quando ele chegou... Com os discípulos de Emaús, o Senhor fez questão de enfatizar que as Escrituras falavam dele: 
"E, começando por Moisés, percorrendo todos os profetas, explicava-llhes o que dele se achava dito em todas as escrituras" (Lc24,27). "Antes de tudo, sabei que nenhuma palavra da Escritura é de interpretação pessoal. Porque jamais uma palavra foi proferida por efeito de uma vontade humana. Homens inspirados pelo Espírito Santo falaram da parte de Deus" (2 Pe 1,20-21). 
Vamos mostrar resumidamente algumas passagens importantes que apontam para o Messias, indicando as suas características: Gen 17, 6s; 22, 18; 26,4 - Ele virá de Abraão: "Tornar-te-ei extremamente fecundo, farei nascer de ti nações e terás reis por descendentes". Gen 26,4: virá de Isaac: "Multiplicarei tua posteridade como as estrelas do céu..." Gen 28,14: virá de Jacó: "Tua posteridade será tão numerosa como os grãos de poeira no solo..." Gen 49,8s: Virá da tribo de Judá: "Judá, teus irmãos te louvarão. .. Os filhos de teu pai te prostrarão em tua presença. Não se apartará o cetro de Judá..." (Benção de Jacó). Dt 18,15 - "O Senhor, teu Deus, suscitará dentre os teus irmãos um profeta como eu: é a ele que deveis servir". 
II Sam 7, 16 - "Tua casa e teu reino estão estabelecidos para sempre diante de mim, e o teu trono está firme para sempre". Lc 1,69 - "Suscitou-nos um poderoso Salvador na casa de Davi, seu servo (como havia anunciado, desde os primeiros tempos, mediante os seus santos profetas). Ag 2,7 - O Messias penetrará no Templo novo: "O explendor desta casa sobrepujará o da primeira". Is 7,14 - "Eis que a Virgem conceberá e dará a luz...Deus conosco"(Mt 1,23) Mq 5,1s - Nascerá em Belém: "Mas tu, Belém, tão pequena entre os clãs de Judá, é de ti que sairá para mim aquele que é chamado a governar Israel" (Mt 2,6). Os 11,1 - Voltaria do Egito: "E do Egito chamei meu Filho"(Mt 2,15). Jer 31,15 - "Ouve-se em Ramá uma voz, lamentos e amargos soluços. É Raquel que chora os filhos..."(Mt 2,8) Is 40,3 - Ml 3,1 -A voz do deserto: "Abri no deserto um caminho para ao Senhor..."(Mt 3,3) Sl 2,1 - "Por que tumultuam as nações? ...E os príncipes se unem para conspirar contra o Senhor e contra o seu Cristo".(At 4,26) Is 42 - A descrição do Servo: "Eis meu Servo que eu amparo, meu eleito ao qual dou toda a minha afeição, faço repousar sobre ele o meu espírito... Para abrir os olhos aos cegos, para tirar dos cárceres os prisioneiros e da prisão aqueles que vivem nas trevas"(Mt 12,18) Is 9,1 - Pregaria na Galiléia - "A terra de Zabulon e de Neftali... a Galiléia dos gentios, este povo que jazia nas trevas viu uma grande luz..."(Mt 4,15) 
Is 61,1s - "O Espírito do Senhor está sobre mim..."(Lc 4,14)
Jer7,11 - Zelo pela casa do Senhor - "Está escrito: A minha casa é casa de oração; vós a transformastes em covil de ladrões"(Mt 21,12) 
Sl 77,2 - Usaria de parábolas – "Abrirei a boca para ensinar em parábolas, revelarei coisas ocultas desde a criação" . (Mt13,14) 
Zac 9,9 - Montado no jumentinho ."Não temas, filha de Sião, eis que vem o teu Rei montado num filho de jumenta"(Jo 12,15)
Sl 40,10 – Seria traído por alguém íntimo - "Aquele que come o pão comigo, levantou contra mim o seu calcanhar"(Jo13,18)
Zac 11,12 - Seria vendido por 30 moedas: "Eles pagaram-me apenas trinta moedas de prata...(Mt 27,9) 
Is 53,3s – Sofreria terrivelmente - "Homem das dores..., experimentado no sofrimento..., tomou sobre si nossas enfermidades..., carregou nossos sofrimentos..., castigado por nossos crimes, e esmagado por nossas iniquidades, o castigo que nos salva pesou sobre ele, fomos curados graças às suas chagas...., foi maltratado e não abriu a boca..., como um cordeiro que se conduz ao matadouro..., por um iníquuo julgamento foi arrebatado..., quem pensou em defender a sua causa..., morto pelo pecado do seu povo..., foi lhe dada sepultura ao lado de fascínoras..., ao morrer achava-se entre malfeitores..., se bem que não haja cometido injustiça alguma..." (Mc15,28) 
Is 50,6 – Sofreria pacientemente - "Aos que me feriam apresentei as espáduas, e as faces àqueles que me arrancavam a barba; não desviei o rosto dos ultrajes e dos escarros." 
Sl 21, 19 – Detalhes do seu sofrimento - "Meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes?...(Mt 27,35). Todos os que me veêm zombam de mim... Dizem, meneando a cabeça: "Esperou no Senhor, pois que Ele o livre, que o salve se o ama..." Minha garganta está seca qual barro cozido, pega-se no paladar a minha língua.... Cerca-me um bando de malfeitores... Transpassaram minhas mãos e meus pés...
Poderia contar todos os meus ossos. Repartem entre si as minhas vestes, e lançam sorte sobre a minha túnica". 
Ex 12,46 – "Nenhum osso será quebrado".(Jo19,36) Sl 68,22 - "Puseram fel no meu alimento, na minha sede deram-me vinagre a beber". Zac12,10 - "Olharão para aquele que transpassaram"(Jo 19,36) 
Zac 13,7 - "Fere o pastor e as ovelhas serão dispersas". (Mt 26,21) Sl 117,22 - "A pedra rejeitada pelos construtores, tornou-se a pedra angular; isto é obra do Senhor" (Mt21,42).
Sl 109,1 - Ascensão - "O Senhor disse a meu Senhor: Senta-te à minha direita até que eu ponha os teus inimigos por escabelo dos teus pés"(At 2,35). 
Sl 15,8-11 - Ressurreição - "A minha carne repousará na esperança. Não deixarás a minha alma na região dos mortos, nem permitirás que o teu santo conheça a corrupção" (At 2,27) Tudo se cumpriu com rigorosa exatidão histórica. Tudo o que foi predito pelos profetas e pelas Escrituras se cumpriu rigorosamente com Jesus. "É preciso que se cumpram as Escrituras até o fim "(Jo 19,28).

1- Tudo o que foi predito e realizado na vida de Jesus jamais poderia ser fruto da imaginação humana. 
2- As predições dos profetas foram contra a sua vontade e contra o sentir dos judeus, que jamais esperavam um Messias "homem das dores".
3- Não há sentimentalismo nas Escrituras e nas previsões exatas dos profetas.
4- Quem de nós será capaz de fazer previsões? Em que dia vai chover; quando e onde haverá terremotos, mortes, catástrofes, etc. Mesmo com a mais avançada técnica moderna, dotada de computadores, radares e satélites, sismógrafos e coisas semelhantes, somos surpreendidos pelas surprezas da natureza. O que dizer dos profetas que fizeram previsões sobre a vida de Jesus, com até 700 anos de antecedência? Quem de nós será capaz de dizer o que vai acontecer amanhã na vida de alguém? 
Jo 5, 39 – "As Escrituras dão testemunho de mim." Cumpriu-se aquilo que Felipe disse a Natanael: 
Jo1,45s - "Encontramos Aquele de quem Moisés escreveu na Lei e que os profetas anunciaram: é Jesus de Nazaré, filho de José".
Jesus afirmou ser Deus
Jo 8,58 – "Em verdade vos digo, antes que Abraão existisse Eu Sou" Jo 8,56 – " Abraão, vosso Pai, exultou com o pensamento de ver o meu dia." Jo 10,36-38 - "... como acusais de blasfemo aquele que o Pai santificou e enviou ao mundo, porque eu disse: Eu sou o Filho de Deus? Se eu não faço as obras de meu Pai, não me creais. Mas se as faço, e se não quiserdes crer em mim, crede nas minhas obras, para que saibais e reconheçais que o Pai está em mim e eu no Pai."
Jo 10,33 - " Os judeus responderam: Não é por causa de alguma boa obra que queremos apedrejar-te, mas por uma blafêmia, porque, sendo homem, te fazes Deus." 
Jo 5,18: "Por esta razão os judeus, com maior ardor, procuram tirar-lhe a vida, porque não somente violava o repouso do sábado, mas afirmava ainda que Deus era seu Pai e se fazia igual a Deus." 
Jo 19,7 - "Responderam-lhe[a Pilatos] os judeus: nós temos uma lei, e segundo essa lei ele deve morrer, porque se declarou filho de Deus." 
Mc 14,61 - "O sumo sacerdote tornou a perguntar-lhe: És tu o Cristo, o Filho do Deus bendito?"Jesus respondeu: eu o sou!"
Jo 8,12 - "Eu sou a luz do mundo; aquele que me segue não andará nas trevas, mas terá a luz da vida".
Jo 9,5 - "Eu sou a luz do mundo..."
Jo 9,36 - "Crês no Filho do Homem? - Quem é ele, Senhor, para que eu creia nele? - Disse-lhe Jesus: "Tu o vês, é o mesmo que fala contigo". - Creio Senhor, disse ele, e prostrando-se adorou-o".
Mt 21,9 - "Hosana ao Filho de Davi. Bendito o que vem em nome do Senhor!..."
Jo 4,25ss – "Respondeu a mulher: sei que deve vir o Messias (que se chama Cristo) ... Disse-lhe Jesus: "Sou eu, quem fala contigo"." Mt 16, 13-20 - "Tu és o Messias, o Filho de Deus vivo!...- Feliz és tu Simão..." Mt 5, 21-48 - "Eu, porém, vos digo..." Mt 9,2-7 - "Os teus pecados estão perdoados..." Mc 2, 27s – "O sábado é o dia do Senhor. E Jesus é o Senhor do dia do Senhor". Mt 16,25 – "Quem perde a vida por minha causa, ganhá-la-á". Mt 5, 12 –" Felizes os que sofrem perseguição por minha causa." Jesus fez exigências enormes que só Deus poderia ter feito Lc 9, 23 - "Se alguém quer vir após mim, renegue-se a si mesmo, tome cada dia sua cruz, e siga-me..." Lc 14,25 – "Se alguém vem a mim e não odeia seu pai, sua mãe, sua mulher, seus filhos, seus irmãos, suas irmãs, sim, até a sua própria vida, não pode ser meu discípulo". Conclusão: Ou Jesus era Deus, como disse que é; ou então, foi um grande mentiroso e farsante. Mas, os inimigos da Igreja (os racinalistas) afirmaram que Jesus foi a mais bela criatura que já passou pela terra; portanto, não foi um farsante ou mentiroso; então, é Deus, como afirmou ser. Adoremos o Senhor! 

Topo

A DIVINDADE DE JESUS

Os Evangelhos atestam a divindade de Jesus.
A Igreja, depois de examinar todas as coisas, com todo o rigor que lhe é peculiar, não tem dúvida de nos apresentar os Evangelhos como rigorosamente históricos. A Constituição apostólica Dei Verbum, do Vaticano II, diz: "A santa Mãe Igreja, segundo a fé apostólica, tem como sagrados e canônicos os livros completos tanto do Antigo como do Novo Testamento, com todas as suas partes, porque, escritos sob a inspiração do Espírito Santo, eles têm Deus como Autor e nesta sua qualidade foram confiados à Igreja" (DV,11).
O Catecismo da Igreja afirma com toda a segurança:
"A Igreja defende firmemente que os quatro Evangelhos, cuja historicidade afirma sem exitação, transmitem fielmente aquilo que Jesus, Filho de Deus, ao viver entre os homens, realmente fez e ensinou para a eterna salvação deles, até ao dia que foi elevado" (n° 126).
Jesus impressionava as multidões por ser Deus, "ensinava como quem tinha autoridade e não como os escribas" (Mt. 7,29). 
Ele provou ser Deus; isto é, Senhor de tudo, onipotente, oniciente, onipresente: andou sobre as águas sem afundar (Mt 14,26), multiplicou os pães (Mt 15,36), curou leprosos (Mt 8,3), dominou a tempestade (Mt 8,26), expulsou os demônios (Mt. 8,32), curou os paralíticos (Mt 8,6), ressuscitou a filha de Jairo (Mt 9,25), o filho da viúva de Naim, chamou Lázaro do túmulo, já em estado de putrefação (Jo11, 43-44), transfigurou-se diante de Pedro, Tiago e João, no Monte Tabor (Mt 17,2) e ressuscitou triunfante dos mortos (Mt 28,6)... 
Os Evangelhos narram 37 grandes milagres de Jesus, sem contar os que não foram escritos. Provou que era Deus!
Só Deus pode fazer essas obras! É por isso que São Paulo disse que:
"Nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade" (Col 2,9).
"Ele é a imagem do Deus invisível" (Col 1,15).
S.Pedro diz, como testemunha:
"Vimos a sua majestade com nossos próprios olhos" (2 Pe 1,16).
Alguém poderia perguntar, mas quem pode provar a autenticidade dos Evangelhos? 
Pois bem, a crítica Racionalista dos últimos séculos empreendeu com grande ardor o estudo crítico dos Evangelhos, com a sede maldosa de destruí-los. A que conclusão chegaram esses racionalistas materialistas que empreenderam, com o mais profundo rigor da Ciência, cujo deus era a Razão, a análise sobre a autenticidade histórica dos Evangelhos?
Empregando os "métodos das citações", "das traduções", "o método polêmico", e outros, tentando desmascarar a "farsa" dos Evangelhos, chegaram à conclusão exatamente oposta a seus desejos e, por coerência científica, tiveram que afirmar como Renan, racionalista da França, na sua obra Vie de Jesus:
"Em suma, admito como autênticos os quatro Evangelhos canônicos".
Harnack, racionalista alemão, foi obrigado a afirmar: 
"O caráter absolutamente único dos Evangelhos é, hoje em dia, universalmente reconhecido pela crítica" (Jesus Cristo é Deus ? José Antonio de Laburu, ed. Loyola, pág. 55).
Streeter, grande crítico inglês afirmou que: 
"Os Evangelhos são, pela análise crítica, os que detém a mais privilegiada posição que existe"( idem).
Os mais exigentes críticos do século XIX, Hort e Westcott, foram obrigados a afirmar: 
"As sete oitavas partes do conteúdo verbal do Novo Testamento não admitem dúvida alguma. A última parte consiste, preliminarmente, em modificações na ordem das palavras ou em variantes sem significação. De fato, as variantes que atingem a substância do texto são tão poucas, que podem ser avaliadas em menos da milésima parte do texto" (idem pág. 56).
Finalmente os racionalistas tiveram que reconhecer a veracidade histórica, científica, dos Evangelhos: 
"Trabalhamos 50 anos febrilmente para extrair pedras da cantaria que sirvam de pedestal à Igreja Católica?" (ibidem).
Enfim, os inimigos da fé, quiseram destruir os Evangelhos, e acabaram reconhecendo-os como os Livros mais autênticos, segundo a própria crítica racionalista.
Santa Teresinha, doutora da Igreja, dizia:
" É acima de tudo o Evangelho que me ocupa durante as minhas orações; nele encontro tudo que me é necessário para a minha pobre alma. Descubro nele sempre novas luzes, sentidos escondidos e misteriosos". 

Topo

A ENCARNAÇÃO DO VERBO

São Gregório de Nissa (†394):
"Doente, a nossa natureza precisava ser curada; decaída, ser reerguida; morta, ser ressuscitada. Havíamos perdido a posse do bem, era preciso no-la restituir. Enclausurados nas trevas, era preciso trazer-nos à luz; cativos, esperávamos um salvador; prisioneiros, um socorro; escravos, um libertador. Essas razões eram sem importância? Não eram tais que comoveriam a Deus ao ponto de fazê-lo descer até à nossa natureza humana para visitá-la, uma vez que a humanidade se encontrava em um estado tão miserável e tão infeliz?" (Or. Catech. 15). 

Santo Ireneu (140-202):
"Pois esta é a razão pela qual o Verbo se fez homem, e o Filho de Deus, filho do homem: é para que o homem, entrando em comunhão com o Verbo e recebendo assim a filiação divina, se torne filho de Deus". (Adv. Haer. 3,19,1) "Quando Ele se encarnou e se fez homem, recapitulou em si mesmo a longa história dos homens e, em resumo, nos proporcionou a salvação, de sorte que aquilo que havíamos perdido em Adão, isto é, sermos à imagem e à semelhança de Deus, o recuperemos em Cristo Jesus... É aliás, por isso que Cristo passou por todas as idades da vida, restituindo com isto a todos os homens a comunhão com Deus" (Adv. Haer. 3,18,1.7 - 2,22,4)

Topo

O ÚNICO SALVADOR

O que diferencia o Cristianismo das demais religiões é a salvação eterna de cada pessoa, conquistada pela Encarnação, Paixão, Morte e Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo. Isto é o "essencial "; aquilo que os Apóstolos pregavam com todo ardor: Cristo morto e ressuscitado, a nossa salvação!
São Pedro, em Jerusalém, deixa bem claro aos judeus: 
"Em nenhum outro há salvação, porque debaixo do céu nenhum outro nome foi dado aos homens, pelo qual devemos ser salvos" (At 4,12). Essa palavra do príncipe dos Apóstolos é precisa ser repetida hoje em todos os lugares, para que ninguém seja enganado: 
"Em nenhum outro há salvação".
Jesus é o único Salvador, pois "nenhum outro nome foi dado aos homens pelo qual devemos ser salvos". O mesmo São Pedro explica-nos que essa salvação eterna foi conquistada "não por bens perecíveis, como a prata e o ouro... mas pelo precioso sangue de Cristo, o Cordeiro imolado" ( I Pe 1,18). "Carregou os nossos pecados em Seu corpo sobre o madeiro, para que, mortos aos nossos pecados, vivamos para a justiça. Por fim, por suas chagas fomos curados" (1 Pe 2,24). 
A salvação que Cristo nos conquistou, custou o preço da sua vida divina e humana. Era necessário um sacrifício de valor infinito para reparar a ofensa infinita que o pecado provoca contra a Majestade (infinita) de Deus. Foi preciso a oferta, a oblação, de uma vida divina (mas também humana) para satisfazer a justiça divina. O pecado fere a majestade infinita de Deus, e só pode ser reparado pelo sacrifício da vida do próprio Deus.
Cristo Jesus, nosso Senhor e Salvador, não teve dúvidas em oferecer ao Pai o sacrifício teândrico (humano-divino) de sua Pessoa, para resgatar todos aqueles que pela sua Encarnação fez seus irmãos. É a maior prova de amor que já existiu. Esta verdade levou São Paulo a exclamar, quando escreveu aos romanos: 
"Eis uma prova maravilhosa do amor de Deus para conosco: quando ainda éramos pecadores Cristo morreu por nós" (Rom 5,8).
É pela fé no sangue do Senhor que somos justificados perante Deus Pai, para vivermos uma vida nova, aqui e na eternidade. A nossa conta com a justiça foi paga por Jesus.
"Se confessares bem alto com tua boca que Jesus é o Senhor, e se creres em teu coração que Deus o ressuscitou entre os mortos, serás salvo. Porque é crendo com o coração que se obtém a justiça, e é professando com palavras que se chega à salvação" (Rom 10,9-10). 
O Senhor quis que a salvação chegasse até nós pela sua Santa Igreja Católica, o seu Corpo Místico, "Sacramento universal da salvação da humanidade". Ao se despedir dos discípulos, antes da sua Ascensão ao céu, Jesus colocou as condições para a salvação:"Quem crer e for batizado será salvo, quem não crer será condenado"( Mc 16,16).
Apesar de toda essa prova extraordinária do amor de Deus por nós, muitos batizados renegam essa fé e vão buscar a salvação onde ela não existe. Abandonando o verdadeiro e único Salvador, e a verdadeira e única Igreja, vão buscar refúgio espiritual em tudo que é abominável a Deus, como nos ensina a Bíblia: "adivinhação, astrologia, agouros, feiticismo, magia, espiritismo, superstições, evocação dos mortos" (Deut 18,10-13). A essa lista do Deuteronômio podemos acrescentar hoje uma série de outras práticas que negam a salvação pela morte e Ressurreição de Jesus, e a trocam por uma série de outras práticas esotéricas: horóscopos, necromancia, quiromancia, búzios, pirâmides, cristais, tarô, superstições, crenças em gnomos, duendes, mapa astral, numerologia, Nova Era, etc...
Isto nega a fé cristã, ofende a Deus, é culto idolátrico. O cristão que faz uso dessas práticas trai a sua fé, abandona Jesus Cristo, despreza a sua santa Cruz, as suas santas chagas, os seus méritos e o seu imenso amor por nós. É verdade que muitos o fazem por ignorância...Mas já é hora de acordar desse sono de morte!
A palavra de Deus nos adverte severamente de que tudo isto causa uma contaminação espiritual perigosa. 
"Não vos dirijais aos espíritas nem aos adivinhos: não os consulteis para que não sejais contaminados por eles"(Lev19,31).
Essa contaminação consiste numa certa influência que o Tentador exerce sobre a pessoa que vai buscar conhecimento, poder, etc, "fora" de Deus e contra as suas Leis. Eis o que diz a Palavra de Deus, muito claramente:
"Se alguém se dirigir aos espíritas ou aos adivinhos para fornicar com eles, voltarei o meu rosto contra esse homem..." (Lev 20,6). 
São palavras severas do Senhor sobre esta questão. 
Só há uma salvação e um único salvador: Jesus Cristo! Só há uma Igreja, a qual Jesus incumbiu de levar a salvação, através dos sete Sacramentos, a Igreja Católica. "Fora da Igreja não há salvação", nos ensina o Catecismo da Igreja ; isto é, "toda salvação vem de Cristo-Cabeça através da Igreja que é o seu Corpo" (846). Aqueles que, conscientemente rejeitarem a Igreja, rejeitarão também a salvação. São Paulo alertou os coríntios:
"As coisas que os pagãos sacrificam, sacrificam-nas aos demônios e não a Deus. Não quero que tenhais comunhão com os demônios. Não podeis beber ao mesmo tempo o cálice do Senhor e o cálice dos demônios" (1 Cor 10,20-22).
Todo culto prestado a qualquer Entidade, que não seja Deus, quem o recebe é o demônio e, aquele que presta esse culto faz comunhão com ele. Aí está o perigo das práticas esotéricas e supersticiosas.
São Paulo chama a Igreja de "Casa de Deus" e diz que ela é "a coluna e o sustentáculo da verdade" (1Tm3,15).
Falando a seu discípulo e bispo S.Timóteo, ele diz que: 
"Deus quer que todos se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade"(1Tm2,4).
É importante notar que o Apóstolo relaciona diretamente a salvação com o "conhecimento da verdade". Essa verdade, Jesus confiou à sua Igreja, para que levasse a todos os homens de todos os tempos e de todos os lugares.
"Quem vos ouve, a Mim ouve, quem vos rejeita, a Mim rejeita; e quem Me rejeita, rejeita aquele que Me enviou" (Lc10,16).
Só a eles o Senhor confiou o encargo de ensinar, sem erro, com a assistência do Espírito Santo:"Ide pelo mundo inteiro, pregai o Evangelho a todas as nações, ensinando-as a observar tudo o que eu prescrevi"(Mt28,18).

Topo

JESUS CRISTO EXISTIU MESMO? 

A nossa fé está toda ela centrada em Jesus Cristo, o Filho único e bendito do Pai, testemunhado pelos apóstolos e por muitos. No entanto, aqueles que não crêem nisto, às vezes querem negar até a existência histórica de Jesus, como se Ele tivesse sido apenas um mito. Mas hoje em dia esta tese já quase não tem mais adeptos, em face das evidências históricas e científicas. Há documentos cristãos e não cristãos (romanos e judeus) que falam de Jesus. Os cristãos já os conhecemos bem: os Evangelhos, as Cartas do Apóstolos, os escritos dos Santos Padres, etc.. 
Documentos romanos:
Entre os anos 110 e 120 três escritores romanos, não cristãos, deixaram o seu testemunho sobre Jesus. São documentos com menos de cem anos após a morte de Cristo, e informam com exatidão sobre o lugar e a época em que Jesus viveu. Consideram Jesus como um personagem histórico, e não como um mito.
1. O mais importante é o de Tácito que escreveu por volta do ano 116, falando do incêndio de Roma que aconteceu no ano 64. Tácito apresenta uma notícia exata sobre Jesus, embora curta. "Um boato acabrunhador atribuía a Nero a ordem de pôr fogo na cidade. Então, para cortar o mal pela raiz, Nero imaginou culpados e entregou às torturas mais horríveis esses homens detestados pelas suas façanhas, que o povo apelidava de cristãos. Este nome vêm-lhes de Cristo, que, sob o reinado de Tibério, foi condenado ao suplício pelo procurador Pôncio Pilatos. Esta seita perniciosa, reprimida a princípio, expandiu-se de novo, não somente na Judéia, onde tinha a sua origem, mas na própria cidade de Roma"(AnaisXV, 44). 
2. Plínio o Jovem, Governador romano da Bitínia (Asia Menor), escreveu ao imperador Trajano, em 112: "...os cristãos estavam habituados a se reunir em dia determinado, antes do nascer do sol, e cantar um cântico a Cristo, que eles tinham como Deus" (Epístolas, I.X 96) 
3. Suetônio, no ano 120, referindo-se ao reinado do imperador romano Cláudio (41-54), afirma que este "expulsou de Roma os judeus, que, sob o impulso de Chrestós (forma grega equivalente a Christós), se haviam tornado causa frequente de tumultos" (Vita Claudii, XXV). Esta informação coincide com o relato de Atos 18,2 ("Cláudio decretou que todos os judeus saíssem de Roma"); esta expulsão ocorre por volta do ano49/50. Suetônio, mal informado, julgava que Cristo estivesse em Roma, provocando as desordens. Os judeus foram expulsos de Roma por outros motivos.
Documentos Judaicos:
1. O Talmud dos judeus apresentam passagens referentes a Jesus. Talmud é uma coletânea de leis e comentários históricos dos rabinos judeus posteriores a Jesus. A importância destes documentos está em que, embora eles se opunham a Jesus, não negam a sua existência, embora procurem interpretar a tradição cristã de maneira a ridicularizá-la. É claro que eles não teriam a preocupação de combater um personagem que fosse apenas um mito. Tratado Sanhedrin 43a do Talmud da Babilônia: "Na véspera da Páscoa suspenderam a uma haste Jesus de Nazaré. Durante quarenta dias um arauto, à frente dele, clamava: "Merece ser lapidado, porque exerceu a magia, seduziu Israel e o levou à rebelião. Quem tiver algo para o justificar venha proferí-lo!" Nada, porém se encontrou que o justificasse; então suspenderam-no à haste na véspera da Páscoa." Aqui os próprios judeus dão um testemunho claro da morte de Jesus por crucifixão, embora distorçam os fatos, procurando ridicularizar o Cristo, em quem não acreditavam. 
2. Flávio Josefo (historiador judeu, 37-95):
"Por essa época apareceu Jesus, homem sábio, se é que há lugar para o chamarmos homem. Porque Ele realizou coisas maravilhosas, foi o mestre daqueles que recebem com júbilo a verdade, e arrastou muitos judeus e gregos. Ele era o Cristo. Por denúncia dos príncipes da nossa nação, Pilatos condenou-o ao suplício da Cruz, mas os seus fiéis não renunciaram ao amor por Ele, porque ao terceiro dia ele lhes apareceu ressuscitado, como o anunciaram os divinos profetas juntamente com mil outros prodígios a seu respeito. Ainda hoje subsiste o grupo que, por sua causa, recebeu o nome de cristãos"(Antiguidades Judaicas, XVIII, 63a). Alguns críticos põem em dúvida; alguns acham que os louvores a Cristo feito por Flávio José, foram colocados pelos cristãos; no entanto, é certo de que o escritor judeu atesta a sua convicção de que Jesus foi um personagem histórico.
Documentos Cristãos:
Os Evangelhos narram detalhes históricos, geográficos, políticos e religiosos da Palestina. São Lucas, que não era apóstolo e nem judeu, fala dos imperadores Cesar Augusto, Tibério; cita os governadores da Palestina: Pôncio Pilatos, Herodes, Filipe, Lisânias, Anás e Caifás (Lc 2,1;3,1s); São Mateus e São Marcos falam dos partidos políticos dos fariseus, herodianos, saduceus (Mt 22,23; Mc 3,6); São João cita detalhes do Templo: a piscina de Betesda (Jo 5,2), o Lithóstrotos ou Gábala (Jo 19, 13), e muitas outras coisas reais. Os apóstolos e os evangelistas não podiam mentir, pois viviam e pregavam num ambiente hostil, tanto por parte dos judeus quanto por parte dos romanos, e a mínima mentira deles seria prontamente denunciada pelos adversários. Os apóstolos e evangelistas nunca teriam inventado um Messias do tipo de Jesus: Deus-homem, crucificado (escândalo para os judeus e loucura para os gregos - 1Cor1,23). Os relatos dos Evangelhos mostram um Jesus bem diferente do modelo do Messias "libertador político"que os judeus aguardavam. Além do mais, homens rudes da Galiléia não teriam condições de forjar um Jesus tão sábio, santo, inteligente, desconcertante... Os milagres que Jesus fez – cerca de 40 – que os evangelistas narraram (24Mt; 22Mc; 24Lc; 9Jo) jamais poderiam ter sido inventados pela mente dos cristãos. Sem eles, aquele povo não teria o entusiasmo de seguir Jesus, mesmo após a sua morte na cruz. A doutrina que Jesus pregava era de díficil vivência ("entrai pela porta estreita", "amai os vossos inimigos", condenava o divórcio tão comum entre os judeus, etc.) e não era adequada a gerar entusiasmos. O escritor romano Tácito, falava do cristianismo como "desoladora superstição", e Minúcio Felix, falava de doutrina indigna dos gregos e romanos.
Sem a realidade dos milagres, e de modo especial a Ressurreição, o Cristianismo não teria vingado na Palestina e teria sido aniquilado pelos doutores da lei. Sem a Ressurreição de Jesus, o milagre decisivo, o Cristianismo estaria baseado na falsidade de um crucificado, doente mental, ou farsante...e na alucinação de alguns rudes pescadores da Galilëia. Mas não, tudo foi verdade!
Isto mostra a veracidade de tudo o que os Evangelhos narram. É preciso lembrar ainda que o zelo da Igreja pela verdade dos fatos, fez com que ela rejeitasse como não autênticos muitos textos apócrifos, por serem cheios de fantasias e maravilhas não comprovadas. Será que poderia um mito ter vencido o Império Romano? 
Será que um mito poderia sustentar os cristãos diante de 250 anos de martírios e perseguições? O escritor cristão Tertuliano (†220), de Cartago, escriveu que "o sangue dos mártires era semente de novos cristãos". 
Será que um mito poderia provocar tantas conversões ao Cristianismo? No século III já haviam cerca de 1500 sedes episcopais em toda a Igreja.
Será que um mito poderia sustentar uma Igreja, que começou cm doze homens simples, e que já tem 2000 anos; já teve 264 Papas, tem hoje mais de 4000 bispos e 410 mil sacerdotes?

Topo

A PESSOA DE JESUS CRISTO

Concílio Ecumênico de Calcedônia (451):
" Na linha dos Santos Padres, ensinamos unanimemente a confessar um só e mesmo Filho, Nosso Senhor Jesus Cristo, o mesmo perfeito em divindade e perfeito em humanidade, o mesmo verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem, composto de uma alma racional e de um corpo, consubstancial ao Pai segundo a divindade, consubstancial a nós segundo a humanidade, ‘semelhante a nós em tudo, com exceção do pecado’ (Hb 4, 15); gerado do Pai antes de todos os séculos segundo a divindade, e nesses últimos dias, para nós e para a nossa salvação, nascido da Virgem Maria, Mãe de Deus, segundo a humanidade.
"Um só e mesmo Cristo, Senhor, Filho Único, que devemos reconhecer em duas naturezas, sem confusão, sem mudanças, sem divisão, sem separação. A diferença de naturezas não é de modo algum suprimida pela sua união, mas antes as propriedades de cada uma são salvaguardadas e reunidas em uma só pessoa e uma só hipóstase" (DS 301-302).
São Leão Magno (400-461) - a Flaviano:
Da Carta a Flaviano, patriarca de Constantinopla; redigida em 449 por S. Leão, Papa, onde expôs a doutrina cristológica das duas naturezas em Cristo, numa única pessoa divina. Esta bela e importante Carta lida no Concílio de Calcedônia (451), contra a heresia monofisista de Êutiques e Dióscoro, os quais negavam que em Cristo houvesse as duas naturezas, humana e divina; mas apenas a divina. A Carta de Leão Magno foi aclamada pelos Padres concilares com essas palavras: "Pedro falou pela boca de Leão". E a questão finda.
"Leão, bispo, ao dileto irmão Flaviano, bispo de Constantinopla....
Cristo entregou-se totalmente pela redenção do homem que fora seduzido, a fim de vencer a morte e destroçar por sua própria virtude o diabo que possuia o império da morte. Não poderíamos vencer o pecado e o autor da morte a não ser que assumisse a nossa natureza e a fizesse sua, aquele a quem o pecado não pôde contaminar, nem a morte reter. 
Visto que foi concebido por virtude do Espírito Santo no seio da Virgem Maria, esta o deu à luz conservando intacta a virgindade, como sem detrimento da virgindade o concebera. 
O Espírito Santo deu fecundidade à Virgem, no entanto, a constituição do corpo originou-se do corpo (virginal). 
Salvaguardadas pois, as propriedades de ambas as naturezas e substâncias, unidas numa só Pessoa, foi assumida a humildade pela majestade, pela força a fraqueza, pela eternidade a mortalidade.
Para obter o débito de nossa condição, a natureza inviolável uniu-se à passível. Assim, como remédio conveniente à nossa cura, um só e mesmo mediador entre Deus e o homem, o homem Cristo Jesus, de um lado podia morrer, e doutro lado, não o podia. 
Nasceu o verdadeiro Deus com a íntegra e perfeita natureza de um verdadeiro homem, todo o que é seu, todo inteiro no que é nosso. Por "nosso" entendemos aquilo que o Criador fez em nós no início e que assumiu para ser reparado. 
Não havia no Salvador vestígio algum daquilo que que o sedudor infligiu e que o homem enganado admitiu. Tenha participado, embora, da fraqueza humana, não foi partícipe dos nossos defeitos. No princípio assumiu a condição de servo, mas não a mancha do pecado; exaltou o humano, sem subtrair coisa alguma do divino.
O aniquilamento qual o invisível se fez visível e o Criador e Senhor de todas as coisas quis ser um dos mortais, era compassiva, condescendência não deficiência de poder. 
Quem na natureza de Deus criou o homem, fez-se homem na condição de servo. Cada uma das duas naturezas conservou sem alteração de suas propriedades. Como a natureza de Deus não eliminou a natureza de servo, assim a natureza de servo não diminuiu a natureza de Deus. 
Gloriava-se o diabo de ter sido o homem, por sua fraude, seduzido e privado dos dons divinos, despojado do dote da imortalidade e submetido à dura sentença de morte. Encontrava assim o demônio uma espécie de consolo dos próprios males na companhia do homem prevaricador. 
Também Deus, exigindo justa prestação de contas, trocara a sentença do homem que ele havia criado em estado tão honroso. Foi, então, necessário, caríssimos, na execução de um plano oculto, que o Deus imutável, cuja vontade não pode ser privada de benignidade, completasse a primeira disposição de sua piedade para conosco com um mistério ainda mais escondido e o homem, instigado à culpa pela astúcia da iniquidade diabólica, contra o desígnio de Deus não perecesse. 
Desce, portanto, do reino celeste às intímas regiões deste mundo Jesus Cristo, Filho de Deus, sem se afastar da glória paterna, gerado em ordem nova, em novo nascimento. Nova ordem, porque invisível no que lhe é próprio, fez-se visível no que é nosso; incompreensível quis ser apreendido; sendo antes do tempo, começou a existir no tempo. O Senhor do universo assumiu a condição de servo, velando a imensidade de sua majestade. Dignou-se o Deus impassível tornar-se homem passível e o imortal submeter-se à lei da morte.
Vem à luz por novo nascimento, porque a virgindade inviolada, que ignorava a concupiscência, ministrou-lhe a matéria corporal. 
Recebeu o Senhor de sua mãe a natureza, mas isenta de culpa. A natureza humana de nosso Senhor Jesus Cristo, nascido do seio da Virgem, não difere da nossa por ter tido ele admirável natividade. 
Sendo verdadeiro Deus, é também verdadeiro homem. Nesta unidade não há mentira, pois mutuamente se coadunam humildade humana e grandeza divina.
Como Deus não se altera por tal misericórdia, o homem não desaparece, absorvido pela dignidade divina. Age cada uma das naturezas em consonância com a outra, quando a ação é peculiar a uma delas. O Verbo opera o que lhe é próprio, e a carne executa o que lhe compete. Uma resplandece pelos milagres, enquanto a outra é sujeita aos opróbrios. Como não se aparta o Verbo da igualdade da glória paterna, a carne não perde a natureza do gênero humano. Um e o mesmo, convém repeti-lo, é verdadeiramente Filho de Deus e filho do homem. 
Deus, porque no princípio era o Verbo e o Verbo estava junto de Deus, e o Verbo era Deus (Jo 1,1). Homem, porque o Verbo fez-se carne e habitou entre nós (Jo 1,14).
Deus, porque todas as coisas foram feitas por meio dele, e sem ele, coisa alguma foi feita de quanto existe. Homem porque nascido de mulher, nascido sob a lei (Gl 4,4). 
O nascimento carnal é manifestação da natureza humana; o parto da Virgem, indício do poder divino. 
A humilhação do presépio denota a infância do menino (Lc2,7); as vozes dos anjos declaram a grandeza do Altíssimo (Lc 2, 13). 
Quando procurou o batismo de João, seu precursor, (Mt 13,3), para ser patente que o véu da carne encobria a divindade, veio do céu a voz do Pai que dizia: Este é o meu Filho amado, no qual ponho as minhas complacências (Mt 3, 17).
Enquanto a astúcia do diabo tenta-o, como se fosse apenas homem, serve-o o exército dos anjos, como sendo Deus (Mt 4,1; 11).
Ter fome, ter sede, estar cansado e dormir evidentemente é humano. Mas, saciar com cinco pães cinco mil homens (Jo 6, 12) e dar à samaritana a água viva (Jo 4, 10), que não deixa mais ter sede quem a beber, andar sobre as ondas do mar a pé enxuto (Mt 14,25) e acalmar o furor dos vagalhões, falando imperiosamente à tempestade (Lc 8, 24) é indubitavelmente divino. Omitindo muitos fatos, digamos apenas: não é próprio de uma só e mesma natureza chorar por comiseração o amigo morto (Jo 11,35) e após a remoção da pedra do sepulcro de um defunto de quatro dias, despertá-lo redivivo, somente emitindo uma ordem; ou pender do lenho e transformar o dia em noite, fazendo tremer todos os elementos; ou ser transpassado pelos cravos e abrir as portas do paraíso ao ladrão por causa de sua fé (Lc 23, 43).
Do mesmo modo não provém da mesma natureza dizer: "Eu e o Pai somos uma só coisa" (Jo 10,30) e afirmar: "O Pai é maior do que eu" (Jo 14, 28). Embora seja nosso Senhor Jesus Cristo uma só Pessoa, Deus e homem, difere contudo a proveniência para as duas naturezas do opróbrio comum a ambas e da glória comum. Pelo que recebeu de nós, a humanidade, ele é menor do que o Pai; do Pai lhe vem a igualdade com o Pai, a divindade. 
Por causa dessa unidade de Pessoa em duas naturezas lemos ter o filho do homem descido do céu, quando o Filho de Deus, da Virgem da qual nasceu, assumiu um corpo. E novamente diz-se que o Filho de Deus foi crucificado e sepultado, ao sofrer tudo isso, não na própria divindade, pela qual o Unigênito é co-eterno e consubstancial ao Pai, mas na fraqueza da natureza humana. 
Igual perigo seria crer que o Senhor Jesus Cristo é Deus só sem ser humano, ou apenas homem e não Deus. Qual a finalidade do prazo de quarenta dias após a ressurreição do Senhor, a não ser libertar da integridade de nossa fé qualquer obscuridade? Conversou com seus discípulos, esteve na mesma casa e comeu com eles (At1,4). Permitiu que o tocassem com diligência e curiosidade os que estavam ansiosos pela dúvida. Entrava com as portas fechadas onde estavam os discípulos; com seu sopro comunicava-lhes o Espírito Santo (Jo 20,22) e dando as luzes do entendimento revela-lhes a Sagrada Escritura ... Assim, reconheceriam os discípulos que nele as propriedades da natureza divina e humana permaneciam intactas, e saberíamos nós que Verbo e carne não se identificam e que o único Filho de Deus é Verbo e carne. Não desconfies ser homem com um corpo igual ao nosso quem ele sabe ter sido passível, porque a negação da verdadeira carne é igualmente negação da paixão corpórea. Se adere à fé cristã, e não desvia o ouvido da pregação do Evangelho, contemple qual foi a natureza que pendeu do lenho da cruz, transpassada pelos cravos, e tendo sido aberto o lado crucificado pela lança do soldado, entenda de onde brotou sangue e água, para que a Igreja de Deus fosse refeita pelo lavacro e o cálice. A Igreja Católica vive de tal fé e nela progride: Não há em Cristo Jesus humanidade sem verdadeira divindade, nem divindade sem verdadeira humanidade. Êutiques respondeu a vosso interrogatório: "Confesso que nosso Senhor tinha duas naturezas antes da união; depois desta, confesso ter apenas uma natureza". Admiro-me que tão absurda e perversa profissão não tenha sido repreendida e censurada pelos juízes e tenha passado em silêncio palavra tão insipiente e blasfema, como se nada de escandaloso tivesse sido ouvido. Afirma ele tão impiamente que o Unigênito Filho de Deus, antes da encarnação, tivera duas naturezas, quanto criminosamente assevera haver nele uma só natureza depois que o Verbo se fez carne. A justiça, pois, reprima os pecadores e a misericórdia não repila os convertidos. (Coleção Patrística, Sermões de Leão Magno, pp. 202-213, Ed. Paulus, 1996, DP). 
São João Crisóstomo (349-407), bispo e doutor da Igreja:
"Ó Filho Único e Verbo de Deus, sendo imortal, vos dignastes pela nossa salvação encarnar-vos da Santa Mãe de Deus e sempre Virgem Maria, vós que sem mudança vos tornastes homem e fostes crucificado, ó Cristo Deus, que pela vossa morte esmagastes a morte, sois Um na Santíssima Trindade, glorificado com o Pai e o Espírito Santo, salvai-nos!" (Tropário "O monoghenis") 
Santo Inácio de Antioquia (†107):
" O príncipe deste mundo ignorou a virgindade de Maria e o seu parto, da mesma forma que a Morte do Senhor: três mistérios proeminentes que se realizaram no silêncio de Deus" (Ef 19,10).

Topo

A MORTE DE CRISTO

São Gregório de Nissa (†394)
"Deus [o Filho] não impediu a morte de separar a alma do corpo, segundo a ordem necessária à natureza, mas os reuniu novamente um ao outro pela Ressurreição, a fim de ser Ele mesmo na sua Pessoa o ponto de encontro da morte e da vida sustando Nele a decomposição da natureza, produzida pela morte, e tornando-se Ele mesmo princípio de reunião para as partes separadas. "(Or. Cathec. 16).
São João Damasceno (650-749), bispo de Constantinopla, doutor da Igreja:
"Pelo fato de que na morte de Cristo a alma tenha sido separada da carne, a única pessoa não foi dividida em duas pessoas: pois o corpo e alma de Cristo existiram da mesma forma desde o início na Pessoa do Verbo; e na Morte, embora separados um do outro, ficaram cada um com a mesma e única Pessoa do Verbo." (f.o., 3,27).
 Topo


 Prof. Felipe Aquino


Volta para Página Inicial

Hosted by www.Geocities.ws

1