Vital Farias, Mestre Vital como o chamam alguns dos grandes cantadores
do Brasil, nasceu em Taperoá, sertão da Paraíba. Caçula
de 14 irmãos, passou sua infância na roça, aprendeu
a ler com as irmãs através da literatura de cordel e cresceu
em contato direto com as tradições, a história, a
cultura, as alegrias e dificuldades do sertanejo.
Aos 18 anos, Vital que já começara a estudar violão
sozinho, foi para João Pessoa servir ao Exército, lá
teve a oportunidade de assistir a apresentações musicais
de todos os estilos, da música erudita à popular. Nessa época
fez parte de alguns conjuntos musicais, incluindo um que fazia imitação
dos Beatles.
Autodidata, tinha um bom conhecimento musical, trazido em parte da tradição
musical que já acompanhava sua família, começou a
dar aulas de violão e teoria musical no Conservatório Musical
de João Pessoa.
Em 1975 foi para o Rio de Janeiro onde em 76 passou no vestibular para
a Faculdade de Música. Nesse período intensificou o contato
que já mantinha com o teatro, cinema e outros cantadores, e fez
alguns trabalhos com grandes gravadoras, quando pode perceber que este
esquema comercial não permitia ao artista a liberdade necessária
para a criação de sua obra.
Paralelo às atividades artísticas Vital sempre estudou
muito História, Política, Filosofia e teve na Literatura
de Cordel uma fonte constante de conhecimento e cultura. Apesar disso,
segundo ele, o mais importante em sua obra são as coisas que nasceram
com ele, e que o tempo e o estudo se encarregaram de elaborar, amadurecer
e trazer à consciência.
Autor de um trabalho secular, no sentido em que reflete as experiências
e histórias ouvidas de seus pais, que nasceram no começo
do século, Mestre Vital é um dos grandes representantesdo
povo sertanejo, trazendo em suas canções a voz de clamor
eprotesto contra as dificuldades e injustiças a que o homem da roça
está submetido neste país das diferenças...e indiferenças.
Seu trabalho mais conhecido pelo público foi gravado ao vivo
em parceria com Elomar, Xangai e Geraldo Azevedo: As Cantorias 1 e 2. Nelas
se encontram verdadeiras histórias do sertão brasileiro,
como a Saga de Severinin e a Saga da Amazônia, além das belíssimas
Cantilena de Lua Cheia e Ai que Saudade de Ocê.
Depois desse trabalho Mestre Vital não gravou mais nenhum trabalho
próprio, restringindo-se
a participações em discos de alguns companheiros.
Entretanto este período foi muito fecundo e proveitoso a nível
de pesquisa e criação. Vital promete para breve o lançamento
de 4 CD's, resultantes destes anos, um deles, A Epopéia Negra, que
narra a história de Mussabá, é uma obra poético
musical teatral de uma hora de duração sem interrupção
e fala do sofrimento milenar do negro. Estas obras serão o primeiro
lançamento do selo MBC, Música Brasileira Contemporânea,
um selo ético (que também é fruto desse período
de estudo e reflexão) incorruptível a nível de crivo,
qualidade e comprometimento com a música brasileira... Aguardem
e continuem nos visitando pois logo que este trabalho sair do forno será
servido aqui de primeira mão.