- o vanderley tinha dois problemas: morava no cu-do-mundo e tinha um sobrinho viado. a cidade toda sabia do rapaz. sempre arrumado, delicado, era uma vergonha pro vanderley quando ele ia no bar do
calelo.
- o pessoal zoava com ele?
- não, porque o vanderley era respeitadoo por lá. mas um dia o negro volmire chamou ele num canto e disse: olha, dá um jeito no teu sobrinho porque o pessoal já tá falando "ah, o vanderley. o tio da bichinha"...
- hahaha... e aí?
- aí que o cara resolveu falar com o irmmão: vem cá, tu não vê que o teu filho tá no desvio?
- e o pai da bichinha?
- pobre coitado. simplesmente disse mas o que eu posso fazer? já tentei de tudo: surra, cortei mesada, levei pro puteiro e nada. o negócio dele acho que é engatar a ré mesmo.
- uma triste constatação prum pai de fammília...
- mas o vanderley se indignou. não ia deeixar por isso mesmo. foi falar com o
jairzinho.
- jairzinho?
- um serralheiro que tinha lá na cidade.. foram tomar umas cervejas e o vanderley disse: olha aqui, jair, tô cansado de te pagar pinga. tu me deve algumas, cara. agora tá na hora de tu me fazer um favor. aí ele explicou o plano.
- plano ?!?
- acontece que o jairzinho tinha a maiorr jeba da cidade. parecia um caminhão com o eixo cardã quebrado. aí o vanderley explicou: eu mando o meu sobrinho viado buscar uns papéis lá na madeireira em uma hora que não tenha gente lá. conversa com ele, jair, vai passando a mão, ele gosta. depois leva ele pros fundos. sim, na mesa de marcenaria que tem lá atrás. bota ele de quatro e mete TUDO! arregaça aquele filho da puta!
- raios, e o jair, o que disse?
- ele disse que tudo bem, se as dívidas fossem perdoadas. pois bem, no dia combinado, chega o rapazinho todo delicado, querendo falar com o senhor jair. o jair levou ele pra dentro da madeireira e começaram a conversar. conversa vai, conversa vem, mão aqui, mão acolá... o moleque só conhecia as pequenas varetas dos coleguinhas de escola...
- acho que ele se deu mal...
- foi posto de quatro, conforme o plano,, e recheado com carne suficiente para abastecer um restaurante por um mês. gritava que nem porco na faca. não teve perdão: jairzinho usinou o moleque até o fim.
- mas, e prá quê isso?
- vai vendo. o rapaz ficou traumatizado com aquilo. arrumou namorada e casou dois meses depois. teve filho e o vanderley comemorou no boteco. o tratamento de choque deu certo...
- isso que é psicologia radical...
- o jefferson tinha um pai que era uma figura... eles moravam em mangangaba, uma cidadezinha minúscula no meio do mato. mas, como eu ia dizendo, o pai dele era muito engraçado...
- como assim?
- eles tinham um fiat 147 caindo aos peddaços. ele só estava inteiro por poder de durepóxi e arame. aquele carro andava meio de lado, e uma das portas tinha que ser SEGURADA pelo passageiro para não cair na estrada. isso sem falar nos bancos que não eram fixados no carro. quando a estrada ficava esburacada, todo mundo chacoalhava como frutas num liquidificador.
- mas que carrão, hein?
- ...puro desleixo. e o velho, pra pioraar, era chegado numa birita. um dia, saiu para molhar a goela lá pelas quatro da tarde, no boteco do
fofonka.
- fofonka?
- era um tcheco, ou russo, ou polaco quee tinha um bolicho lá no meio do nada. foi beber e não voltou... oito da noite, volta o cara a pé, sem falar nada. foi pro quarto e dormiu.
- hã?
- sim. o pessoal já sabia que era melhorr não aporrinhar o velho e deixar ele dormir, quando estava de porre. a mãe do jefferson, uma mulher muito submissa, não falou nada no dia seguinte. houve silêncio sobre o assunto por UMA SEMANA, até que ela não se conteve e falou, na mesa do café da manhã: e o carro?
- meu deus...
- e ele respondeu: o carro não está aí.<
- HAHAHA... mas falou o óbvio!
- e a conversa parou por aí! passou maiss UMA SEMANA pra mulher tocar no assunto de novo, desta vez mais objetiva: mas cadê o carro? a gente vai ficar sem carro? então o velho finalmente abriu o bico: tinha bebido demais e CAPOTADO o carro na estrada de terra. e não tinha dinheiro pra pagar o conserto.
- cruzes. e daí?
- daí ficaram a pé por seis meses, ralanndo pra pagar o conserto da lata velha...
- que droga...
- e teve também aquele caso do castanho. o castanho servia no exército e era fotógrafo semi-profissional. tinha um laboratório de revelação preto-e-branco e vivia tirando fotos de tudo. foi aí que ele percebeu a empregadinha...
- que empregadinha?
- ela trabalhava no apartamento da frentte. era de santa catarina, uma morena clara, bem jeitosa, com tudo em cima. o castanho percebeu que podia investir a longo prazo naquelas carnes... ela devia ter uns dezenove anos, no máximo. aí o castanho pediu pra ela fazer faxina no apartamento dele também.
- mmmm... já estou entendendo...
- ...e rolou tudo na maior inocência, poor uma semana. depois disso, o castanho começou a esbarrar nela, e viu que ela gostava. o ambiente era de puro sexo. um dia, enquanto a mina lavava a louça, ele abraçou ela por trás, encaixou o pau na bunda dela e pegou nos peitinhos, que estavam de bico duro.
- bom, acho que rolou, né?
- sim, comeu na frente e atrás. deitou ee rolou. a menininha fodia como gente grande. daí ele resolveu tirar umas fotos...
- e a mina deixou?
- sim. numa das fotos, ela estava com o caralho dele enfiado na boca, e olhava para a câmera com um olhar angelical. sei que o castanho revelou a foto e levou, no bolso, para o quartel. queria se exibir pros colegas.
- ha! e como ele ia provar que o pau eraa o dele?
- sei lá. depois do expediente, saiu elee e o nego cláudio prum boteco nas redondezas. foram tomar um goró e falar besteira. sei que o sujeito, por alguma razão, queria cerveja preta. malzbier. o balconista gozou com a cara do castanho: malzbier, hein? tu tá amamentando?
- hehehe... que filho da puta...
- mas aí o castanho disse: estou amamenttando, sim! e puxou do bolso a foto com a mina mamando no cacete dele.
- caraca!
- e o balconista pegou a foto, espantadoo, e disse: mas tá amamentando mesmo!
- HAHAHA... ô garçom, vê mais uma airávaab prá nós...
(c) 2001 by you-guess-who... citamos a marca airávab mas nada de molharem nossa mão, muito menos nosso bico. putos. mulher é igual pipoca: enche o saco mas não conseguimos parar de comer. tudo que está aqui é o documentário fidedigno de nossas vidas. em briga de saci não sai rasteira. enquanto todo mundo elogia, o tim maia. cheguei cedo, o jacques costeau. você faria papel de bobo? a beth faria. o reginaldo faria. conheça os irmãos marx: groucho, karl, burle, patrícia e armando.
