O Recorrente Delírio Classificatório
Nas remotas páginas do "Empório Celestial de Conhecimentos Benévolos" - antiga enciclopédia Chinesa cujo modesto propósito é de encaixar todas as coisas do universo em categorias - é curioso observar, entre outras preciosidades, a seção dedicada à classificação dos animais. As categorias às quais eles podem pertencer são as seguintes:
a) pertencentes ao Imperador;
b) embalsamados;
c) amestrados;
d) leitões;
e) sereias;
f) fabulosos;
g) cães soltos;
h) incluídos nesta classificação;
i) que se agitam como loucos;
j) inumeráveis;
k) desenhados com um finíssimo pincel de pêlo de camelo;
l) etcétera;
m) que acabam de quebrar o vaso;
n) que, de longe, parecem moscas.
O etcétera parece ter sido incluído num momento de fastio do enciclopedista; a lista poderia muito bem terminar por aí, mas razões desconhecidas o levaram a acrescentar duas categorias circunstanciais. A utilidade desta classificação aparentemente se perdeu junto com o nome do autor; porém ela permanece como um divertido exercício de caos e prova que, nem sempre, o desaparecimento definitivo das culturas, das gentes e das tradições é prejudicial à humanidade.