INFORMAÇÃO PRELIMINAR: Professor Underberg é Finlandês e pioneiro na 
culinária afro-esquimó, onde se destaca no preparo da foca à pururuca e da 
moqueca de pingüim. Também enxuga um aquavit que nem gente grande.
 
Para o porrista ocasional, uma caipirinha já basta. Se uma caipirinha me 
bastasse, estaria milionário, à essas alturas. Pessoas bebem por prazer, por 
lazer, pra não fazer feio na frente dos amigos, para se distanciar um pouco 
desta desanimada realidade, para tomar coragem, para fazer besteira, etc. A 
cachaça brasileira é a bebida destilada mais consumida no mundo. Esses dias 
fui no supermercado comprar uma vodka e me deparei com um bando de 
deliciosas turistas alemãs adolescentes, em alegre histeria, no corredor de 
bebidas. Estavam comprando litros de cachaça e uma espécie de caipirinha em 
pó, vendida em envelopes. Claro que ia rolar alguma miscigenação mais tarde. 

Deus ajuda os bebuns. Uma vez, depois de entornar uma garrafa de steinhager 
com um engradado de cerveja, saí dirigindo um fusca emprestado. Bati em 
outro carro, que começou a me perseguir. Pisei fundo e fiz uma curva em alta 
velocidade. Quase atropelei um guarda que, por azar, estava na esquina 
tomando brisa. Dizem que o cozinheiro do Titanic sobreviveu às águas geladas 
somente porque estava com a moringa cheia de conhaque. 
 
Em alguns casos, o pior é não ter lembrança do que aconteceu, do que se fez 
ou o que foi dito. Muita mulher, depois de um pifão, acordou grávida. E sem 
saber quem era o pai.Uma amiga minha, desacostumada ao halterofilismo 
etílico, bebeu muitas a mais e acordou, no outro dia, com uma tatuagem na 
bunda. E a tatuagem era horrível.  Também é comum que os homens acordem ao 
lado de verdadeiros dragões, que pareciam princesas na noite anterior. Bem, 
ainda assim é melhor que acordar no meio de dois estivadores.
 
A bebida pode revelar qualidades insuspeitas em algumas pessoas. Conheci 
duas meninas, uma deliciosa negrinha e uma moreninha com peitinhos róseos, 
que viviam brigando. Era discussão o tempo todo. Até o dia em que beberam um 
garrafão de vinho e depois ficaram lambendo a xana uma da outra a noite 
toda. Fizeram 69 até dar cãibra na língua. Viraram amigas inseparáveis. 
Outro sujeito, um ex-amigo meu, entornou meia garrafa de gim, foi a uma 
boate gay e depois não se lembra de mais nada. Acordou ao meio-dia, deitado 
na rua, num bairro da periferia. Sem dinheiro, sem cartão de crédito, sem 
cartão do banco, com uma dor de cabeça pavorosa e outra dor, mais pavorosa 
ainda, no cu. Além de roubarem o cara, curraram até esfolar o anel de couro. 

A Marília era uma morena ancuda, putérrima, o tipo de mulher que agia que 
nem homem: se bobeasse, ela comia o que aparecesse pela frente. Mas foi a 
irmã dela que tomou um pileque daqueles. No outro dia, cadê os incisivos? 
Estava banguela que nem a minha avó. Tinha tropeçado, batido com o beiço na 
calçada e partido os dentes. A turma que estava com ela disse que 
aparentemente ela nem sentiu dor, apenas abriu o sorriso empapado de sangue 
e chutou os caquinhos de dente que ficaram no chão. 
 
O velho Tatão enxugava uma caninha como ninguém. Um dia o filho dele, que 
trabalhava numa repartição pública, foi convidado prum churrasco no sítio de 
um colega. Lá foi ele com o pai bebum. O sítio era pequeno mas bem arrumado. 
Tinha cancha de bocha, piscina, galpão e churrasqueira. Puseram as carnes 
para assar e foram jogar bocha. Como o velho Tatão não gostava de bocha, 
ficou perambulando. Entrou no galpão e se deparou com uma prateleira enorme, 
cheia de vidros de boca larga, cada um com uma fruta diferente, curtindo na 
cachaça. Cachaça com jabuticaba, cachaça com uva passa, cachaça com pitanga, 
com canela em pau, com folha de figo, framboesa, curtindo dentro de um coco, 
e por aí vai... Encorajado pelo dono do sítio, que lhe entregou um copinho, 
o velho Tatão imediatamente começou a beber toda aquela pinga. E haja 
fígado! Bebeu que nem gente grande. E o pessoal lá fora, jogando bocha. E a 
carne assando na churrasqueira. Depois de um tempo, já meio "amaciado", o 
velho saiu e foi dar palpite no jogo. Encheu o saco do pessoal, enrolando a 
língua e falando besteira. Quando esvaziou o copinho, teve que voltar pro 
galpão para mais uma dose. Depois de um tempo, se ouviu um berro: 
UUUAAAAA!!! Todo mundo correu pro galpão e o velho estava se abanando, de 
olho arregalado. Ele tinha pego, por engano, um vidro de álcool com uma 
enorme aranha que estava de molho, para conservar. Não se deu por conta e 
encheu o copo com aquele álcool amarelado, bem curtido com o couro da 
aranha, que já estava meio que se desmanchando, de tão velha. Entornou de 
uma vez só e, quando sentiu o ardume, foi olhar melhor o conteúdo do vidro e 
soltou o berro. 
 
Vejam o caso do Evaldo, um clássico caso de corno conformado. A mulher dava 
para um rapazote de vinte anos, na mesma cama em que, mais tarde, dormia com 
o marido. Ele não se importava muito, porque sabia que a mulher não passava 
de uma vagabunda com fogo na buceta. Mas desde que ela trepasse de tarde, e 
quando ele chegasse, de noite, tudo estivesse arrumado e a janta pronta. Foi 
assim durante um tempo. Ele gostava de bater ponto no boteco da esquina. 
Comia um torresmo, uma coxinha, bebia uma caninha, batia papo com os 
conhecidos. Depois ia pra casa e, antes da janta, fazia uma caipirinha no 
capricho para abrir o apetite. Aí que deu problema. O Ricardão, um dia, 
bebeu toda a cachaça do Evaldo. Não deixou nem uma gota. Resultado: o marido 
deu uma surra na mulher, expulsou ela de casa, jogou todas as roupas dela na 
rua, trancou a casa e voltou pro boteco. Depois de beber um talagaço de 
pinga, ainda falou alto pra todo mundo ouvir: "Mulher eu até divido. Cachaça 
não!"
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