Marlon Brando

Pablo Alu�sio




Marlon Brando

Biografia
"S� estou no cinema por dinheiro, nenhuma outra profiss�o paga t�o bem!". Essa � a explica��o de Marlon Brando �queles que tentam descobrir nele os "ideais" art�sticos que o tornaram um g�nio. Mas a verdade � que h� produtores dispostos a contrat�-lo por mais de U$$ 1 milh�o de d�lares para uma apari��o de poucos minutos como o pai de Superman (77). A Paramount desembolsou U$$ 20 milh�es de d�lares para t�-lo como Don Corleone de "O Poderoso Chef�o" (72), que lhe rendeu seu segundo Oscar. Nessa ocasi�o, sempre controverso e provocativo, Brando mandou uma �ndia fajuta ler uma mensagem recusando o pr�mio em sinal de protesto contra o tratamento dado aos peles vermelhas nos faroestes. Sensacionalismo? Nem Freud explica o procedimento de Brando desde que iniciou sua carreira em Hollywood no come�o dos anos 50. Ele foi, de fato, o primeiro rebelde da �poca, o t�pico anti establishment, com seguidores como James Dean e Montgomery Clift. Embora se fa�a de mercen�rio, sabe-se que Brando queria ser ator desde crian�a, principalmente para satisfazer sua m�e, Dorothy Pennebaker, atriz frustada que se entregou ao alcoolismo porque o marido n�o a deixou seguir carreira. Quando Marlon Brando Jr, nasceu em Omaha, Nebraska, em 03/04/1924, sua m�e era uma das professoras da escola de arte dram�tica local (foi ela quem deu a primeira chance para Henry Fonda). De suas duas outras filhas, apenas jocelyn resolveu ser atriz, mas n�o foi t�o bem sucedida como seu irm�o. No teatro desde 1943, teve e aproveitou sua grande chance em 1947, quando, escolhido pelo pr�prio autor, Tennessee Williams, interpretou na Broadway "Um bonde chamado desejo", sob a dire��o de Elia Kazan. O sucesso repetiu-se no cinema em 1951 e Marlon Brando conquistou homens e mulheres do mundo inteiro como o rude e sexy Stanley Kowalski. Viveu logo em seguida o revolucion�rio mexicano de Viva Zapata (52), o motoqueiro displicente de "O Selvagem" (53), o Marco Ant�nio em "J�lio Cesar" (53) e o ex boxeador de "Sindicato de Ladr�es" (54) que lhe deu o primeiro Oscar � compareceu, bem comportado e de smoking, � cerim�nia da Academia para receber a estatueta das m�os de Bette Davis. Ele s� lamentou a falta de sua m�e, morta no ano anterior, vitima do alcoolismo a que se entregaria devido a decep��es no casamento. Marlon continuou imprevis�vel e irreverente, interpretando sem o menor esfor�o o Napole�o Bonaparte de Desir�e (54) e com entusiasmo o japon�s fil�sofo de "Casa de ch� do luar de Agosto" (56) Dirigiu e produziu "A Face Oculta", um desastre absoluto, faroeste sem eira nem beira que fracassou nas bilheterias. Gra�as aos cach�s milion�rios, comprou a ilha Teti'roa, local pelo qual se apaixonara quando filmou "O grande motim" (62). Sempre disposto a chocar, Brando foi a Fran�a em 1972 e estrelou o filme de Bernardo Bertolluci, "O �ltimo Tango em Paris", proibido em diversos pa�ses por causa das cenas de sexo. A cena da 'manteiga' acabou entrando para a hist�ria do cinema. Pessoalmente a vida pessoal deste ator � t�o confusa quanto seus filmes. Teve romances com Shelley Winters, Frances Nuyan, Kathy Jurado, Rita Moreno (atualmente no seriado "Oz"). Preferindo sempre as morenas, casou-se em 1957 com a indo brit�nica Anna Kashfi, de quem teve o filho Chritian Devi, que num caso tr�gico matou o marido de sua irm�. Foi condenado e cumpre pena em uma penitenci�ria americana. A trag�dia acabou levando tamb�m a filha de Marlon, Tarita Cheyenne, que se matou na casa do ator, em depress�o pelo assassinato de seu marido. Marlon ainda foi casado com Movita Castenada, tendo um casal de filhos: Mikko e Rebeca. Mesmo assim mandou anular o casamento. Em 1962, a �ltima uni�o, com Tarita, taitiana que havia contracenado com ele em "O Grande Motim", e mais dois filhos. Marlon Brando precisa continuar trabalhando e apesar dos problemas (um furac�o atingiu sua ilha) engordou assustadoramente, parecendo uma segunda edi��o de Orson Welles. Marlon continua pol�mico exigindo enormes cach�s para fazer "filmes horr�veis" como ele pr�prio afirma. O ator disse recentemente: "A profiss�o de ator � est�pida e vazia". Apesar de tudo pediu apenas um cach� simb�lico para interpretar o advogado de "Assassinato sob Cust�dia" filme den�ncia dos abusos cometidos pelo apartheid na �frica do Sul � com dez minutos de apari��o, recebeu uma indica��o para o Oscar de coadjuvante e roubou o filme de Donald Sutherland. O papel foi apaixonante para ele, que, na vida real, sempre defendeu os direitos dos negros, �ndios e minorias raciais. Por tudo isso � dif�cil acreditar que ele seja apenas um mercen�rio.

Livro usa filmes para contar a vida de Brando
O astro mais temperamental de Hollywood est� prestes a ficar sob a luz dos refletores por causa de uma biografia n�o autorizada. Marlon Brando, antes um gigante das telas, � agora um recluso que passa a maior parte do seu tempo trancado na sua mans�o em Los Angeles. Os segredos da sua estranha vida s�o agora revelados em uma biografia que est� sendo promovida nos Estados Unidos antes de sua publica��o, at� o fim do ano. O livro Marlon Brando, de autoria de Patricia Bosworth, conta a vida de Brando por interm�dio de seus filmes. E revela, tamb�m, que o ator teve tantos filhos que nem ele mesmo sabe o n�mero exato, passa horas na Internet, joga xadrez sozinho e est� se tornando cada vez mais parecido com o pai a quem odiava. - Spas - Comenta-se, tamb�m, que o famoso ator costuma se refugiar em spas de emagrecimento, incluindo um "na regi�o agreste da Inglaterra" antes de estrelar um novo filme. Sabe-se que gosta da regi�o rural de Surrey e Sussex. "Ele � uma pessoa positiva e simples", disse um amigo ingl�s, na semana passada. "Terrivelmente normal." Essa n�o foi a imagem percebida por Patricia Bosworth, que foi advertida por um dos amigos de Brando que o ator n�o falaria com ela, mas deveria passar as perguntas sobre ele por fax, "aos cuidados de seu cachorro". Patricia obedeceu e recebeu uma carta-resposta assinada dr. Tim, nome de um dos c�es de Brando. Antes saudado como o maior ator de cinema da sua �poca, o �ltimo papel de Marlon Brando foi em um thriller chamado The Score, estrelado por Robert De Niro. Brando recebeu cerca de 2 milh�es de libras (cerca de R$ 7,4 milh�es) por dez dias de trabalho, mas acabou aparecendo apenas alguns minutos no fim do filme. - Fraude - Como o livro explica, h� muito tempo que ele se desiludiu com sua pr�pria grandeza. "Aqui estou eu, um fracassado careca de meia-idade", o livro cita que ele disse uma vez. "Sinto-me uma fraude quando atuo. J� tive tudo: sexo, bebida, trabalho. Nada disso significa alguma coisa." Havia, parece, uma certa loucura no seu m�todo de interpretar. Patricia Bosworth sugere que seus dem�nios particulares eram desencadeados pelo seu intenso amor pela m�e alco�latra, Dodie, e pelo seu �dio pelo pai, um vendedor mulherengo, que assumiu seus neg�cios com um resultado desastroso. Processo - Patricia conta que, quando um velho amigo, Wally Cox, foi cremado, Brando engalfinhou-se com a vi�va para ficar com as cinzas dele. A vi�va de Cox deu in�cio a um processo judicial para que ele as devolvesse, mas acabou concluindo: "Marlon precisava das cinzas mais do que eu." Segundo um amigo �ntimo, "ningu�m sabe quantos filhos Marlon tem. E talvez nem ele saiba". Patricia fixou esse n�mero em 14. O ator nunca dominou suas fraquezas. Parece que costuma colocar um cadeado na sua geladeira para impedir a si mesmo de fartar-se com gal�es de sorvete ou, ent�o, de comer um queijo brie inteiro de cada vez. H� boatos de que est� com pouco dinheiro novamente, mas, seja qual for a verdade, as riquezas que mais deseja s�o mais pessoais do que pecuni�rias. Patricia registra que, uma vez, quando uma namorada insistiu em assistir � exibi��o na televis�o de Um Bonde Chamado Desejo, ele suspirou: "Oh, Deus, eu era bonito ent�o, mas agora sou muito mais agrad�vel." N�o t�o agrad�vel assim. Brando tamb�m teria dito a um amigo: "Vou viver at� 100 anos e depois planejo mandar clonar a mim mesmo com todo o meu talento, mas nenhuma das minhas neuroses." A biografia do astro escrita por Patricia Bosworth ser� publicada na Gr�-Bretanha pela Weidenfeld & Nicolson.

"Queimada" traz Marlon Brando em sua melhor fase
Nascido em 1919, o italiano Gillo Pontecorvo � o que se pode chamar de um diretor engajado. Se em geral se considera como sua obra-prima "A Batalha de Argel" (1965), uma das mais contundentes den�ncias da viol�ncia do colonialismo franc�s na Arg�lia, "Queimada", estr�ia desta quarta-feira, n�o fica atr�s na eloq��ncia da exposi��o das contradi��es entre traidores e idealistas. Em 1845, numa ilha do Caribe que tem o sugestivo nome de Queimada (aludindo a um sangrento epis�dio de seu passado), desembarca um agente brit�nico, William Walker (Marlon Brando). Intelectualizado e bem-falante, ele fomenta na popula��o de escravos a id�ia da revolu��o contra os colonizadores portugueses. Encontra at� a figura ideal de um l�der para moldar, o estivador Jos� Dolores (Evaristo Marquez), a quem incita inclusive a roubar um banco para financiar a rebeli�o. Um outro rebelde, o funcion�rio de hotel Teddy Sanchez (Renato Salvatori) ser� levado a assassinar o governador local, facilitando a tomada do poder pelos revolucion�rios. Uma vez no comando, o novo governo descobre os limites de seu poder. O agente Walker era, na verdade, um homem a servi�o do Almirantado Brit�nico e de industriais a�ucareiros ingleses, que apenas procurava tirar os colonizadores portugueses do caminho. Agora, os empobrecidos novos governantes descobrir�o que n�o t�m alternativa sen�o vender o a��car, principal produto da ilha, aos ingleses, em condi��es desvantajosas. Dez anos depois, Walker e Dolores estar�o de novo frente a frente, quando o segundo decide liderar uma nova revolu��o e o ingl�s volta para sufoc�-la -- nem que para isso tenha de queimar novamente toda a ilha e aniquilar a popula��o, como fizeram os portugueses ali, em 1520. Este epis�dio da queimada referia-se a fatos reais, ocorridos no Caribe, s� que cometidos por colonizadores espanh�is. � um filme forte, impregnado da presen�a magn�tica de um Marlon Brando ainda bonito, j� na maturidade. Nos bastidores, consta que foram tempestuosas as rela��es entre o astro e o diretor. Diz a lenda que Brando amea�ou matar Pontecorvo se um dia o reencontrasse, promessa felizmente nunca cumprida.

Filmografia
2001 - A cartada final (Score, The)
1998 - Loucos pelo dinheiro (Free money)
1997 - O bravo (Brave, The)
1996 - A ilha do Dr. Moreau (Island of Dr. Moreau, The)
1995 - Don Juan deMarco (Don Juan deMarco)
1992 - Crist�v�o Colombo - A aventura do descobrimento (Christopher Columbus)
1990 - Um novato na m�fia (Freshman, The)
1989 - Assassinato sob cust�dia (A dry white season)
1980 - A f�rmula (Formula, The)
1979 - Apocalypse Now (Apocalypse Now)
1979 - Raoni (Raoni: The Fight for the Amazon)
1978 - Superman - O filme (Superman)
1976 - Duelo de gigantes (Missouri breaks, The)
1972 - Os que chegam com a noite (Nightcomers, The)
1972 - �ltimo tango em Paris (Last tango in Paris)
1972 - O poderoso chef�o (Godfather, The)
1969 - Queimada (Quemada!)
1968 - A noite do dia seguinte (Night of the following day, The)
1968 - Candy
1967 - O pecado de todos n�s (Reflections in a golden eye)
1967 - A countess from Hong Kong
1966 - Sangue em Sonora (Appaloosa, The)
1966 - Ca�ada humana (Chase, The)
1966 - Meet Marlon Brando
1965 - Morituri
1964 - Bedtime story

Filmografia - continua��o
1962 - O grande motim (Munity on the bounty)
1962 - Ugly American, The
1961 - A face oculta (One-eyed jacks)
1959 - Fugitive kind, The
1958 - Os deuses vencidos (Young lions, The) 1957 - Sayonara (Sayonara)
1956 - Casa de ch� do luar de agosto (Teahouse of the August Moon, The)
1955 - Eles e elas (Guys and dolls)
1954 - Sindicato de ladr�es (On the waterfront)
1954 - O selvagem (Wild One, The)
1954 - Desir�e, o amor de Napole�o (Desir�e)
1953 - J�lio C�sar (Julius Caesar)
1952 - Viva Zapata! (Viva Zapata!)
1951 - Uma rua chamada pecado (A streetcar named desire)
1950 - Esp�ritos ind�mitos (Men, The)



nota: - Foi indicado por 7 vezes ao Oscar de melhor ator: em 1951, por "Uma rua chamada pecado"; em 1952, por "Viva Zapata!"; em 1953, por "J�lio C�sar"; em 1954, por "Sindicato de ladr�es"; em 1957, por "Sayonara"; em 1972, por "O poderoso chef�o" e em 1973, por "O �ltimo tango em Paris". Venceu em 1954 e 1972. Foi indicado tamb�m ao Oscar de melhor ator coadjuvante em 1989, por "Assassinato sob cust�dia"


Marlon Brando em "O selvagem" (Wild One, The)





Contato:[email protected] / Texto:Pablo Alu�sio / Mar�o 2003

Hosted by www.Geocities.ws

1