WATCHTOWER S/A II |
As Testemunhas de Jeová, por meio do seu Corpo Governante e de sua
entidade jurídica a Watchtower Bible and Tract Society (Sociedade Torre de
Vigia no Brasil), reivindicam para si o título de "cristãos
hodiernos", ou seja, a continuação direta da linhagem iniciada no primeiro
século EC, por Pedro, João, Mateus, Paulo, Tiago e outros. É verdade que os
cerca de 6 milhões de membros desta denominação religiosa em todo o mundo
acreditam piamente e apóiam decididamente esta afirmação, e é inegável que um
grande número deles, comporta-se de maneira similar aos primitivos cristãos
quanto aos princípios que norteavam a vida destes, princípios que foram
orientados diretamente pelo próprio Mestre e Senhor Jesus Cristo, sendo os
principais entre eles: Amar a Deus sobre todas as coisas e ao semelhante
como a si mesmo.
A Sociedade Torre de Vigia, traça paralelos imaginários entre a situação dos cristãos daquele tempo e dela própria nos nossos dias:
1.
Um grupo
remanescente de ungidos com o Espírito Santo de Deus, assim como aqueles
ungidos lá em 33 EC, são hoje "o escravo fiel e discreto",
responsável pelo alimento espiritual de seus irmãos.
2. Dentre esses ungidos, um grupo menor composto de pouco mais de uma dezena de homens, formam o que é nomeado como "corpo governante", considerando-se que os primitivos cristãos reconheciam em alguns apóstolos e anciãos estabelecidos em Jerusalém como o corpo governante da época.
Mesmo não considerando estes paralelos imaginários como dignos de
crédito e base racional, não é minha intenção discuti-los ou desacreditá-los,
mas apenas analisá-los sob uma ótica estritamente administrativa e financeira.
Se pois, a
Sociedade é a entidade jurídica que maneja todo o recurso
monetário, obtido e movimentado com a alegação de ser utilizado para financiar
e impulsionar a "obra do reino", que está sob a responsabilidade do
"escravo fiel e discreto" e direção do "corpo governante",
é para ela que quero voltar a minha atenção.
Evidentemente não tenho dados e números em mãos, afinal não seria
nada conveniente que a Sociedade demonstrasse publicamente os valores que movimenta,
mas gostaria de fazer um exercício de projeção, baseado em fatos não
comprováveis, porém com evidências circunstanciais reais e com alta probabilidade
de serem corretas, mais ou menos como a Sociedade faz quando quer defender alguma
profecia sua, mas não tem os fatos comprovadores em mãos, isso quer dizer em
linguagem coloquial "um chute". Traduzindo: Vou chutar sim! Mas tenho
absoluta certeza, o máximo que pode acontecer é uma sub-avaliação do imenso
volume de recursos financeiros da Watchtower e não o inverso.
Durante muitos anos atuei na área "financeira" da
congregação, chamada de "contas", primeiro como servo de contas e
mais tarde como ancião secretário. Pelos meus registros pessoais, somando-se
todos os valores enviados à Sociedade Torre de Vigia mês a mês, como remessa de dinheiro para
pagamento de literaturas e revistas, contribuições dos publicadores, ajudas
para construção de salões de assembléias, aluguel simbólico do salão do reino e
outros, e dividindo-se este valor pelo número de publicadores da congregação,
cheguei a uma média de envio mensal de aproximadamente 10 dólares por
publicador (em dólares é mais fácil visualizar o resultado final).
Tudo bem, alguém pode dizer que este valor não serve de parâmetro
para todas as congregações no mundo, posso até concordar, porém é um valor
bastante significativo, pois foi obtido considerando-se um tempo relativamente
longo (8 anos) para o cálculo da média, além disso foram valores similares em
três congregações diferentes, com diferentes características sociais. Temos de
considerar também que as testemunhas de Jeová num país como o Brasil, com renda per capita de 3
mil dólares, talvez contribuam menos que as dos EUA, com renda per capita
de mais de 30 mil dólares, mas certamente contribuem mais que o pessoal do
restante da América do Sul, exceto a Argentina. Portanto, continuando o
exercício de projeção e levando-se em consideração que cada publicador
contribua com 10 dólares em média por mês, multiplicando-se este valor por 6
milhões de publicadores e depois por doze meses, chegamos ao total de 720
milhões de dólares por ano. Setecentos e vinte milhões de dólares por ano,
sem dúvida é mais do que isto, afinal existem as doações particulares,
heranças, jóias, etc, etc, etc. Estou convicto que a Watchtower está no rol de
organizações que faturam 1 bilhão de dólares ao ano, mas vamos
considerar somente o valor citado como sendo a soma total dos recursos obtidos por
ela no mundo inteiro neste período.
Uma outra forma de se chegar neste número é a seguinte: A
Watchtower imprime mensalmente cerca de 88 milhões de revistas em várias línguas (entre A
Sentinela e Despertaí!), são mais de 1 bilhão de revistas ao preço médio de 25
cents de dólar, isto significa algo em torno de 250 milhões de dólares por ano.
Quem já cuidou de publicações ou fez remessas de dinheiro para a Sociedade sabe que a
remessa da conta de literaturas é sempre mais polpuda que a de revistas, daí é
só somar o dinheiro das contribuições e pronto, o valor acima não é nada
absurdo apesar de não ser exato.
Uma empresa normal que visa lucro, que paga altíssimos impostos,
pesadas folhas de salários, que investe em propaganda, que é obrigada a
investir em projetos sociais, considera que, descontando-se tudo isso e mais os
insumos de produção (matérias-primas e meios de produção), se obtiver entre 5 e
10% de lucro o resultado terá sido excelente. A entidade jurídica Watchtower
por sua vez não paga impostos, não precisa investir em propaganda, não investe
em programas sociais e paga apenas uma mísera "ajuda de custo" aos
milhares de "voluntários" que trabalham arduamente em suas
instalações, gastando apenas em insumos de maneira similar a uma empresa comum.
É claro que o lucro da Watchtower Society é muito maior do que o de uma empresa
com todos estes gastos, principalmente porque não paga impostos. Como não temos
este número disponível, consideremos que o lucro final corresponde a 20% do
total bruto, teremos então um lucro anual de 144 milhões de dólares.
Levando-se em conta este lucro de 144 milhões de dólares, podemos
dizer que, se este valor fosse distribuído pela Watchtower para a parcela mais pobre
das próprias testemunhas de Jeová, ou seja, as viúvas, os órfãos e os desamparados, seria suficiente para prover uma pensão
mensal de 100 dólares para 120 mil pessoas.
Loucura? Absolutamente não! Afinal até agora analisei o caso
estritamente sob o ponto de vista financeiro, porém, observando sob a ótica
bíblica nada existe de absurdo em se efetuar esta distribuição de recursos em
forma de ajuda aos mais necessitados. Como o corpo governante das testemunhas
de Jeová afirma ser uma versão hodierna de um pseudo "corpo
governante" que havia em Jerusalém no primeiro século, teriam então estes
homens hoje, que imitar o exemplo daqueles primitivos líderes do nascente
cristianismo. Vejamos:
Tiago 1:27
"A forma de adoração que é pura e imaculada do ponto
de vista de nosso Deus e Pai é esta: cuidar dos órfãos e das viúvas na sua
tribulação, e manter-se sem mancha do mundo".
Gálatas 2:10
"Apenas devíamos lembrar-nos dos pobres. Esta mesma
coisa diligenciei também fazer".
Romanos 15:26
"Porque os da Macedônia e da Acaia agradaram-se em
partilhar as suas coisas por meio duma contribuição para os pobres [que são]
dos santos em Jerusalém".
Estudo Perspicaz das Escrituras pág. 527 (Coleta)
Além de se preocupar com as necessidades espirituais das congregações, Paulo
sempre tomava em conta as necessidades físicas de cristãos pobres, e parece que
esta coleta se fazia em especial a favor de cristãos da Judéia que estavam em
apuros naquela época. Em outras partes, Paulo referiu-se a esta coleta com
expressões tais como "contribuição para os pobres que são dos santos em
Jerusalém" ...Essa preocupação amorosa com as necessidades de concristãos
era um dos sinais identificadores do cristianismo do primeiro século.
E o nosso Senhor Jesus Cristo? Vejamos:
Estudo Perspicaz das Escrituras pág. 275 (Pobre)
Além disso, enquanto estava na terra, Jesus pessoalmente se interessou pelos
materialmente pobres. Ele e seus apóstolos tinham um fundo comum do qual
ajudavam os israelitas carentes. (Mt 26:9-11; Mr 14:5-7; Jo 12:5-8; 13:29)
Os textos acima citados e a própria publicação da
Sociedade Torre de Vigia (Estudo
Perspicaz das Escrituras), apontam de forma inequívoca para o fato de que as
contribuições e coletas efetuadas pelos cristãos do primeiro século, tinham uma
finalidade muito diferente daquela para a qual são destinadas pelo assumido
"corpo governante" dos dias atuais. O objetivo das coletas era partilhar,
distribuir os recursos daqueles mais abastados com os que sofriam carência de
recursos ou enfrentavam calamidades, a expressão "financiar a obra do
reino" não é sequer sugerida em nenhuma parte das chamadas Escrituras
Gregas Cristãs.
Isso posto pergunto: Se o corpo governante das
testemunhas de Jeová
é o que afirma ser, por que não age como deveria agir? Por que não usa os
gigantescos recursos que obtêm hoje, da mesma maneira que os cristãos do
primeiro século usavam os parcos recursos que coletavam na época?