A "Obra" Parou de Crescer?

Os números são frios e as estatísticas nem sempre refletem com exatidão a realidade e os fatos. Todavia, a análise e observação dos números estatísticos pode revelar importantes tendências e padrões comportamentais. Tanto é verdade que a própria Sociedade Torre de Vigia sempre mostrou-se extremamente preocupada com os números, contabilizando as assistências em todas as reuniões, assembléias e congressos. Solicitando relatórios de quantidades de horas gastas no serviço de campo, nos estudos bíblicos, nas revisitas, além de número de batizados, de revistas e livros colocados, etc., etc. Graças a esta obsessão da Sociedade pelos números, temos a nossa disposição o material necessário para analisar certos aspectos das estatísticas referentes a diversos fatores da "obra mundial" das Testemunhas de Jeová.

A análise a seguir não tem a pretensão de ser conclusiva ou definitiva, porém não deixa de retratar fielmente o momento atual que atravessa a organização Sociedade Torre de Vigia, capitaneada pelos homens do novo presidente da principal sociedade jurídica, Don Adams, e orientada espiritualmente pelos membros do corpo governante. Os dados utilizados são apenas parciais, utilizando anos finais de décadas como referência. As bases são os anos de 1980, 1990 e 2000, cujos relatórios constam nos anuários de 1981, 1991 e 2001 respectivamente. As estatísticas completas de 1988 à 2000, com todos os detalhes, podem ser encontradas no endereço www.jwic.com/stat.htm.

Foram selecionados os países de maior relevância, aqueles que relataram no ano de 2000 mais de 100 mil publicadores e cujos relatórios já eram publicados em 1981 e 1991. Um total de 14 países, responsáveis por 62% do total de Testemunhas de Jeová em todo o mundo. Foram considerados, em alguns aspectos, os totais gerais indicados.

 

Número médio de publicadores:

PAÍS 1.980 1.990 2.000 VARIAÇÃO (%) VARIAÇÃO (%)
        1980 - 1990 1990 - 2000
ALEMANHA 102.731 150.630 162.932 46,6 8,2
ARGENTINA 34.862 80.981 118.659 132,3 46,5
BRASIL 107.727 277.837 506.888 157,9 82,4
CANADÁ 62.938 97.752 107.742 55,3 10,2
COLÔMBIA 15.111 44.078 101.390 191,7 130,0
EUA 543.457 816.417 945.000 50,2 15,7
FILIPINAS 59.631 100.571 134.257 68,7 33,5
FRANÇA 66.879 111.884 112.149 67,3 0,2
GRÃ-BRETANHA 78.346 115.511 120.592 47,4 4,4
ITÁLIA 81.569 177.066 225.748 117,1 27,5
JAPÃO 53.385 143.399 220.538 168,6 53,8
MÉXICO 94.136 292.023 526.913 210,2 80,4
NIGÉRIA 92.725 138.107 224.978 48,9 62,9
ZÂMBIA 50.708 71.876 103.569 41,7 44,1

 

Alguns países obtiveram índices de crescimento fenomenais na década de oitenta, entre eles Brasil (157,9%), Colômbia (191,7%), Japão ( 168,6%) e México (210,2%). Entre estes porém, somente a Colômbia manteve crescimento compatível na década seguinte (130%), Brasil e México ficaram em torno de 80% e o Japão despencou para pouco mais de 50%. São ainda índices significativos, mas muito menores que os obtidos anteriormente. Importante notar que países desenvolvidos, do chamado primeiro mundo, como Alemanha, Canadá, EUA, França e Grã-Bretanha, tiveram bons índices de crescimento na década de oitenta e índices pífios na década de noventa. Nota-se igualmente, que apenas países sub-desenvolvidos, onde reina a pobreza e a desesperança, foram aquinhoados com índices maiores em relação a década anterior, falamos de Nigéria e Zâmbia, na África.

Analisando agora os índices percentuais de crescimento dos mesmos países no período de um ano, ou seja, entre os anos de 1999 e 2000:

 

PAÍS VARIAÇÃO (%)
ALEMANHA -1*
ARGENTINA 1
BRASIL 5
CANADÁ -1*
COLÔMBIA 5
EUA 0
FILIPINAS 5
FRANÇA -2*
GRÃ-BRETANHA -1*
ITÁLIA 0
JAPÃO -1*
MÉXICO 2
NIGÉRIA 4
ZÂMBIA 7

                          *Crescimento negativo.

A variação percentual de crescimento entre os anos de 1999 e 2000 nos mesmos 14 principais países, confirmam amplamente a tendência verificada com os dados da tabela anterior. Nas nações onde a população é vítima de problemas sócio-econômicos crônicos, onde a esmagadora maioria ainda carece das necessidades básicas de alimentação, habitação, saúde e, em muitos casos, dignidade humana, é onde a promessa de uma terra paradisíaca em breve, pregada pelas Testemunhas de Jeová, conforme orientação de seu corpo governante, encontra mais ouvidos favoráveis. Nos locais em que as pessoas desfrutam de um nível sócio-econômico e cultural mais favorável, não houve crescimento ou então houve crescimento negativo, uma forma de polida de dizer que diminuiu o número de publicadores. O México é uma exceção que confirma a regra. É uma nação pobre, mas teve índice de crescimento no último ano bem menor que o do Brasil, invertendo uma tendência, de crescimento acelerado, existente no final da década de oitenta e início da de noventa. Esta inversão pode ser explicada pelo fato do país estar experimentado um grande desenvolvimento econômico nos últimos anos, o que está elevando a condição social da população para uma posição mais próxima da desfrutada pelos habitantes das nações desenvolvidas. O Japão, talvez por suas características ímpares em relação às nações ocidentais, estava na contramão dos países desenvolvidos, era uma das jóias da coroa da Sociedade Torre de Vigia e exemplo de obra bem feita para as demais filiais, mas os números mostram que o território já está saturado e sofrendo decréscimo de publicadores.

A próxima tabela compara alguns outros fatores dentro dos mesmos parâmetros, os mesmos anos-base, e nesta análise existe mais um resultado interessante à ser considerado:

 

  1.980 1.990 2.000 VARIAÇÃO (%) VARIAÇÃO (%)
        1980 - 1990 1990 - 2000
BATIZADOS (NO ANO) 113.779 301.518 288.907 165,0 -4,2
NÚMERO TOTAL DE PUBLICADORES 2.175.403 3.846.311 5.783.003 76,8 50,4
HORAS EMPREGADAS 339.427.608 895.229.424 1.171.270.425 163,7 30,8
ESTUDOS BÍBLICOS 1.371.584 3.624.091 4.766.631 164,2 31,5
PIONEIROS (MÉDIA MENSAL) 137.861 536.508 805.205 289,2 50,1
GASTOS COM PIONEIROS* (NO ANO)  US$ 22.588.894 US$ 34.302.428 US$ 66.300.000 51,9 93,3

* Pioneiros especiais, missionários e superintendentes viajantes.

 

 

 

 

Conclusão: Com tudo isso, com um alto investimento em dinheiro em missionários e superintendentes treinados e em pioneiros especiais, com mais pessoas pregando, durante uma maior quantidade de tempo, mesmo assim, o número de batizados em 2000 foi menor 4%, em relação ao mesmo número de 1990. 

Contas simples revelam a curva descendente que toma o outrora propagado crescimento do "pequeno que torna-se mil" da Sociedade:

 

 

 

 

 

Não estamos aqui descobrindo a América ou colocando o ovo em pé, nada disso. Nenhum número citado acima é novidade para o pessoal da sede em Brooklyn, New York, que deve estar perdendo noites de sono para encontrar solução para tamanho problema. Certamente já perceberam que não é falta de investimento: nunca se gastou tanto dinheiro na obra. Não é falta de esforço das Testemunhas de Jeová: nunca houve tantos pioneiros, nunca foram empenhadas tantas horas de serviço de campo, nem tantos estudos bíblicos dirigidos. Qual seria o motivo?

Com um pouco de esforço, os dirigentes da Sociedade talvez concluam que o problema é bem outro. Ocorre que, à medida que as pessoas passam a conhecer melhor os seus direitos, percebem que a Sociedade Torre de Vigia tolhe dos seguidores de seus ensinos, o direito divino do livre-arbítrio. O direito de pensar, raciocinar, avaliar as conseqüências e agir por conta própria, sem ser policiado na sua intimidade. Percebem que a Sociedade Torre de Vigia lhe priva do direito de decidir o que fazer quando existe uma necessidade relacionada a um tratamento médico na família e tenta colocar em sua boca as decisões de outros homens, desconhecidos, com suas próprias interpretações de textos bíblicos polêmicos, que se arvoram de poder legislar sobre o certo e o errado, sendo eles próprios tão pecadores e imperfeitos quanto qualquer um de nós.

Se tentarem ser um pouco mais perceptivos, notarão que dentro deste processo de conscientização pelo qual estão passando as pessoas nos países mais desenvolvidos, os direitos humanos são cada vez mais defendidos, e, enquanto a Sociedade Torre de Vigia choraminga pretensas perseguições por parte das nações, ela própria atua de forma decisiva na humilhação, na castração social, na destruição da reputação e dignidade humana daqueles que simplesmente decidem sair de suas fileiras. Agindo desta forma condenável apenas para garantir que os que ficam encarem os que saem como sub-humanos nojentos, fornicadores e traidores desonestos, prevenindo a deserção de eventuais "prosélitos" do "apóstata".

A doutrina surrada do paraíso "em breve", apoiada nas belas ilustrações das publicações, e o formato repressivo de controle e domínio de mentes e atitudes da Sociedade Torre de Vigia pode funcionar muito bem em Zâmbia, na Nigéria, no Brasil e na Colômbia, países pobres terceiro-mundistas, mas já não tem mais o mesmo efeito em lugares com população melhor conscientizada de seus direitos.

 


 

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