CARTA DO CACIQUE SEATTLE
A você querido irmão Umbandista, foi dada uma enorme
responsabilidade.
A você foi lhe dada a oportunidade de sentir e vivenciar os Orixás.
Foi lhe concedido o privilegio de "viver" uma Religião que
possui na Natureza seu templo sagrado.
Saravá minha mãe Iemanjá!Viva seus mares cheios de vida.
Saravá mamãe Oxum!Suas águas são límpidas e cristalinas.
Saravá meu pai Xangô!Suas pedreiras são belas e imponentes.
Saravá meu Pai Oxossi!Suas Matas são ricas e frondosas.
Salve todos os CABOCLOS!
Pois bem, meu irmão de fé; este texto tem a finalidade de lembrar
a você que nós que vivemos neste plano material temos a obrigação e o
dever de preservar o nosso Planeta.
Nosso Planeta é sagrado.
Será que estamos cumprindo com nossa obrigação?
Você já parou para pensar, um minuto sequer, o que você UMBANDISTA,
poderia fazer em prol desta causa?
O site ESTUDANDO A UMBANDA convida seus visitantes - Umbandistas ou não -
a refletirem neste assunto.
Segue abaixo um maravilhoso texto para auxiliar nesta reflexão.
SALVE MEU PAI CABOCLO MATA VERDE!
Nitrix..........
São Paulo, 15/10/2002 - 23:37
"O que ocorrer com a terra, recairá sobre os filhos da terra. Há uma
ligação em tudo"
No ano de 1854, o presidente dos Estados Unidos fez a uma tribo indígena
a proposta de comprar grande parte de suas terras, oferecendo, em
contrapartida, a concessão de uma outra " reserva" . O texto
da resposta do Chefe Seattle distribuído pela ONU ( Programa para o Meio
Ambiente) e aqui publicado na íntegra, tem sido considerado, através
dos tempos, como um dos mais belos e profundos pronunciamento já feitos
a respeito da defesa do meio ambiente.
Como é que se pode comprar ou vender o céu, o calor da terra? Essa
idéia parece estranha.
Se não possuímos o frescor do ar e o brilho da água, como é possível
comprá-los?
Cada pedaço desta terra é sagrado para meu povo. Cada ramo
brilhante de um pinheiro, cada punhado de areia das praias, a penumbra
na floresta densa, clareira e inseto a zumbir são sagrados na memória
e experiência de meu povo. A seiva que percorre o corpo das árvores
carrega consigo as lembranças do homem vermelho.
Os mortos do homem branco esquecem sua terra de origem quando vão
caminhar entre as estrelas. Nossos mortos jamais esquecem esta bela
terra, pois ela é a mãe do homem vermelho. Somos parte da terra e ela
faz parte de nós. As flores perfumadas são nossas irmãs: o cervo, o
cavalo, a grande águia, são nossos irmãos. Os picos rochosos sulcos
úmidos nas campinas, o calor do corpo do potro, e o homem – todos
pertencem à mesma família.
Portanto, quando o Grande Chefe em Washington manda dizer que deseja
comprar nossa terra, pede muito de nós. O Grande Chefe diz que nos
reservará um lugar onde possamos viver satisfeitos. Ele será nosso pai
e nós seremos seus filhos. Portanto, nós vamos considerar sua oferta
de comprar nossa terra. Mas isso não será fácil. Esta terra é
sagrada para nós.
Essa água brilhante que escorre nos riachos e rios não é apenas água,
mas o sangue de nossos antepassados. Se lhes vendermos a terra, vocês
devem lembrar-se de que ela é sagrada, e devem ensinar às suas crianças
que ela é sagrada e que cada reflexo nas águas límpidas dos lagos
fala de acontecimentos e lembranças da vida do meu povo. O murmúrio
das águas é a voz de meus ancestrais.
Os rios são nossos irmãos, saciam nossa sede. Os rios carregam
nossas canoas e alimenta nossas crianças. Se lhes vendermos nossa
terra, vocês devem lembrar e ensinar a seus filhos que os rios são
nossos irmãos, e seus também. E, portanto, vocês devem dar aos rios a
bondade que dedicariam a qualquer irmão.
Sabemos que o homem branco não compreende nossos costumes. Uma porção
de terra, para ele tem o mesmo significado que qualquer outra, pois é
um forasteiro que vem à noite e extrai da terra aquilo de que
necessita. A terra não é sua irmã, mas sua inimiga, e quando ele a
conquista, prossegue seu caminho. Deixa para trás os túmulos de seus
antepassados e não se incomoda. Rapta da terra aquilo que seria de seus
filhos e não se importa. A sepultura de seu pai e os direitos de seus
filhos são esquecidos. Trata sua mãe, a terra, e seu irmão, o céu,
como coisas que possam ser compradas saqueadas, vendidas como carneiros
ou enfeites coloridos. Seu apetite devorará a terra, deixando somente
um deserto.
Eu não sei, nossos costumes são diferentes dos seus. A visão de
suas cidades fere os olhos do homem vermelho. Talvez seja porque o homem
vermelho é um selvagem e não compreenda.
Não há um lugar quieto nas cidades do homem branco. Nenhum lugar
onde se possa ouvir o desabrochar de folhas na primavera ou o bater das
asas de um inseto. Mas talvez seja porque eu sou um selvagem e não
compreendo. O ruído parece somente insultar os ouvidos. E o que resta
da vida se um homem não pode ouvir o choro solitário de uma ave ou o
debate dos sapos ao redor de uma lagoa, à noite?
Eu sou um homem vermelho e não compreendo. O índio prefere o suave
murmúrio do vento encrespando a face do lago, e o próprio vento, limpo
por uma chuva diurna ou perfumado pelos pinheiros.
O ar é precioso para o homem vermelho, pois todas as coisas
compartilham o mesmo sopro – o animal, a árvore, o homem, todos
compartilham o mesmo sopro. Parece que o homem branco não sente o arque
respira. Como um homem agonizante há vários dias, é insensível ao
mau cheiro. Mas se vendermos nossa terra ao homem branco, ele deve
lembrar que o ar é precioso para nós, que o ar compartilha seu espírito
com toda a vida que mantém. O vento que deu a nosso avô seu primeiro
inspirar também recebe seu último suspiro. Se lhes vendermos nossa
terra, vocês devem mantê-la intacta e sagrada, como um lugar onde até
mesmo o homem branco possa ir saborear o vento açucarado pelas flores
dos prados.
Portanto, vamos meditar sobre sua oferta de comprar nossa terra. Se
decidirmos aceitar, imporei uma condição: o homem branco deve tratar
os animais desta terra como seus irmãos.
Sou um selvagem e não compreendo qualquer outra forma de agir. Vi um
milhar de búfalos apodrecendo na planície, abandonados pelo homem
branco que os alvejou de um trem ao passar. Eu sou um selvagem e não
compreendo como é que o fumegante cavalo de ferro pode ser mais
importante que o búfalo, que sacrificamos somente para permanecer
vivos.
O que é o homem sem os animais? Se todos os animais se fossem, o
homem morreria de uma grande solidão de espírito. Pois o que ocorre com
os animais breve acontece com o homem. Há uma ligação em tudo.
Vocês devem ensinar às suas crianças que o solo a seus pés é a
cinza de nossos avós. Para que respeitem a terra, digam a seus filhos
que ela foi enriquecida com as vidas de nosso povo. Ensinem às suas
crianças o que ensinamos às nossas, que a terra é nossa mãe. Tudo o
que acontecer à terra, acontecerá aos filhos da terra. Os homens
cospem no solo, estão cuspindo em si mesmos.
Isto sabemos: a terra não pertence ao homem; o homem pertence à
terra. Isto sabemos: todas as coisas estão ligadas como o sangue que
une uma família. Há uma ligação em tudo.
O que ocorrer com a terra recairá sobre os filhos da terra. O homem
não tramou o tecido da vida; ele é simplesmente um de seus fios. Tudo
o que fizer ao tecido, fará a si mesmo. Mesmo o homem branco, cujo Deus
caminha e fala com ele de amigo para amigo, não pode estar isento do
destino comum. É possível que sejamos irmãos, apesar de tudo.
Veremos. De uma coisa estamos certos – e o homem branco poderá vir a
descobrir um dia; nosso Deus é o mesmo Deus. Vocês podem pensar que O
possuem, como desejam possuir nossa terra; mas não é possível. Ele é
o Deus do homem, e Sua compaixão é igual para o homem vermelho e para
o homem branco. A terra lhe é preciosa, e feri-la é desprezar seu
criador. Os brancos também passarão; talvez mais cedo que todas as
outras tribos. Contaminem suas camas, e uma noite serão sufocados pelos
próprios dejetos.
Mas quando de sua desaparição, vocês brilharão intensamente.
Iluminados pela força do Deus que os trouxe a esta terra e por alguma
razão especial lhes deu o domínio sobre a terra e sobre o homem
vermelho. Esse destino é um mistério para nós, pois não
compreendemos que todos os búfalos sejam exterminados, os cavalos
bravios sejam todos domados, os recantos secretos da floresta densa
impregnados do cheiro de muitos homens e a visão dos morros obstruída
por fios que falam. Onde está o arvoredo? Desapareceu. Onde está a águia?
Desapareceu. É o final da vida e o início da sobrevivência.
Tradução – Irina O . Bunning |