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Asfalto
Nita
Ferreira
Olho
de mim
Todas as ruas
Becos e avenidas
Todas as mortes
E todas as vidas
E desencontro-me
Nas dores
Das minhas feridas
Mas de novo me encontro
Sou pilar e prossigo
E o meu peito aberto
Pedra angular vai
liberto
E sem abrigo
Disperso-me
Perco-me de mim
Envolvo-me assim
Embrenho-me
Na vida e enlevo-me
Embebo-me no risco
Risco e arrisco
E petisco
E tenho-me
E detenho-me
Acendo-me
Ateio-me
E incendeio-me
Mas
Apago-me assim
E absorvo-me
Em todas as ruas
E vielas de mim
Também nas estradas
E avenidas
Nas mais largas
E compridas
E aí me encontro
E desencontro
Em todas as mortes
E vidas
E
percorro-me
E sinto-me
Vivo-me e penso-me
Repenso-me
No erro acertei
No certo errei
E avanço
Determinada
À estrada
Mas não, não sei
Se no asfalto da vida
Me perdi
Ou me encontrei
2006-06-06
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Asfalto
HerLânder
Lobão
Olho de mim
Todas as ruas
Escuros becos e vielas
E dou por mim
Vendo-as apenas nuas
As
avenidas despidas
As dores das feridas
sentidas
Deixo-as para trás no
asfalto
Peito aberto
Vou liberto
À procura do
horizonte
Venço as mortes da vida
Mato vidas que pensei
Escorre o suor da fonte
E sinto que não cheguei
No
asfalto abrasador
Tento derreter a dor
E sem guarida
Não sei
Se no asfalto da vida
Me perdi ou me encontrei
2006-06-06
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