por: Adinilson Martins
A Alegoria da Caverna na Alegoria do Cinema
 
 
 

O mito

Na antiga Grécia, Por volta do século IV antes de Cristo, o filósofo Platão escrevia suas obras, seus numerosos diálogos. No denominado Livro VII de A República, Platão "descreve" um diálogo entre seu admirado amigo Sócrates e Glauco. Sócrates, um dos mais cérebres filósofos ocidentais, senão o maior, convida Glauco a imaginar uma caverna subterrânea onde lá dentro se encontram, desde a infância, alguns homens amarrados pelas pernas e pelo pescoço de tal modo que permanecem imóveis e podem olhar apenas para a frente, pois as amarras não lhes permitem voltar a cabeça. Num plano superior, atrás dele, arde um fogo a certa distância e entre o fogo e os prisioneiros eleva-se um caminho ao longo do qual imagina que exista um muro baixo. Ao longo desse pequeno muro passam homens carregando grande variedade de objetos cujo a altura desses ultrapassa a altura do muro. São estátuas e figuras de animais feitas de pedra, madeira e outros materiais diversos. Entre esses carregadores há, naturalmente os que conversam entre si e os que caminham silenciosamente. Além de si e seus companheiros, os prisioneiros vêem na parede da caverna a sombra dos objetos a passar, e ouvem o eco das vozes dos carregadores.

Por mais dedutível ou semelhante que possa parecer, apesar de bastante grotesco, Sócrates não estava construindo ao seu discípulo uma equivalência profética de uma futurística visão da existência do cinema, naquela sua época de pedras, cavalos, espadas e embarcações de madeira. Mas continuemos a observar a construção do Filósofo.

Dentro da lógica dos fatos que cria, ele coloca que aqueles homens, absolutamente, não pensariam que a verdadeira realidade pudesse ser outra coisa senão as sombras dos objetos refletidas na parede, conclusão esta que Glauco concorda prontamente.

Então Sócrates prossegue propondo imaginar-se agora que um daqueles homens seja subitamente libertado das suas amarras e forçado a levantar, virar o pescoço, caminhar e enxergar a luz do fogo, porém tais movimentos , obviamente, o faria sentir fortes dores e ter a vista ofuscada pela luz, fato que comprometeria a visão dos objetos reais que agora ele tinha diretamente diante de si, nessa maior proximidade da realidade. Mesmo que orientado do que via e do que agora vê, o homem, devido aos efeitos da ação que se submeteu, se interpelado sobre qual das duas visões seria a mais verdadeira, ficaria embaraçado e diria que o que contemplava anteriormente seria mais verdadeiro do que os objetos que lhe são mostrados agora. Ainda se este mesmo homem fosse abruptamente afastado do interior da caverna à força e conduzido à presença do próprio sol, além de se indignar pelo modo que foi remanejado, a luz mais intensa do sol agravaria o ofuscamento do seus olhos de modo a não lhe permitir discernir nenhum dos seres considerados verdadeiros nesse novo ambiente. Mas, após um certo tempo, ele se habituaria gradativamente às novas condições e passaria a enxergar os objetos daquele novo universo: o reflexo nas águas, a luz das estrelas, da lua e até a do próprio sol, passando a contempla-lo tal qual como ele é, passando inclusive a compreender a sua influência nas estações do ano e na vida que ele passou a perceber. Glauco concorda com Sócrates em ver-se aí um homem feliz por haver mudado, e que possivelmente lamentaria pelo estado que permaneciam ainda os seus companheiros da caverna.

Sócrates acrescenta na sua alegoria que, se naquela caverna houvesse o costume de conferir honras, louvores e recompensas àqueles que fossem capaz de prever eventos futuros (com relação à passagem das sombras, é claro), este homem que tinha de lá saído, invejaria os premiados e sentiria ciúmes dos companheiros que por esse meio, alcançaram a glória e o poder. Então ele decidiria retornar a viver como antes, voltando para a caverna; é como conclui Glauco a cerca das novas colocações de Sócrates.

Sócrates deixa explícito no início do seu diálogo com Glauco, que tem o interesse de comparar esta situação metafórica por ele criada, com a nossa alma em relação a educação ou a falta desta. De fato A República compreende um projeto de uma Cidade-modelo idealizada por Platão e que seria governada por filósofos, pois para Platão a autêntica filosofia é necessária a política, por ser a única capaz de fornecer o meio de observar, de um modo geral, em que consiste a justiça tanto nas questões privadas quanto públicas. Logo uma educação minunciosa deve ser dada aos melhores guardiães, com o objetivo de prepara-los para serem filósofos encarregados de assegurar a manutenção da direção da cidade. Como se vê, todo o diálogo está em campo exclusivamente teórico e com objetivo bastante definido e específico, apesar de, como literatura, possibilitar vastas abstrações em torno do tema. Mas definitivamente não se pode assegurar que tratavam, ou se quer aludiam o assunto cinema.

 

A caverna e o cinema

Com o avançar das épocas e dos recursos da humanidade, apuraram-se as tecnologias e a partir delas surgiu o cinema, do qual podemos remeter uma interpretação de uma materialização moderna bastante semelhante às imagens da metáfora construída pelo admirado filósofo grego: temos o projetor no lugar da luz do fogo, temos a película no lugar dos objetos que passavam atrás do muro e mantemos a caverna, porém absolutamente mais confortável. Também grande parte dos homens a frequentam desde criança, mas não obrigados e amarrados. Eles são seduzidos pelo conteúdo e qualidade das imagens projetadas na parede cuidadosamente plana dessa agradável caverna moderna, chamada cinema. A semelhança das imagens projetadas no cinema com a realidade dos homens é tão grande ou tão próxima ou tão interdependente, que seria hoje bem mais difícil para o educador da metáfora de Sócrates convencer um homem, arrastado de dentro do cinema, que o que se vê no mundo fora dele é mais verdadeiro do que se vê na tela daquele. Como diz Waldemar Zusman no seu livro "Os filmes que eu vi com Freud" : "...descobre-se dados de sua biografia que se interconectam com certos trechos da película." ... "Há filmes que nos deixam reconciliados com a vida. Outros nos revolvem a alma, geram ansiedades insuportáveis e curiosidades insanáveis." Nessa moderna caverna a nossa visão também sai ofuscada.

Além de todas as semelhanças físicas entre a descrição do filósofo e o cinema, o mais interessante, é quando o cinema, utilizando de eloquencia metalinguística, decide reproduzir, intencional ou não-intencionalmente (não sei) uma versão da Alegoria da Caverna de Sócrates. O tema gira em torno do mesmo: abordar o valor de realidade que se dá às sombras projetadas na parede e suas implicações. O filme fala de si mesmo, dentro de si mesmo. Esta foi a empreitada de o O Último Grande Herói (Last Action Hero - 1993), estrelado, acreditem, por Arnold Scwarzenegger.

 

O filme

O personagem principal de O Último Grande Herói é um garoto de nome Daniel Madigan que é um fanático pelos filmes de Jack Slater, um herói policial de uma série de filmes apresentados dentro deste filme. O espectador de O Último Grande Herói começa, sem perceber, assistindo o filme Jack Slater III que inicia com uma tradicional negociação sem sucesso entre a polícia fardada e um bandido sequestrador, quando chega o herói, calçado com suas botas de couro de cobra, jeans, camiseta e jacketa de couro, caminhando firmemente com ar de superioridade sobre os carros da polícia. Se encaminha austero ao terraço do prédio para se acertar com o vilão que tem uma criança como refém. Como previsível, após acender aquele charuto cinematográfico, ele dá um jeito de atacar o bandido no seu momento de descuido para resolver o caso (heróis não negociam. Eles vencem). Mas o bandido ainda consegue lançar uma machadinha rodopiante no herói que se desvia espetacularmente, e quando este se prepara para o contra ataque a cena perde literalmente o foco para todos nós. Mas a imagem desfocada do filme que estamos assistindo se afasta gradativamente e começa a mostrar o interior de um cinema. E só a partir daí, podemos dizer que entramos de fato no filme O Último Grande Herói . Naquele cinema, somente o garoto Daniel estava assistindo o filme do seu herói quando aconteceu o problema com a projeção. Então ele grita para acertarem o foco e resolve subir à cabine do projetor onde o velho, Sr. Nick, amigo do garoto e responsável pela projeção tinha caido no sono. Na discussão do problema, Daniel afirma que ja havia assistido aquele filme do Jack Slater III seis vezes; resolvem então deixar pra lá o acerto da imagem. O velho Nick, talvez numa intenção de recompensar o garoto, diz que, sozinho, vai testar uma cópia do Jack Slater IV a meia noite (hora das coisas estranhas) e convida ele para assistir. Brincando o Daniel diz: "Quem eu tenho que matar?" - pra ver o filme) o velho responde que ninguém, mas que ele deve ir agora para a escola porque ja esta atrasado 4 horas.

Os críticos afirmam que as cenas do filme Jack Slater III que começamos assistindo com o garoto representam uma caricatura dos filmes daquele mesmo gênero, como Cobra (com Sylvester Stalonne) e vários outros com o próprio Schwarzenegger. Esta caricatura, de fato, é bem explícita pois faz parte da argumentação que constrói O Último Grande Herói, e talvez este fato é que tenha facilitado a conclusão dos críticos, pois vários filmes do gênero, apesar dos exageros iguais ou maiores, não são vistos como caricaturas; são comumente analisados pela sua capacidade de entretenimento do público e pelo poder dos seus recursos técnicos, que mantêm ou não uma coesão da trama do filme, como observaremos mais adiante.

Daniel é um garoto que tem uma vida pacata, entediada. Mora com a mãe viúva num pequeno apartamento que não tem nem um vídeo cassete nem um aparelho de som, como afirma um assaltante que invade o apartamento para rouba-lo enquanto sua mãe está no trabalho. A sala de aula da escola também é chata, a não ser quando ele resolve usar a imaginação, como costuma fazer o pequeno Calvin das revistas em quadrinhos. No caso dele acontece quando a professora numa aula de literatura fala de Shakespeare. Diz que Hamlet, foi o primeiro herói de ação: "traição, conspiração, sexo, lutas de espada, loucura, fantasmas e que no final todos morrem. "Hamlet de Shakespeare é excitante. Embora pareça incapaz de agir, ele na verdade é um dos primeiros heróis de ação", afirma ela. Então ela roda uma versão filmada de Hamlet por Laurence Olivier: "...ventre negro como a morte...ajudem anjos, todos devem estar bem...(diz Claudius) " "agora ele ora, irei agora (diz Hamlet no desejo de matar seu tio) com a faca em punho a música, aumenta e Hamlet prepara o golpe e derrepente pára refletindo: "...assim ele vai para o céu..." nesse momento o garoto na sua carteira escolar de olhos vidrados que passaram a se interessar pela cena em preto e branco diz: "Não fale! Faça!". Hamlet continua sua introspecção, mas quando a imagem do filme de Olivier retorna, quem ocupa as roupas e o lugar do ator de Hamlet agora é Arnold Schwarzenegger acendendo um charuto com o tradicional isqueiro do cinema de gangsters enquanto diz: " Ei, Claudius, você matou meu pai. Um grande erro." nesse momento suspende Claudius ao alto com seus braços de 55 cm de bíceps e o joga pela janela do castelo enquanto o narrador anuncia: "Há algo de podre no reino da Dinamarca, e Hamlet vai remover o lixo." neste momento Arnold aparece sentado na pedra compenetrado no crânio humano em sua mão, mas abruptamente lança-o na cabeça de um guarda do castelo, puxa uma espada com a agilidade de Conan o bárbaro, mata outro guarda que esta próximo dele e ja corta a cortina, onde aparece o velho dizendo: "recue, justo príncipe" então o "Hamlet Schwarzenegger" responde: "Quem disse que sou justo?" e nesse momento ja esta com uma metralhadora. Metrallha o velho e sai metralhando todos. Um frenesi toma conta das cenas. Ele sai caminhando e atirando em tudo que se move, demonstrando sua expressão de "Exterminador do futuro". E o narrador prossegue: "Ninguém dará boa noite a esse doce príncipe." Hamlet Schwarzenegger acendendo outro charuto, da mesma forma que ascendeu antes de atacar o vilão de Jack Slater III, ironiza a introspecção: "Ser ou não ser?... não ser." (conclui ele) e o castelo começa a explodir atrás dele espetacularmente. Tudo produzido pela imaginação do garoto Daniel.

 

O protagonista

Como os alunos de Jenaro Talens que ele citou no seu livro Escritura contra simulacro - El lugar de la literatura en la era eletrónica, Daniel faz parte de um público acostumado a assistir o discurso multimídia moderno, bastante ilustrado, sonorizado e com velocidade. Menos perguntas e reflexões e mais ação e conclusividade. Jenaro conta um episódio interessante que ocorreu na sua sala de aula: enquanto professor, pediu aos seus alunos que apresentassem suas opiniões sobre uma entrevista que Sadam Hussein (outubro de 1990) havia concedido à um canal de noticias na noite anterior. Para o espanto de Jenaro, seus alunos abandonaram o canal da TV CNN que apresentava a entrevista não porque discordavam ou desacreditavam do que Sadam dizia, mas sim porque as imagens fixas de um homem falando compassadamente em árabe e ainda com tradução simultânea, não eram atrativas. Mesmo que fosse evidente que este homem era um dos grandes responsáveis pela eminência de desencadear, poucos meses depois, a que seria chamada Guerra do Golfo. Como a entrevista era ao vivo, a tecnologia não teve tempo ou talvez não quis trabalhar uma superprodução para o evento, mas por outro lado, na guerra providenciou o espetáculo que todos queriam ver. Como Jenaro coloca neste mesmo livro, programas de auditório estouraram a audiência ao mostrar o poder e as imagens da alta tecnologia bélica atuando de verdade naquela guerra. O poder da tecnologia era o espetáculo. Os motivos da guerra, os envolvidos, os mortos, os desabrigados e os horrores, vinham em segundo plano ou nem vinham. Não podia competir com as mirabolantes explosões e luzes dos morteiros na noite do oriente, mostradas pela televisão. Mas voltemos ao nosso protagonista.

A vida que Daniel experiencia o faz rejeitar o seu mundo. O mundo real, de cima, de fora da caverna com suas coisas que chamamos realidades, como coloca Sócrates na Alegoria da Caverna. Então, já em sua casa, entre o livro de matemática e o chato desenho animado repetido da televisão, ele ansioso, decide que está na hora de voltar ao cinema do seu amigo para assistir o teste da fita do filme Jack Slater IV conforme havia combinado.

 

De volta ao filme

Molhado da chuva Daniel é recebido pelo velho Nick que já o esperava e divertindo-se com o garoto, esta formalmente vestido com a roupa e chapéu oficial de recepcionista de cinema, inclusive oferecendo a Daniel o ingresso para ver o filme, coisa que não precisava, mas, neste caso trata-se de um ingresso especial que o velho assegura que ganhou de Houdini quando era criança. Houdini disse que era um ingresso mágico e que havia ganhado do melhor mágico da índia que ganhou do melhor mágico do Tibet "é um passaport para outro mundo, era meu e agora é seu... agora é seu", conclui Nick. O recepcionista rasga o ingresso, entrega o canhoto ao garoto que sorridente e com seu pacote de pipoca brilha seus olhos na abertura do filme lançamento Jack Slater IV. Começamos então a assistir o terceiro filme dentro do filme, talvez o quarto, se considerarmos que o Hamlet foram dois. Mas indo direto ao que nos interessa, é nessa parte que acontece o que denominamos de "fantástico" na literatura. Numa perseguição de carros, previsivelmente, recorrente nos filmes policiais de aventura e ação, os bandidos lançam um pacote de dinamite no herói Jack Slater, mas, por efeito do ingresso mágico, o dinamite sai da tela e acaba caindo no corredor do cinema, bem ao lado de Daniel, que espantado, sai correndo quando ocorre a inevitável explosão.

A próxima imagem que vemos após esta reluzente explosão é Daniel acordando no banco traseiro do carro conversível do seu herói, o que nos faz deduzir que "o fenômeno" ocorreu por efeito da mágica do ingresso. O carro ainda esta sendo perseguido e baleado pelos bandidos. E depois de espetacularmente, claro, escaparem dos bandidos e destruí-los o garoto satisfeito no carro do herói percebe empolgado que está dentro do filme Jack Slater IV , o qual é agora o filme que estamos assistindo com a inserção "extraordinária" do personagem Daniel Madigan, do filme O Último Grande Herói. Daniel grita o nome do seu amigo Nick, dizendo que Houdini estava certo, enquanto Jack acende um charuto com uma banana de dinamite antes de lança-la sobre os bandidos espalhados sobre destroços, finalizando definitivamente a perseguição.

Mas por inexplicadas razões, a partir daí , o garoto passa o tempo inteiro tentando convencer o seu herói de que eles estão no cinema e que aquilo é um filme e que todos são personagens fictícios. Ele utiliza argumentos como: Na vida real o chefe de Jack Slater não o determinaria como seu novo parceiro detetive e sim o encaminharia para uma instituição social (como a FEBEM - legendas). Tenta convencer também antecipando todas as falas clichês do seu herói como: "a big mistake!" ,"I’ll be back" etc, e também coloca que no filme não há mulheres feias e questiona retoricamente onde estariam as mulheres comuns. Como último recurso ele decide mostrar o ingresso mágico à Jack, mas este não funciona naquele momento. De Jack ele nada consegue a não ser irritação e classificação de louco.

Daniel acaba se metendo com o vilão principal de Jack Slater IV sendo que este chega a captura-lo com a ajuda dos seus capangas e desconfiado interpela-o por ele saber tanto sobre sua vida (também) e sobre o que ele havia falado (Daniel tinha assistido todo o início do filme antes de passar a personagem deste, logo acompanhou os diálogos iniciais do vilão). Mas o grande herói aparece exatamente na hora que se precisa dele e põe o vilão Benedict pra correr, contudo ele leva a carteira e o ingresso mágico do garoto. Os heróis persseguem e voltam a se encontrar o vilão na sua casa. Então, após uns socos, Jack lança o vilão na parede e este misteriosamente a ultrapassa. Jack comenta que costumava ficar um buraco, quando então Daniel constata e explica que se trata da magia do seu ingresso que Benedict roubou e mostra que o portal ainda esta aberto e que eles devem ir para seu mundo agora. Jack hesita e diz que não se espanta mais pelo garoto ser louco, na concepção dele, mas sim por ele estar certo, e acabam passando para o mundo "real" de Daniel.

Observamos que no início do filme Daniel podia ser visto como um daqueles homens da caverna de Sócrates, talvez o que foi libertado e arrastado para fora, para a superfície, mas seduzido pelas "premiações" da caverna, retornava à ela. No caso de Daniel a sua enfadonha vida como as obrigações escolares e familiares é que o arrastam da caverna que o premia com um agradável embebimento no mundo da fantasia. Agora, nessa parte do filme que nos encontramos, os papéis se aprofundam. Daniel que não gosta do mundo "real" que vivia, ironicamente passa a representar a figura do "educador" que liberta e arrasta o homem da sua ilusão e que agora é representado por Jack, e o conduz para o mundo "real".

Daniel alerta Jack Slater que "aqui" (no mundo "real" dele) tudo é diferente. O que Jack confirma quando atira várias vezes no taxi que Benedict foge, anunciando uma explosão que não acontece, mas que acontecem com naturalidade nos filmes do gênero. Ainda preocupado em capturar o vilão, Jack da um soco no vidro de um carro (uma alusão à filmes como O Exterminador do Futuro onde tais socos são comuns) para o utilizarem na perseguição do bandido, mas comenta que sua mão dói de verdade, o que tem o objetivo de reforçar que o mundo de Daniel é realmente "real". "Verdade" esta que perceberemos que O Último Grande Herói não vai conseguir sustentar por muito tempo até o seu "The End".

Eles acabam perdendo Benedict de vista e Jack então virando-se, vê um imenso out-door onde esta estampada "a grande revelação": sobre sua própria imagem esta anunciando um filme, cujo ele, Jack Slater, é interpretado nada mais nada menos que por: Arnold Schwarzenegger. Ou seja, ele sempre foi um personagem do ator real Arnold Schwarzenegger. Absorto, ele pede para sentar e então eles voltam para o cinema de Nick, de onde vieram, para quem Jack revela sua tristeza em descobrir que é imaginário, que criaram tudo pra ele, pesadelos e etc. Revela-se insatisfeito porque a vida dele tem sido um filme. Nick senta ao lado de Jack e diz que existem coisas muito piores do que filmes, tais como políticos, guerra, florestas em chamas, fome, pragas, doenças, dores, prostitutas, políticos... Jack interrompe e diz a Nick que ele já mencionou "políticos" e o velho confirma que sim e que os mencionou duas vezes porque eles são duas vezes piores que todos os outros problemas. Certamente porque eles não são os autênticos filósofos que Platão pretendia que fossem em.

 

A vida na superfície

Observamos que a descrição da vivência do homem, protagonista do mito de Sócrates, fora da caverna, limitou-se em abordar sua visão que ele passou a ter dos objetos ditos reais, como os reflexos da água, as estrelas, a lua, o sol, etc. Além disso, apenas citou a compreensão que ele adquiriu das estações do ano e um pouco mais sobre o entendimento da vida, e concluiram que ele se encontrava assim feliz naquela situação, por estar, de fato, em contato com a realidade. Para os objetivos do raciocínio que Sócrates conduzia, esses detalhes daquela situação eram suficientes naquele momento. Mas na situação equivalente que é construída pelo O Último Grande Herói, vai-se mais além na exploração do mundo da superfície, do mundo considerado real. Percebemos isso na opinião do velho Nick sobre seu mundo, e mais adiante repetidamente reforçada por várias vezes no decorrer do filme.

Nessa maior exploração do mundo da superfície que se vê no filme, percebemos que, entre seus diversos temas, este apresenta uma denúncia da violência, sobretudo na cidade de Nova York, onde se passa um trecho que Benedict, após sua escapada do herói, caminha pelos guetos dessa cidade, fazendo uma espécie de reconhecimento do novo mundo que veio fazer parte. Após se surpreender pela abordagem de uma prostituta (feia, porque é o mundo "real"), ele testemunha um assassinato bem próximo dali e fica impressionado por não haver gritos nem espanto dos que passavam pelo local durante o ato criminoso. Mas como ele é um vilão a sua surpresa não é piedosa e sim excitante, até irônica, ele decide verificar o que chama de sua teoria: atira e mata um mecânico e fica olhando no relógio para ver quanto tempo leva para alguém aparecer. Ninguém aparece e ele decide gritar várias vezes que matou alguém para reforçar a conclusão de sua experiência. "Assassinei e quero confessar" grita ele. A única coisa que ouve é alguém dizendo pra se fazer silêncio aí embaixo. O vilão sai contente.

 

Os propósitos das alegorias

A partir daqui, começamos a distinguir bem os motivos para qual foram criadas as duas alegorias aqui abordadas: a da caverna e a do cinema (no filme em questão). Como mencionado anteriormente, Sócrates desejava exemplificar o comportamento do homem perante ao processo de adquirir e possuir ou não a educação, no seu termo mais abrangente, voltando-se à conceitos de realidade e ilusão. Seu raciocínio toma continuidade, abordando o conceito do bem e sua equivalência com o sol que por sua vêz foi comparado ao fogo dentro da caverna, quando então envereda-se pela abordagem dos processos de aprendizagem, conhecimento, mundo das coisas, mundo das idéias e assim por diante. Em rumo diferente, o filme, paradoxalmente em si mesmo, apresenta um objetivo de satirizar e extinguir (a partir do próprio título) a figura do herói, ao mesmo tempo que este mesmo herói se revela, espetacularmente, o herói de todos os filmes dentro do filme e desse próprio filme (possivelmente representa os produtores num terrível impasse entre destruir ou não o seu ganha pão). Soma-se ainda um contra ataque ao sistema, pois, por um instinto de proteção à indústria cinematográfica , mais do que denunciar a violência do mundo real, esse filme deseja defender seu ramo, demonstrando na sua dramatização, que o mundo real é bem mais violento e cruelmente indiferente à violência do que as produções cinematográficas acusadas de apresentarem uma alta violência gratuita.

Ainda na intenção de preservar o principal produto do cinema, o herói, como produto do cinema, este é ridicularizado quando está no mundo "real" o que configura uma inversão interessante, pois o homem de A Alegoria da Caverna foi ridicularizado pelos seus companheiros somente quando retornou à caverna: Jack que já havia apresentado um desgosto em relação à vida que tinha, estava na casa de Daniel e enquanto este dormia no sofá, ficou conversando à noite inteira na cozinha com a mãe do garoto e até o amanhecer, quando Daniel acorda e, após os dois passarem-no mais sermões sobre preocupações de mãe e cuidados que ele deve tomar, Jack fala empolgado que adorou ter ficado com uma pessoa simplesmente conversando um longo tempo. Ele disse que nunca tinha feito isso (estava sempre em ação nos seus filmes que eram sua vida). Ainda ocorre de Jack pedir para a mãe de Daniel aumentar o volume do rádio que esta em cima da geladeira e demonstra-se emocionado com a música clássica de Mozart que toca. Mais tarde ele apresenta-se contente ainda por estar sobre um prédio contemplando a cidade. Jack, se considera feliz no mundo "real", exatamente como se sentiu o homem que foi conduzido ao mundo real na Alegoria da Caverna. Porém essa felicidade do homem que saiu do mundo da ilusão e fantasia é depreciada por Daniel que arraigado a sua adoração pela fantasia e pelo herói, diz que sua mãe o transformou em um babaca. E de volta as ruas de Nova York à procura de Benedict, numa tentativa de encontrar pistas, Daniel inconformado coloca que não será fácil encontra-las, pois no mundo "real" as pistas não são tão fáceis de se encontrar como nos filmes, e conclui irritado dizendo: "Este mundo não presta!", mas Jack responde com energia : "o mundo é como o fazemos ... você acredita em mim nos filmes, por que não aqui ? " , Daniel responde: "porque aqui você..." talvez fosse dizer que ele é babaca novamente ou impotente, mas desiste e faz-se um silêncio constrangedor. Jack sai caminhando bastante desapontado. Mas como diz o narrador de George o Rei da Floresta (George of the jungle 1997) toda grande história tem uma grande coincidência, então nesse exato momento Daniel, ao virar-se expressando arrependimento por ter magoado seu herói, avista Benedict sair de um cinema do outro lado da rua, onde foi, por meio do ingresso mágico, buscar o vilão do filme Jack Slater III para vir ajudá-lo a destruir Jack em O último Grande Herói. Apartir daí, ação e aventura e exageros como de rotina nos filmes do gênero, até que os vilões sejam destruídos.

 

De volta à " caverna"

Muitas ambiguidades entre realidade e fantasia ainda acontecem, como o encontro face a face de Jack Slater e Arnold Schwarzenegger, representando o próprio. Mas direto ao que mais nos interessa, próximo ao final do filme Jack acaba baleado seriamente e irá morrer se permanecer no mundo "real" , então a única maneira de salva-lo é levando-o de volta ao mundo dos filmes, onde o herói nunca morre. Daniel devolve seu amigo ferido ao filme Jack Slater IV e se despede com tristeza ao se separar dele. Coerentemente com seus valores, Daniel diz que Jack para ele é real, que é uma das melhores coisas e que precisa dele. Jack responde que precisa de Daniel lá fora acreditando nele e pede para ele voltar ao seu mundo e cuidar da sua mãe, quando nesse momento recobra na sua expressão a felicidade que experimentou no mundo "real" e vai dizendo de "como gostaria de...". mas não completa. Talvez fosse dizer como gostaria de viver lá naquele mundo "real" sempre podendo conversar com as pessoas e com a mãe de Daniel enquanto podia também ouvir Mozart. Daniel diz que tem medo de jamais vê-lo (medo de o herói ter sido extinto. Um remorso pelo risco de o filme ter atingido o que propôs), mas Jack diz-lhe que quem pensa assim esta cometendo um "big mistake!" e de fato ele estava certo. Pois de volta ao seu filme, são e salvo, apesar de, aos gritos, afirmar ao seu chefe que agora sabia quem era e que aquilo era um filme, que hollywood escrevia suas vidas e que não ia mais matar, explodir prédios, etc, ele volta no ano seguinte, por meio do filme True Lies ( True Lies - 1994 ) , ao nosso mundo real como o personagem Harry Tasker.

(True Lies é um filme que poderia se chamar Jack Slater V, pois apresenta todos os clichês, absurdos e exageros que foram satirizados no seu antecessor. Porém com duas diferenças significantes: não fala de sí mesmo e, ao contrário do anterior, foi um sucesso de público e crítica, mesmo recebendo este nome sugestivo próximo até de algo como "Only Lies" , mesmo porque concluímos que o que o herói Jack Slater disse no final do filme ao seu chefe foi uma "big lie!". Mas retornemos as análises comparativas das alegorias. Retomaremos este outro filme mais adiante.)

Como o homem da Alegoria da Caverna, Jack Slater, mesmo apreciando e se sentindo feliz no mundo "real" que vivenciou, não resistiu manter-se longe do seu mundo de fantasia e para ele retornou. Continuando a inversão que observamos em relação ao mito, ao contrário daquele que foi ridicularizado e sofreu no seu retorno à caverna, ficou nítida a impressão de que o homem (Jack) do filme, nitidamente, se readaptou com sucesso, o que de fato se confirma nos seus filmes posteriores, mesmo porque esse recorrente personagem "mentiu" no final do seu filme após ter dito a verdade ao seu pequeno amigo enquanto despediam. Mas esse é o seu papel, o texto do seu espetáculo e da fantasia que ele e seus produtores nos oferecem sedutoramente.

 

Opiniões sobre o filme

O Último Grande Herói, escrito por Zak Penn e Adam Leff, e dirigido por John McTiernan, (Schwarzenegger foi produtor executivo) está enquadrado nos gêneros de ação, aventura e comédia. De fato ele contempla todos os pré requisitos para estes gêneros, mas com certeza não se limita a estas classificações. Há algo mais na trama do filme, porém, falta um termo que abranja este "algo mais", ou este, de algum modo, foge ao scopo de análise dos crítico ou até foge ao seus interesses e inclusive da grande maioria do público. Talvez o embaraço que demonstra os homens modernos diante desse "algo mais" deste filme é semelhante ao embaraço e ofuscamento nas vistas que sofre inicialmente o protagonista do mito de Sócrates.

Este filme foi lançado em 1993 e foi um fracasso de bilheteria e crítica. As pontuações foram na grande maioria abaixo da metade da nota máxima, a maioria bem abaixo. "Um desajeitado jogo de realidade x fantasia, uma auto paródia dos filmes de ação do próprio Schwarzenegger, no máximo uma sofisticada sátira que deseja extinguir o herói pelo próprio título", isso tudo é o que colocou Hal Hinson do Washington Post no seu texto crítico. Ele conclui que este filme não é muito divertido nem como um filme de ação nem como sátira. Quem sabe se existisse uma classificação que medisse a abrangência filosófica ou metalinguística dos filmes, ele o enquadraria melhor. Do Chicago Sun-Times,  Roger Ebert afirma que o filme não ultrapassou a barreira de abordar e comentar o truque de envolver cinema x realidade em vez de utilizar tal truque apenas como trampolin para outras revelações como teria feito Wood Alen em A Rosa Púrpura do Cairo. Ele coloca que o filme pode ter agradado os jovens espectadores, mas conclui que ele ficou desapontado com o mesmo. Semelhante a Hal Hinson o crítico James Berardinelli afirma que O Último Grande Herói encalhou entre a ação e a comédia e que não se tornou um sólido exemplo nem de um nem do outro. Porém da sua crítica o mais interessante é a sua apreciação pela fantasia que ele revela, a mesma fantasia satirizada pelo filme. Ele revela ter gostado de algumas coisas do filme, mas não de O Último Grande Herói em sí, e sim do filme dentro dele, o Jack Slater IV. Afirma que as cenas de ação são divertidas, mas quando as cenas se voltam para o "mundo real" (de Daniel) a agitação cai e a trama é desanimadora. Temos a impressão de estarmos lendo a opinião do personagem Daniel. Mais evidente ele deixa seu gosto pela ficção sobre a realidade, quando afirma que em O Último Grande Herói não se explorou por completo uma vertente da trama que ele chama de interessante: Seria a possibilidade que o ingresso mágico dá de trazer qualquer personagem dráculas, exterminadores e outros "monstros" de qualquer filme para o mundo "real" , isso sim ele demonstra que seria empolgante.

 

O filme seguinte

É bom realçar que James Berardinelli no ano seguinte (1994) elogiou bastante e deu nota máxima ao novo filme com Schwarzenegger, True Lies. Um filme, que conforme dissemos, repete toda a fórmula e clichês dos filmes anteriores, inclusive satirizados em O Último Grande Herói: socos nos vidros do carro, explosões mirabolantes, tiros e mortes gratuitas, perseguições forçosas como no trecho que Harry Tasker tenta capturar à cavalo o vilão que vai a frente de moto. Eles atravessam praças, multidões e invadem um hotel, sendo que cada um entra num elevador sem abandonar seu meio de transporte. O vilão acaba saltando de moto para um distante prédio vizinho, caindo dentro de uma piscina e saindo ileso. Mais ainda não acabou: em outra parte o herói de True Lies pilotando um super jato que flutua entre os edifícios da cidade, tenta salvar sua filha do alto de uma armação de ferro, enquanto o vilão em cima do avião tenta atingi-lo. Ao final ele resgata a filha e o míssil do jato que tem o vilão pendurado sobre o mesmo é lançado com vilão e tudo, passando por dentro de um andar de um prédio destruído e atingindo, do outro lado, o helicóptero com os parceiros do vilão. "Incrível!". E tem muito mais!. Interessante ainda numa analogia entre Daniel e a esposa de Harry Tasker, é que ela demonstra também um tédio em relação a sua vida e afirma que precisa de aventura (tais como as de 007 que vive seu marido) o que ela acaba conseguindo desfrutar, se tornando parceira do próprio marido herói, com o que Daniel não foi agraciado. Resumindo: True Lies repetiu e reforçou tudo que Last Action Hero satirizou e questionou. O de 1993, mesmo que hesitante valoriza a realidade mais pura e simples acima da fantasia e ilusão e o filme de 1994 fez exatamente o contrário e o resultado foi um sucesso total.

 

Sobre os críticos

Nota-se que esses críticos de cinema detém suas opiniões sobre os filmes enquanto produções cinematográficas. É uma análise limitada, quase que exclusivamente técnica. Além disso apenas avaliam, sob seus pontos de vista, a capacidade que o filme tem de entreter ou não seus espectadores. Temos que ver que eles estão sendo coerentes com suas profissões. São, direta ou indiretamente, empregados da indústria cinematográfica e mesmo que não absolutamente determinantes, funcionam como um controle de qualidade especializado de tais produções no aspecto dessas agradarem ou não à eles e ao público. Mas não podemos deixar de comentar o quanto deixa de ser "oficialmente" explorado de um filme, por esses profissionais. Chegamos a imaginar que eles estejam embebidos demais pelo mundo da fantasia e não mais tem a sensibilidade de se incomodar e manifestar sua opinião sobre, por exemplo (mesmo que caricatural), a denuncia sobre a violência urbana do seu país ou pior: a exposição da cruel frieza e indiferença dos seus concidadãos para com esta. Não chegaremos nem exigir que seja comentado o aspecto filosófico do filme, porque aí eles também demonstram, além de coerência, afinidade com o público de filmes do gênero que avaliam (o mesmo público representado pelos alunos de Jenaro Talens que mencionamos anteriormente). Um público que se enfadonha com a reflexão, mesmo tendo os criadores de O Último Grande Herói usado de uma estratégica de didática dirigida para apresentar a filosofia. Aparentemente ela não despertou interesse e não foi abstraída de lá, nem pelos críticos, nem pelo público.

 

O livro e a fita de vídeo

O filme O Último Grande Herói oferece importantes reflexões tanto quanto a alegoria do livro Diálogos de Platão, porém possui uma grande desvantagem que é ter sido disponibilizado ao público em cinema e fita de vídeo. Os livros Diálogos de Platão, desde quando escritos no século IV a.c. , vem atravessando os tempos e ganhando traduções e replicações, sendo que temos hoje a disposição um vasto número de exemplares num vasto número de bibliotecas. Mesmo livros menos populares são encontrados com uma certa facilidade nas grandes bibliotecas. Por outro lado, em apenas cinco anos do seu lançamento, já não encontramos o filme nem mesmo nas grandes videolocadoras, principalmente por este ter sido um fracasso de público e crítica e obviamente não ter boa saída, consequentemente não gera lucro à estas lojas, sendo que não as interessa possuí-lo. Felizmente as bibliotecas não são entidades capitalistas.

Outra grande diferença entre a literatura lançada exclusivamente pelos modernos meios tecnológicos, que dependem das suas engenhocas eletrônicas para serem apresentadas ao público, e a literatura lançada no meio tradicional que é o livro, é o poder de divulgação do primeiro versos o poder de permanência do segundo. Com certeza, em 1993, o filme O Último Grande Herói foi imensuravelmente mais popular que o escrito A Alegoria da Caverna, mas por outro lado, como a tecnologia extremamente vinculada ao consumo, quanto mais avançada, mais descartável é, este filme possivelmente cairá em completo esquecimento do público, enquanto livros de conteúdo semelhante, tendem a ter mantidos sua acessibilidade rumo a eternidade.

 

 

Bibliografia

PLATÃO – Diálogos – A República, Tradução de Leonel Vallandro, Editora Globo Rio G. do

Sul, 1964.

PLATÃO – A República, Livro VII, Tradução de Elza Moreira, Comentado por Bernard

Diettre, Editora Universidade de Braília, 1985.

TALENS, Jenaro – Escritura contra simulacro, Editora Universidade de Valência, Valência,

1994.

ZUSMAN, Waldemar – Os filmes que eu vi com Freud, Editora Imago. R.J. 1994

 

Filmes

LAST ACTION HERO, O Último Grande Herói – Dirigido por John McTiernan – Escrito

por Zak Penn e Adam Leff. Oak Productions, Columbia Pictures Corporation. USA,

1993.

TRUE LIES, True Lies – Dirigido por James Cameron – Escrito por Didier Kaminka e Simon

Michael. 20th Century Fox, USA, 1994.

Hosted by www.Geocities.ws

1