As Mãos

  Oração da Maçaneta

   Menino Pobre

 Poeminha Amoroso

Bailarina

Cavalinho Branco

A Porta

  Gangorra

 Mascarados

 A Rosa sobre a Mesa

 


AS MÃOS
(by: EMM)

Quando estão unidas, jamais serão vencidas;
Esse é o lema para as pessoas civilizadas, que procuram dar afeto e recebê-lo.
As mãos representam tudo o que queremos expressar com palavras ou um simples olhar.
É pelas mãos que podemos conhecer a personalidade de uma pessoa.
Temos que ser, apenas, intuitivos e sensíveis, para sabermos como entender o significado de um aperto de mão.
As mãos não enganam!
São por elas que podemos até calcular mais ou menos, a idade cronológica de uma pessoa.
Mostram quando as pessoas são falsas, verdadeiras, inseguras e até mesmo nos revela a parte sentimental, sexual, vida curta ou prolongada....
Apenas, insisto, temos que conhecê-las.
Cuide bem de suas mãos, pois é também por elas que adquirimos certas doenças.
Mãos frias, ah! quanto amor para dar....
Mãos enrugadas .... representa preocupação excessiva.
Mãos demasiadamente quentes, pessoas tranqüilas consigo mesmo.
E assim, por diante....  Mãos.....parte mais sensível, mais amiga, mais representativa em nosso corpo!

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ORAÇÃO DA MAÇANETA
(Gióia Júnior)

Não há mais bela música
que o ruido da maçaneta da porta
quando meu filho volta para casa.

Volta da rua, da vasta noite,
da madrugada de estranhas vozes,
e o ruido da maçaneta
e o gemer do trinco,
o bater da porta que novamente se fecha,
o tilintar inconfundível do molho de chaves
são um doce acalanto,
uma suave cantiga de ninar.

Só assim fecho os olhos,
posso afinal dormir e descansar.

Oh! a longa espera,
a negra ausência,
as histórias de acidentes e assaltos
que só a noite como ninguém sabe contar!

Oh! os presságios e os pesadelos,
o eco dos passos nas calçadas,
a voz dos bêbados na rua
e o longo apito do guarda
medindo a madrugada,
e os cães uivando na distância
e o grito lancinante da ambulância!

E o coração descompassado a pressentir
e a martelar
na arritmia do relógio do meu quarto
esquadrinhando a noite e seus mistérios

Nisso, na sala que se cala, estala
a gargalhada jovem
da maçaneta que canta
a festiva cantiga do retorno.
E sua voz engole a noite imensa
com todos os ruídos secundários.
-Oh! os címbalos do trinco
e os clarins da porta que se escancara
e os guizos das muitas chaves que se abraçam
e o festival dos passos que ganham a escada!
Nem as vozes da orquestra
e o tilintar de copos
e a mansa canção da chuva no telhado
podem sequer se comparar
ao som da maçaneta que sorri
quando meu filho volta.

Que ele retorne sempre são e salvo,
marinheiro depois da tempestade
a sorrir e a cantar.
E que na porta a maçaneta cante
a festiva canção do seu retorno
que soa para mim
como suave cantiga de ninar.

Só assim, só assim meu coração se aquieta,
posso afinal dormir e descansar.

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MENINO POBRE
(Gióia Júnior)

Menino pobre do meu bairro, triste,
existe um verso em teu olhar profundo;
é que em tua pessoa subsiste
a miséria tristíssima do mundo...
 
Menino pobre do meu bairro, existe
em teu olhar um sentimento fundo:
choras a dor de haver um mundo triste
dentro do grande e colorido mundo.
 
Menino pobre do meu bairro, grita,
para que escutem tua voz tremente,
amargurada, enfraquecida e aflita;
 
pelos irmãos que dantes não gritaram,
clama nas ruas angustiosamente,
exige o pão que os homens te roubaram!

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POEMINHA AMOROSO
(Cora Coralina)

Este é um poema de amor
tão meigo, tão terno, tão teu...
É uma oferenda aos teus momentos
de luta e de brisa e de céu...
E eu,
quero te servir a poesia
numa concha azul do mar
ou numa cesta de flores do campo.
Talvez tu possas entender o meu amor.
Mas se isso não acontecer,
não importa.
Já está declarado e estampado
nas linhas e entrelinhas
deste pequeno poema,
o verso;
o tão famoso e inesperado verso que
te deixará pasmo, surpreso, perplexo...
eu te amo, perdoa-me, eu te amo..."

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(Eliane Elias)

Era bailarina
De sorriso tímido
E alma sem fim
Olhar sério e triste
E quando ria
Era da vida
Das lágrimas, da solidão, do abandono
Das palavras guardadas, e das incompreendidas
Das palavras não-ditas
As plenas de sentimento
Passos lentos
Ritmo lento
Lentidão enfadonha
Desejo ardente
Flor na boca
Boca vermelha
A pedir beijos
Queria tão-somente
Afetos e ternuras
Então ela dançaria todas as danças
Cantaria todas as canções
Escreveria todos os poemas
E amaria todos os amores
Sem medo.

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CAVALINHO BRANCO
(Cecília Meireles)

À tarde, o cavalinho branco
está muito cansado:

mas há um pedacinho do campo
onde sempre é feriado..

O cavalo sacode a crina
loura e comprida

e nas verdes ervas atira
sua branca vida.

Seu relincho estremece as raízes
e ele ensina aos ventos

a alegria de sentir livres
seus movimentos.

Trabalhou todo o dia, tanto!
Desde a madrugada!

Descansa entre as flores, cavalinho branco,
de crina dourada.

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A porta
(Vinícius de Morais)

Eu sou feita de madeira
Madeira, matéria morta
Mas não há coisa no mundo
Mais viva do que uma porta.

Eu abro devagarinho
Pra passar o menininho
Eu abro bem com cuidado
Pra passar o namorado
Eu abro bem prazenteira
Pra passar a cozinheira
Eu abro de sopetão
Pra passar o capitão.

Só não abro pra essa gente
Que diz (a mim bem me importa . . .)
Que se uma pessoa é burra
É burra como uma porta.

Eu sou muito inteligente!

Eu fecho a frente da casa
Fecho a frente do quartel
Fecho tudo nesse mundo
Só vivo aberta no céu!

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GANGORRA
(Gióia Júnior)

Quando eu desço, você sobe,
quando eu subo, você desce...
Lá fora dança a gangorra,
desde que o dia amanhece...
 
Desce e sobe, sobe e desce
num compasso sempre igual:
No centro, um ponto de apoio
prende a tábua horizontal!
 
Há borrões de sol vermelho
na loira manhã sem par,
e a gangorra não descansa,
sobe e desce sem parar...
 
A gangorra é como a vida,
nos movimentos que tece;
quando eu desço, você sobe,
quando eu subo, você desce...
 
Você, que ficou no alto,
não deve de mim sorrir;
você terá que descer,
quando eu tiver que subir!

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(Cora Coralina)

Saiu o Semeador a semear
Semeou o dia todo
e a noite o apanhou ainda
com as mãos cheias de sementes.
Ele semeava tranqüilo
sem pensar na colheita
porque muito tinha colhido
do que outros semearam.
Jovem, seja você esse semeador
Semeia com otimismo
Semeia com idealismo
as sementes vivas
da Paz e da Justiça.

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A ROSA SOBRE A MESA
(Gióia Júnior)

Sobre a mesa em que componho
há uma rosa perfumada
que, ao compasso do meu sonho,
há de ficar desfolhada.
 
Bato as teclas martelando
com enérgica firmeza
e a rosa vai derramando
suas pétalas na mesa!
 
Por mais que brilhe a fornalha
na inspiração mais preciosa,
não há poema que valha
uma pétala de rosa!

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