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Notícias do Fórum Social Capixaba
Aula de cidadania no Fórum Social Capixaba Stephanie de Oliveira
Nas palestras, as crianças "tiram de letra" assuntos que assustam qualquer adulto
Baixos salários,
professores desanimados, escassez de material escolar, enfim, total descaso
com a educação pública capixaba. Nem mesmo esse quadro
decepcionante foi capaz de desanimar Ana Cristina Ferreira Maia, professora
primária há mais de doze anos, na Escola Municipal de 1º
Grau Suzete Cuendet, situada no bairro Maruípe. Ana Cristina,
que sempre trabalhou com alunos da primeira série e, este ano,
resolveu trabalhar com crianças da quarta série, é
a criadora do projeto "Educação também se aprende
na escola", apresentado em oficina neste I Fórum Social Capixaba.
A iniciativa, segundo a professora, surgiu da necessidade de conscientizar
as crianças sobre a importância do processo eleitoral. Para
tanto, o professor Artur Vianna foi convidado para falar sobre política.
"O resultado desse primeiro passo estamos vivenciando agora. Temos
um grupo de 90 alunos, na faixa etária entre 10 e 11 anos que promovem
palestras sobre cidadania, ética, política e discriminação",
relatou a educadora. Nas palestras,
as crianças "tiram de letra" assuntos que assustam qualquer
adulto. Artur Bruno Barreto de Souza, 10 anos, disse que precisamos lutar
contra a Alca (Área de Livre Comércio das Américas)
porque senão "o Brasil voltará a ser colônia.
E ser colônia é ser um boneco deles (EUA)". E, quando
questionados sobre para que serve a Alca, a resposta é unânime:
"para tirar a soberania do Brasil". Para Karolina
Maria Lopes Gonçalves, também 10 anos, a Alca não
será diferente do Nafta (acordo entre EUA, Canadá e México),
pois se o Brasil aceitar os termos da Área de Livre Comércio
viverá o que o México está passando: "pobreza,
perda da identidade cultural e opressão norte-americana". Os pais acharam
a iniciativa muito boa, pois aumentou substancialmente o interesse das
crianças pela escola, melhorando o relacionamento familiar, além
da redução do índice de violência à
metade. Quanto ao
preconceito, seja ele qual for, os estudantes garantem que quem o possui
é ignorante e concluem dizendo que "o olho não vê
caráter". A idealizadora
Ana Cristina, disse ter ficado surpresa com o desenvolvimento e interesse
das crianças, pois não esperava que uma palestra se tornasse
o fio condutor de um grande projeto. Segundo ela, o importante agora é
tentar levar o processo adiante com a elaboração dos grupos
em outras escolas incluindo, principalmente, o treinamento de professores.
"Não é porque não recebemos um salário
justo que temos de fazer um trabalho ruim", concluiu. As crianças
pretendem continuar o ciclo de palestras, que começou na Faesa,
passando também por outras escolas municipais e pelo Fórum
Social Capixaba, além de lançar um livro. Para eles, o Fórum
Social significa uma forma de mudar a realidade e lutar por um mundo melhor.
"O importante é cumprir com os deveres e exigir os seus direitos".
Stephanie de Oliveira é estudante de comunicação social da Universidade Federal do Espírito Santo.
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