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Notícias do Fórum Social Capixaba

 

Fórum Social Capixaba discute produção e distribuição de riquezas

Jacson Segundo

 

'É impossível distribuir renda sem distribuir riqueza'

 

Na conferência Produção industrial e agrícola e distribuição de riqueza, realizada neste sábado, no Fórum Social Capixaba, os conferencistas demonstraram a situação de crise no Brasil e no Espírito Santo e formularam alguns prognósticos do Governo Lula. Compuseram a mesa o dirigente nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) Gilmar Mauro e os professores de economia Carlos Brandão (Unicamp) e Maurício Sabadini (Ufes).

Reinaldo Carcanholo: estamos vivendo um momento político histórico.

Quem abriu o debate foi o coordenador da mesa, Reinaldo Carcanholo, também professor de economia da Ufes, dizendo que discutir esse tema é pertinente, pois "estamos vivendo um momento político histórico". Ele entende é preciso entender que o projeto neoliberal atingiu seu limite e afirma que, desse modo, a crise econômica é inevitável trazendo conseqüências muito graves. "A vitória de Lula, infelizmente, não é o reflexo de uma consciência política, mas sim de insatisfação com o atual modelo econômico. Se o povo não tiver respostas rápidas irá virar as costas para o governo", concluiu o professor.

Maurício Sabadini, por sua vez, disse que, devido à destruição do mercado de trabalho, que aconteceu a partir da década de 1990, aumentou a participação das mulheres no mercado de trabalho, diminuiu a força dos sindicatos, aumentou o desemprego e, conseqüentemente, o mercado informal. Com isso, o capitalismo por si só gerou um exército de mão-de-obra excedente. Assim, os trabalhadores informais aumentaram a reserva de mercado, diminuindo o salário de quem está trabalhando, diminuindo também o índice de desemprego e as tensões sociais.

Reconstrução nacional, iniciar o desmonte do pacto e dominação interna, inclusão da população que vive à margem e resgate das diversidades do país devem ser algumas das atitudes do novo presidente eleito Luís Inácio Lula da Silva, segundo o professor Carlos Brandão. Para ele, a maior parte da população possui pouca ou quase nenhuma consciência política e de classe, além da falta sedimentação e homogeneização.

Brandão disse que o novo presidente precisa realizar um mercado interno de massa (bens básicos de consumo popular) e bens urbanos (saneamento, saúde, educação etc). E, ainda, substituir palavras muito utilizadas no neoliberalismo como, por exemplo, usar agora universalização no lugar de focalização. O professor concluiu afirmando ser impossível fazer distribuição de renda sem antes distribuir a riqueza. "É fundamental habilitar a população com títulos de propriedade para que haja uma inserção digna do povo".

Sabadini: trabalho informal contribuiu para diminuir os salários

"Alívio com a vitória do Lula". Com esse desabafo, Gilmar Mauro iniciou sua fala. Segundo ele, o MST irá manter a autonomia, ou seja, não haverá nem alinhamento, nem sectarismo. "Isso nos dará maior liberdade para continuar com a nossa luta", concluiu. Ele disse ainda que estão acontecendo diversas palestras para conscientizar os sem terra de que Luís Inácio terá muitas dificuldades para converter a "reforma agrária ao contrário" proporcionada pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso, nos seus oito anos de "desgoverno". "Ao contrário do que se diz nos meios de comunicação, mais de 4 milhões de pessoas deixaram o campo nos últimos 10 anos. Entre os que ficaram, 80% possuem renda familiar de até 2 salários mínimos. Desse percentual, 50% sobrevivem com até 1 salário mínimo e 11% não possuem renda. E o processo de concentração cresceu abruptamente. Por isso a reforma é ao inverso", explicou Gilmar Mauro.

A tática do MST será o acúmulo de forças com a construção de reformas populares, conscientização político-ideologica e tentativa de resolução do problema da fome. O movimento dará continuidade ao combate de modelos econômicos como a Alca e os latifúndios. Mas Gilmar Mauro disse ser fundamental uma auditoria interna e limpeza no Incra, devido ao processo de corrupção instaurada; retirar todos os entraves legais dos movimentos sociais, excluir decretos e medidas que entravam a reforma agrária e desburocratizar o processo de reforma. Junto disso, precisam ser criadas políticas de crédito, alfabetização, saúde e apoio às cooperativas.

todos concordaram: é preciso aumentar o mercado interno

Os componentes da conferência não tiveram pontos divergentes - ao contrário, todos concordaram nos diversos aspectos apresentados, principalmente no que se refere às táticas que o novo presidente deverá utilizar: "aumento do mercado interno e políticas de geração de emprego".

 

Jacson Segundo e é estudante de comunicação social

da Universidade Federal do Espírito Santo.

 

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