TVCABO - como roubar à cara podre...
(esta notícia pode ser encontrada neste link http://jornal.publico.pt/2001/09/20/Media/R01.html mas no caso de não funcionar ou de a tirarem do site, é mostrada aqui na totalidade)
PÚBLICO Quinta-Feira, 20 de Setembro de 2001
TV Cabo Acusada de Violar Direitos dos Consumidores
Por
CARLOS PESSOA
Recomendação
do Instituto do Consumidor exige a revisão de procedimentos na prestação do
serviço de televisão por cabo e Internet. Empresa tem dez dias para dar conta
das medidas correctivas da situação
A
TV Cabo Portugal deve rever de imediato a sua actuação, melhorando a qualidade
do serviço prestado e eliminando dos contratos cláusulas proibidas à face da
lei. Numa recomendação enviada no princípio desta semana à empresa, o
Instituto do Consumidor (IC) identifica numerosas "actuações e práticas"
que, em seu entender, "frustram as legítimas expectativas de muitos dos
seus clientes e desrespeitam os seus direitos enquanto consumidores".
A
recolha e tratamento de reclamações apresentadas ao longo dos últimos três
anos (ver caixa) permitem um diagnóstico bastante preciso da situação. Há
problemas que são comuns aos dois serviços prestados pela referida empresa, a
par de outros que são específicos da TV Cabo e da Net Cabo. Entre os
primeiros, as situações mais correntes dizem respeito a "erros de facturação
frequentes" e a uma assistência técnica "deficiente". O IC
refere que a linha telefónica para este fim está normalmente congestionada e
que só "através de grande insistência por telefone ou com recurso a
'emails', telecópias e cartas se consegue obter resposta". Refere ainda
que a solução dos problemas "é tardia ou mesmo inexistente". A não
comparência dos funcionários da empresa nas datas combinadas com os clientes e
a existência de uma factura "dificilmente perceptível", são outras
críticas apontadas.
As
reclamações dos utilizadores do serviço de televisão por cabo sintetizam-se
em dois aspectos. Por um lado, há falta de informação, antes da celebração
do contrato, quanto à necessidade de adquirir um descodificador para aceder aos
canais pagos e, por outro, quanto à eventual incompatibilidade técnica entre o
descodificador e o televisor existente. A TV Cabo é também acusada de alterar
"os canais constantes da grelha de programação contratada e dos
respectivos preços dos serviços, sem qualquer aviso prévio e atempado aos
clientes".
As
principais queixas relativas à Net Cabo são quatro: informações incorrectas
dos funcionários; interrupção frequente do acesso ao serviço; cobrança de
tempos muito superiores aos de navegação efectiva; e lentidão do serviço.
Face
a este quadro, o IC enviou à TV Cabo Portugal um texto com seis recomendações.
Assim, os consumidores deverão ser informados, "por escrito, de forma
clara e inequívoca, e em momento prévio à celebração dos contratos",
dos conteúdos destes (requisitos técnicos indispensáveis, preços dos serviços
e da instalação, etc).
Qualquer
alteração contratual terá de ser comunicada previamente e em tempo útil ao
cliente - é o caso de alterações ou substituições de canais ou dos preços
dos serviços.
O
sistema de emissão de facturas terá, por seu turno, de ser alterado de forma,
nomeadamente, a "minimizar erros" e a "evitar duplicação de
facturas".
O
acesso sem interrupções à Net Cabo deve ser garantido através dos
"meios técnicos e logísticos necessários".
A
quinta recomendação do IC consiste em pedir à TV Cabo Portugal que
"assegure de forma eficaz uma assistência técnica de qualidade".
Finalmente,
é pedida a eliminação dos contratos de adesão de cláusulas proibidas - a
que estabelece uma sanção "penal desproporcional em relação aos danos a
ressarcir"; a que exclui a responsabilidade da empresa por extravio de
dados, suspensão, interrupção ou outra anomalia do serviço Net Cabo; e a que
prevê a responsabilidade exclusiva do cliente nas 24 horas seguintes à
comunicação do extravio ou perda do código de acesso ao serviço.
A
TV Cabo Portugal tem dez dias úteis a partir da data de recepção da recomendação
para informar o IC das medidas adoptadas. O PÚBLICO sabe que o documento chegou
ontem ao gabinete do presidente da empresa, e tentou obter um comentário da
empresa até à hora de fecho desta edição.