ENCONTRO DO SANTO PADRE COM OS MOVIMENTOS ECLESIAIS E AS NOVAS COMUNIDADES 

Roma, Solenidade de Pentecostes, 30 de maio de 1998.

"DOM DO ESPÍRITO, ESPERANÇA DOS HOMENS" 

Apresentação 

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Em 1964, Kiko Argüello, pintor espanhol, depois de uma crise existencial, larga tudo e vai viver com os favelados de Madrid. Ajudado por Carmen Hernández, que estava em contato com a renovação do Concílio Vaticano II, o Senhor levou a formar uma síntese teológico-catequética (um querigma), um anúncio do Evangelho eficaz para o homem de hoje. Isto sendo, com o apoio do episcopado de Madrid, rapidamente, estava sendo levado às paróquias de todo o mundo, abrindo, nesta oportunidade, um caminho de gestação à fé ao longo dos anos.

Depois de mais de 30 anos, escutemos agora a experiência de Kiko Argüello. 

(Aplausos) 

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Tradução de E. Patrão e T. Patrão. 


O texto é uma tradução direta do áudio disponibilizado aqui...


 

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Kiko Arguello

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Intervenção de Kiko Argüello

"Estamos contentíssimos, Santo Padre, porque vós nos convocaste para agradecer o Senhor, pelos dons maravilhosos de apostolado, de evangelização, de amor, de santidade que o Espírito Santo está suscitando na Igreja, como fruto do Concílio, para prepará-la à evangelização do mundo secularizado, para torná-la capaz de atuar a Nova Evangelização. Obrigado pela ocasião que me foi dada para agradecer a Deus diante de Pedro. E comigo tanto destes irmãos (aplausos), que na grande maioria estavam afastados da Igreja; que pelo medo da morte viviam, como eu, escravos do demônio, como diz a Carta aos Hebreus (cf. 2, 15). 

Mas Deus enviou seu Filho para nos libertar. Cristo, com a sua morte e ressurreição, tirou o poder do demônio. Ressuscitado e elevado ao céu, apresenta ao Pai as suas chagas por todos os homens, e nos envia o Espírito Santo. Este Espírito dá testemunho ao nosso espírito de que somos filhos de Deus (cf. Rom 8,16), homens salvos do poder do pecado e da morte, salvos da sedução da carne, dos enganos do mundo, mas sobretudo da condenação de procurar em tudo a si mesmo. Ele, Cristo, nos tornou participantes da sua natureza. Podemos amar como Ele nos amou. Amar além da morte, porque nos deu a sua vida, nos deu a vida eterna.

Mas, como levar esta riqueza imensa a todos os homens? Eis o Caminho Neocatecumenal. Deus mandou a mim e Carmem Hernández, a vivermos entre os pobres. Também gostaria que Carmem me acompanhasse um momento (Chama a Carmem: Carmem, venha aqui, venha aqui, venha aqui... aplausos... Que te vejam os irmãos, vieram da Sardenha, da Sicília... aplausos). O Senhor nos enviou a viver entre os pobres, onde, junto aos mais miseráveis, nos fêz encontrar uma síntese de pregação, um kerigma, na redescoberta do mistério pascal em uma liturgia viva, que transforma a vida das pessoas, e sobretudo faz aparecer a pequena comunidade cristã. Tudo partindo do Concílio Vaticano II. Eis que somos um instrumento para ajudar a levar a renovação do Concílio às paróquias. 

Porque foi o Concílio, pensamos nós, a resposta do Espírito Santo aos desafios do Terceiro Milênio, sobretudo ao desafio da secularização. Vós, Santo Padre, no Simpósio dos Bispos europeus, depois de ter falado da secularização da Europa, que destrói a família, da droga, do aborto, etc., disse aos Bispos: "O Espírito Santo já respondeu a todos estes problemas. Porque Cristo é Ele que salva a Sua Igreja". Convidava os Bispos a procurarem os sinais onde o Espírito Santo já estava soprando. Dizia que era urgente uma nova evangelização, que tomasse como exemplo o "primeiríssimo modelo apostólico". Eis, Santo Padre, veja esta praça, cheia de tantos irmãos; veja quantas realidades eclesiais. As suas palavras de treze anos atrás foram proféticas. Eis o sopro do Espírito Santo, que quer ajudar a renovar a Sua Igreja (aplausos). 

Para evangelizar o homem contemporâneo são necessários sinais, que chamem à fé. Disse Cristo: amai-vos como eu vos tenho amado e o mundo conhecerá que sois os meus discípulos (cf. Jo 13,34-35), sede perfeitamente um e o mundo acreditará (cf. Jo 17,21). Mas nós perguntamos: onde, nas paróquias, encontra-se esta estatura de fé, que se possa tornar sacramento, sinal, para o homem secularizado? Onde está este amor ao inimigo feito visível, como Cristo nos amou, quando nós éramos os seus inimigos? (cf. Rm 5,8-10). O Caminho Neocatecumenal quer ser também, como tantas outras realidades eclesiais, um itinerário nas paróquias para fazer crescer a fé batismal, e chegar a formar comunidades cristãs que visibilizem o amor de Cristo para todos os homens. Um amor novo, uma verdadeira novidade para o mundo: o amor ao inimigo, amor na dimensão da Cruz!

Mas para chegar a esta estatura da fé nós dizemos que é necessário fazer pequenas comunidades como a Sagrada Família de Nazaré, onde o batismo que recebemos possa crescer, como aconteceu ao Filho de Deus, que precisou de uma comunidade para crescer como homem e tornar-se adulto. Para que a nossa fé se torne adulta, e possa dar sinais ao homem moderno. 

Santidade, os frutos enormes que temos visto surgir deste itinerário de fé, famílias reconstruídas, famílias abertas à vida, com mais de seis, sete filhos, nove; tantos jovens salvos da droga, milhares de vocações para os seminários e para a vida consagrada e contemplativa, famílias que se oferecem para evangelizar nas zonas mais difíceis; tudo isto não teria sido possível sem a ajuda dos Bispos, mas sobretudo sem a ajuda de Pedro (aplausos) Pedro! 

Paulo VI a primeira vez que nos viu nos defendeu de tantas acusações dizendo: vocês fazem depois do Batismo aquilo que a Igreja primitiva fazia antes do Batismo. E continua: "o antes ou depois, diria, é secundário". O importante "é que vocês olhem à autenticidade, à plenitude.... da vida cristã, e isto é mérito grandíssimo..., que nos consola enormemente" (Paulo VI, alocução às Comunidades Neocatecumenais na audiência de 8 de maio de 1974). 

Mas sobretudo o Senhor, Santidade, visitando as paróquias de Roma, mais de duzentas vezes que falando a nós com tanta coragem; enviando famílias, encorajando-nos a abrir seminários Redemptoris Mater; o Senhor, confirmando-nos, ajudando-nos, caminhando conosco, aceitando de deixar-se fotografar com cada família enviada em missão, para que todos soubessem que éramos famílias enviadas pelo Papa. Ajudando-nos com a liturgia, vindo Vós mesmo a celebrar a Eucaristia conosco, para dar coragem a todos os Bispos; e sobretudo, reconhecendo o Caminho, na Sua carta a Mons. Cordes, dizendo: "reconheço o Caminho Neocatecumenal como um itinerário de formação católica, válida"para os tempos modernos e para o homem de hoje (João Paulo II, Carta "Ogniqualvolta" ao Mons. Paul Josef Cordes, 30 de agosto de 1990) (aplausos). 

Termino dizendo: Santidade, continue a ajudar-nos, porque esta obra nos supera, e nós nos sentimos paupérrimos, servos inúteis, pior, total impedimento! Sem Pedro não podemos continuar avante. 

Obrigado, Santidade!"

(Aplausos)

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Tradução de Fernando J. Fonseca

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