Belo Horizonte, dezembro de 2003 UNICENTRO NEWTON PAIVA LABORÁTÓRIO 1 REVISTA ÁGORA PAUTA: Agência de namoro Integrantes: Diêgo Augusto Fabiana Alves Jocely Moreira Nelson Medeiros Sânnia Dutra Tatiana Chagas O Preço do Amor Cresce a cada dia o número de Agências de Namoro e Matrimônio em Belo Horizonte. Especialistas afirmam que o fenômeno se dá pelo fato das pessoas não terem tempo para se relacionar Quanto você pagaria para ser feliz? E para ter um namorado? É, mas tem gente que paga e paga caro por isso. Como é comum buscar serviços de agências de seguro, de viagens, de automóveis, a moda agora são as de namoro. Esta é uma prática comum nos EUA e em toda a Europa. Agora, elas se alastram na cidade de Belo Horizonte para "resolver" este probleminha difícil de solucionar: a busca do parceiro ideal. São mais de 15 agências anunciantes na capital mineira. São informatizadas, têm sede própria e uma clientela cada vez maior. A cada dia, elas abocanham uma fatia maior desse mercado promissor: o dos solteiros. Para captar os "solitários" são colocados anúncios em jornais, páginas amarelas de catálogos telefônicos, internet e em muitos outros lugares, até propaganda boca-a-boca tem. Na rede mundial de computadores já se pode encontrar vários sites oferecendo cursos rápidos, de 24 horas, de "como montar uma agência" com apenas R$ 2 mil. Segundo os organizadores do curso, depois da empresa estabelecida, os ganhos são excelentes, ou seja, um ramo extremamente lucrativo. Questionados sobre o lado lucrativo do negócio, os proprietários das agências argumentam: "O prazer maior está em unir pessoas". Mas afinal, o que leva uma pessoa a procurar uma agência de namoro? Timidez, insegurança, curiosidade, vários podem ser os motivos. Mas para entrar na dança, é preciso ficar esperto, pois essa brincadeira não sai barato, acompanhe: Os preços podem variar entre R$ 50 e R$ 1,5 mil, dependendo do tempo cadastrado e de sua classe social. Isso mesmo, os valores podem chegar a quase 3.000 % de diferença, de acordo com seus ganhos em algumas agências. O sistema funciona da seguinte maneira: Ao procurar a empresa, o interessado preenche uma ficha com todos os seus dados cadastrais e uma outra com o perfil da pessoa com qual ela quer se relacionar. Para não assustar o cliente, algumas agências informam o valor total a ser pago dividido em seis ou 12 parcelas. Mas isso é claro, após ele ter passado por uma avaliação breve de rendimento salarial, só aí é que é informado o período de cadastro e seus respectivos valores (a forma de pagamento varia entre as agências). Segundo a psicóloga Vanise Rodrigues, não existem fatores determinantes na personalidade que levam uma pessoa a procurar uma agência de namoro, mas situações vividas por ela que criam um conflito, bloqueio ou medo que afetam os relacionamentos afetivos e sociais, levando a fazer uma opção pelo meio mais fácil. "O perfil do parceiro que a pessoa deseja é passado para a agência, se não der certo, a culpa não é só dela, é também da empresa que não conseguiu o perfil do homem que ela procura. Na realidade, elas estão apenas mascarando suas dificuldades afetivas", enfatiza. Já a psicológica Gabriella Soares acredita que as pessoas buscam agências de namoro por acreditar que podem encontrar sua alma gêmea, paixões e razões para o sentido da vida. O que, para ela, é "pura ilusão". A psicóloga alega que o agenciado transfere para o outro a responsabilidade de ser feliz. "Para obter a felicidade, as pessoas na busca deste outro, valorizam mais o ter do que o ser, até onde vale a pena buscar essa felicidade? Ela não tem valor". Conceição Guimarães, psicóloga e proprietária da agência Adeus Solidão em Belo Horizonte, afirma que as agências de namoro ajudam aquelas pessoas que apresentam certas dificuldades em se relacionar devido à timidez, insegurança, solidão e, principalmente, medo de rejeição e fracassos na vida afetiva. Ela conta que em sua agência as pessoas não enfrentam essas dificuldades, lá encontram o parceiro de acordo com seu perfil. "Obedeço a rituais para que as pessoas se conheçam: observo o perfil dos candidatos, promovo os encontros e eles pagam um valor simbólico pela análise das fichas, nada tão caro que o amor não possa pagar", comenta. O proprietário da agência Planeta Coração, Roberto Martorelli, acredita que a falta de tempo seja o motivo principal, pois as pessoas trabalham muito e não têm tempo para se relacionar e acabam deixando a vida afetiva de lado. "A rotina de trabalho das pessoas hoje em dia é muito maçante e o tempo para procurar um parceiro é escasso, por as pessoas procuram as agências", disse. Para resolver o problema da falta de tempo, os irmãos Nildo Alves e Enésio Eloy encontraram uma solução bem criativa. Trabalhando no centro de Belo Horizonte há mais de 10 anos como Camelôs, Nildo e Enésio tomaram uma decisão no mínimo incomum. Eles mandaram fazer uma pequena faixa falando sobre o interesse de ambos: encontrar uma namorada. Colocaram-na pendurada na barraca e aguardaram o resultado. Com um texto bem humorado no cartaz, eles garantem que muitas mulheres os procuram e que não faltam oportunidades. "Somos muito bonitos e as mulheres ficam loucas", afirma Enésio. Quando perguntados sobre o que fazem quando chega alguma mulher que não os agrade, eles desconversam, mas respondem: "Falamos a ela que quem colocou a faixa não está no momento" conta o esperto Nildo. Um exemplo de que um relacionamento oriundo de uma agência pode dar certo, é o do casal Verônica e Jorge. A cabeleireira se diz muito caseira e conta que trabalha muito (perfil que se enquadra perfeitamente naquelas pessoas que procuram uma agência). Devido a essas circunstâncias, aliado à falta de paciência em procurar seu par perfeito, Verônica, que já foi casada, decidiu há seis meses, procurar a agência de namoro e matrimônio Cupido. Ela conta que em pouco tempo recebeu um telefonema de seu atual noivo, querendo conhecê-la. "Quando o ele me ligou, fiquei meio assim... Além de ser nosso primeiro contato, sua idade (55) me assustou um pouco, mas a partir da segunda vez que nos falamos, podemos nos conhecer melhor e acabamos namorando. Acho que na idade que estou (43) não posso deixar o tempo passar, tenho que aproveitar as oportunidades para ser feliz". O casal está noivo e pretende se casar no final de 2004. Com Eliane da Silva, de 33 anos, aconteceu um pouco diferente, mas apenas um pouco. Há três anos ela procurou uma agência e se cadastrou. Em pouco tempo conheceu um homem e ficou noiva, porém, o noivado não foi para frente. Insatisfeita com a situação, ela procurou novamente a agência e, outra vez, em um curto espaço de tempo, conheceu Jesi Afonso, 47 anos, com quem está junto há dois anos. "Não tinha tempo para sair e não acredito nesses relacionamentos de barzinhos. Não agüentava mais a falta de compromisso dos homens. Se eu conhecia algum, ele dizia que ia me ligar, mas nunca ligava. Por isso decidi procurar a agência de novo", explica Eliane. Já o casal Alisson Dias e Mariane Campos se conheceu através de uma agência de namoro, ou quase isso. Eles estavam em uma feira de artesanato e curiosidades, e lá avistaram um estande de uma agência. O local estava muito cheio e as pessoas faziam inscrições. Como era novidade, eles entraram naquela fila enorme de curiosos e de pessoas realmente interessadas em encontrar o parceiro ideal. Em meio a tantas pessoas, o casal começou a trocar olhares e sorrisos. "Me lembro bem, eu a vi na fila e não conseguia parar de olhar. Decidi ir até lá e chamá-la para dar um passeio e conversar enquanto a fila não diminuía", explica Alisson. É, mas o passeio deu tão certo, que eles não voltaram. Mal sabiam que deste passeio iria surgir um grande e duradouro romance. Após o encontro, surgiram vários outros até concretizar o namoro. Segundo o casal aconteceu uma espécie de amor a primeira vista. "Nunca imaginei que conheceria o amor da minha vida dessa forma, entrei na fila por acaso, estava com outras amigas e resolvemos nos escrever por curtição. Olha só como ficou essa história... Acredito que para buscar sua alma gêmea você deve tentar de tudo, mas também ficar atento a sua volta. Foi assim que encontrei minha felicidade", afirma a sorridente Mariane. O casal está junto a três anos e de casamento marcado para meados de março de 2004. O preço do silêncio Ao fazer contato com agências de namoro e matrimônio em Belo Horizonte, fica claro a dificuldade que se tem conseguir informações sobre os casais cadastrados. Dados pessoais como, endereço, telefone ou divulgação de histórias que deram certo ou não, apenas são fornecidos a terceiros se o cliente permitir. Na agência Planeta Coração, por exemplo, no contrato de prestação de serviço existe a seguinte cláusula: 4.3 - A agência Planeta Coração se compromete a manter sigilo sobre o Associado, podendo divulgar, apenas, primeiro nome e telefone (celular ou/e residencial); outras informações serão passadas somente com a autorização do mesmo. Os clientes são os primeiros a pedir sigilo, buscando assim, uma forma de preservar sua identidade e vida pessoal. O que confirma a psicóloga e proprietária da agência Adeus Solidão, Conceição Guimarães, "nosso objetivo é não expô-los ao público, pois temo pela vida e integridade física deles". Todas as agências são unânimes quanto ao sigilo, para eles a divulgação dos casos pode gerar desde telefonemas desagradáveis, visitas de desconhecidos, até perigo de morte. Alguns casais, principalmente aqueles que tiveram sucesso com o serviço, permitem a divulgação de suas histórias, mas a maioria ainda solicita o sigilo total, mantendo assim sua privacidade. CURIOSIDADE - Box (Namoro de oito minutos) Em Nova York, uma cidade que vive para o trabalho e ninguém tem tempo para nada, procurar a alma gêmea é tarefa complicada. Para aproximar os casais, um bar da cidade trouxe uma solução no mínimo inovadora: cada casal tem apenas oito minutos para se conhecer e resolver se quer ficar junto. É a última novidade na indústria do amor: o namoro de oito minutos. Cada um paga US$ 33 para participar do encontro. A pessoa se identifica apenas pelo nome. Quando os oito minutos acabem, a organizadora toca a campainha e as pessoas trocam de mesa. No final, cada participante conhece oito pessoas e anota em uma ficha os nomes de quem gostaria de encontrar de novo. Só aí recebe um número de telefone ou e-mail para fazer contato. Fonte: globo.com/globorepórter CURIOSIDADE - Box (Namoro no Japão) Quatro em cada 10 japoneses procuram uma agência de namoro. O namoro japonês é bem tímido e demorado. No Brasil, quando você quer saber se é correspondido fala diretamente com a pessoa desejada ou pede para um amigo. No Japão, os apaixonados não costumam ser diretos e às vezes passam anos e anos sem revelar o seu amor, ou seja, ficam alimentando um amor que ninguém sabe. Aqui, os namorados se beijam, abraçam em público. Lá, o máximo que você vê é um casal andando de mãos dadas. Isso, porque beijos, abraços e carícias só devem ser trocados em lugares reservados, pois ao que parece, precedem o ato sexual e, por isso são vistos com maus olhos. Fonte: yahoo.com.br/geocites