Ah! pobre coração vazio !
Porque bates assim, veloz e frio?
Acaso não tens a lembrança
de um amor puro e verdadeiro?
Porventura será fado a consumir-te
por inteiro sem sequer acalentar-te
uma esperança?
Ah! Frio coração que vagas pela terra:
Que angústias teu bater encerra
nas lágrimas que choras sem conter?
Não vês que suspiros delirantes
povoam teus sonhos errantes?
Ah! Serás tu, que em teu sonhos de criança,
vês a ave da esperança
sonhando sempre a voar?
Ou serei eu, que tais sonhos despedaça,
qual negro abutre que esvoaça
por sobre a presa a espreitar?
Ah! Serás tu, alva estrela , astro fulgurante,
flor dos campos, inocência de um instante
que vês somente os sonhos teus?
Ah! Eu vejo a noite borbulhar nas vagas
e sinto bem a consciência nestas plagas
por um momento a recordar de Deus !
Nelson de Medeiros Teixeira