nativistas

Nativismo no Rio Grande do Sul

Cássio Castilhos e Guilherme Castilhos
Cassio Castilhos e Guilherme Castilhos

No Rio Grande do Sul existe um movimento musical conhecido como nativismo. Os adeptos do movimento se concentram principalmente em festivais (diferente dos tradicionalistas, que se concentram em CTGs), e é um movimento fundamentalmente musical, formado por músicos que buscam mostrar um trabalho de qualidade e profundamente ligado às raízes da cultura gaúcha.

No âmbito antropológico, o Nativismo se refere a qualquer atitude que tente enfocar prioritariamente os valores culturais de uma determinada localidade, em contraposição a uma esfera cultural provinda do exterior, a qual insiste em se tornar predominante neste mesmo local, ou seja, em um domínio estrangeiro. O sentimento nativista foi particularmente vivenciado pelas nações que sofreram a colonização de uma determinada metrópole, tendo assim valores culturais alheios impostos em um contexto totalmente distinto. Estes povos, em grande parte, se sublevaram contra seus dominadores por meio de revoltas e movimentos populares rebeldes. Posteriormente estas rebeliões desembocaram em conquistas emancipatórias, ou culminaram na mais absoluta dominação cultural.

O nativismo gaúcho não é uma entidade e sim um movimento cultural cuja união está na identificação pessoal e na semelhança de produção artística de seus membros. Os líderes são os artistas e os organizadores de festivais, mas não há uma hierarquia estabelecida entre eles. Ambos possuem associações independentes na expectativa de uma organização maior, porém não se pode comparar com as diretorias e patronagens do tradicionalismo. Os guerreiros desta tribo são os admiradores da música nativa, da poesia gaúcha e da pajada rio-grandense. Seguem seus ídolos, mas não lhes dão exclusividade. Aplaudem e consomem o produto cultural dos que mais se identificam. Vão aos festivais com o mesmo entusiasmo com que frequentam os CTGs. Há migrantes entre os grupos, contudo pode-se afirmar independente de qualquer pesquisa de que o tradicionalismo municia o nativismo com maior contingente de pessoas do que o contrário.

Nos festivais há uma comemoração da arte criada em relação aos temas, mais do que uma vinculação política que ela possa expressar, e normalmente as letras de música estão recheadas de defesa das questões humanas. O antropólogo rio-grandense Ruben Gorge Oliven registra em seu livro A Parte e o Todo - A Diversidade Cultural do Brasil-Nação-, algo comprobatório deste amor à arte acima de tudo. "... o que me chama atenção é o fato de o público aplaudir indistintamente músicas a favor ou contra a figura tradicional do gaúcho." E complementa: "Mas o público parece vibrar com todas; acho que, na realidade, as pessoas vibram com a celebração da identidade gaúcha."

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