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I DON'T MEAN TO BE A BOTHER, BUT HAVE YOU SEEN THIS GIRL?



O1. Pr�logo

O c�u estava escuro e a �nica fonte de luz que me iluminava era a metade da lua aparente. Olho ao meu redor e percebo que estou em uma clareira. Ia come�ar a me perguntar a raz�o quando um vulto branco passou por mim e se escondeu atr�s de algumas �rvores. Observava-me com os olhos bem abertos, e assim que resolvi me mexer, corre para longe. Me desespero, como se eu precisasse encontr�-lo. Corri selva adentro, tirando todos os galhos e folhas que tentavam atrapalhar meu caminho. Corri como se corresse de uma assombra��o, embora no caso eu estivesse correndo atr�s da assombra��o.
O encontro em outra clareira pouco maior do que a anterior. A lua estava cheia naquele momento e iluminava o vulto nitidamente. Era uma mulher com um vestido branco e rosto de anjo extremamente familiar. O rosto da minha menina. Ela observava o luar em transe, assim como eu a olhava im�vel. N�o queria mexer-me e correr o risco de perd�-la novamente, do modo que n�o o fiz. Depois de um tempo congelados nessa cena, ela me olhou de repente e me assusta. Depois sussurra como se fosse um segredo que o mundo n�o pudesse ouvir.
- Eu n�o estou t�o longe. Me procure, me ache. A hora certa � agora.
Sua voz entrava no meu ouvido com tal suavidade que chegava a fazer c�cegas. Estava juntando for�as para respond�-la, mas um barulho alto e repetitivo come�ou a ecoar dos c�us. Tentei gritar por ela, mas sua imagem estava desaparecendo. E eu fiquei im�vel.
Depois de anos sem ver aquele rosto, eu fico im�vel quando ele vai embora.
Apenas assistindo aquela cena.
S� aquela frase j� era o suficiente para me convencer.

O2.

Acordo assustado e ofegante. Desligo o meu despertador e o amaldi��o em minha cabe�a por ter me tirado do sonho. Suspiro alto e estico a m�o sobre a cama meio contrariado, pois sei que ela estar� desocupada. Fico um tempo apenas olhando o teto e enfim me sento e ponho meus sapatos. Minha cabe�a d� um giro e me obriga a deitar novamente, fazendo-me lembrar de que n�o estou totalmente s�brio por dias.
Depois de o quarto ter parado de girar, abri a janela e senti a brisa gelada vindo do lado de fora. Aquilo me lembrava minhas piores mem�rias, e eu caio de joelhos apenas pela lembran�a.

Era domingo � noite, e est�vamos entre risadas em um pub com m�sicas ao vivo, tocadas por um m�sico � se � que posso referir-me a ele como m�sico � n�o muito satisfeito com a vida e um tanto quanto melanc�lico. J� estava no meu quinto copo de cerveja quando a minha melhor amiga chega, a Claire. Ela era uma amiga de inf�ncia, mas fazia muito tempo que n�o a via, j� que ela havia se mudado para longe, j� que seus pais haviam se separado. Trazia consigo uma amiga que pelo que tinha me contado, chamava e estudava no mesmo col�gio. Tinha 14 anos, assim como Claire. Era 4 anos mais nova que eu.
- ! - Claire me chamou. � Tudo bom meu melhor amigo que se esqueceu de mim?
Desviei o olhar de sua amiga, que parecia bastante t�mida, e abracei Claire.
- Quem mandou voc� ir pra t�o longe de mim?
- S�o s� duas horas daqui, pregui�oso. At� parece que n�o dirige!
Ela sorriu e foi cumprimentar o resto das pessoas. Aproximei-me da t�mida e tentei puxar um assunto qualquer. Culpa da bebida, normalmente n�o costumava ser t�o soci�vel a esse ponto.
- Ei, voc� deve ser !
Ela sorriu e concordou.
- E voc� deve ser , prazer.
Me surpreendi quando ela disse meu nome.
- Como voc� sabe? � perguntei.
- Claire fala muito de voc�.
Sorri, e ela tamb�m. Levei-a para sentar-se ao meu lado e ofereci um copo de cerveja, cujo qual ela recusou.
- N�o bebe? � perguntei.
Ela negou.
- Voc� estuda na mesma escola que Claire, certo?
- Sim, mas estamos de f�rias agora.
- Foi pro primeiro ano, tamb�m?
Fez que sim com a cabe�a e perguntou o mesmo a mim.
- Me formei esse ano, mas n�o passei na faculdade. Agora, eu s� trabalho.
Conversamos mais um pouco sobre isso e assuntos relacionados, e eu falei muitas besteiras das quais n�o me lembro, e acredito que seja melhor eu n�o lembrar. Eu devia estar realmente fora de mim. Olhei para o lado e Claire estava beijando o nosso amigo. Os dois eram um caso mal resolvido de um ano e toda vez que se viam, era a mesma coisa. Como uma rotina. Sorri.
- Ent�o, esse � o David? Claire me contou sobre ele.
Assenti. Ofereci meu copo a ela novamente. Ela hesitou por um instante, mas acabou aceitando. Bebeu em um grande gole. Sorri maliciosamente.
- N�o bebe, n�?
Ela sorriu envergonhada.
A noite passou rapidamente, e aos poucos foi ficando mais solta. Conversou com todos e teve uma boa liga��o com o grupo. �timo, exceto pelo fato de que seu desvio de aten��o uma vez ou outra me irritava.
Claire veio at� n�s e abriu o seu largo sorriso costumeiro. Ela estava meio b�bada.
- , eu e precisamos ir para casa. David vai me levar, quer ir junto?
Olhei para a menina e ela sorriu animada.
- Claro, seria uma prazer.


Fugi de minhas mem�rias, j� estava cansado de deix�-las fazer-me mal. Ali�s, j� faziam cinco anos de que tudo aquilo havia acontecido. Levanto e tomo um banho, deixando que as l�grimas ca�ssem sem que eu percebesse. Uma rotina que vinha seguindo a um tempo. Recoloquei o short do pijama e desci hesitante at� a sala de estar. Escuto um barulho proveniente da cozinha, e segui at� l�. Ela estava com um pijama pequeno fazendo meu caf� da manh�. Fingi um sorriso no rosto e aceitei seu beijo matinal. Sentamos na mesa e comemos os ovos juntos, enquanto ela tagarelava sobre tudo, como sempre. Tentei fugir de l� o mais r�pido que pude, mas ela me pegou pelo bra�o.
Ela � Summer, minha atual namorada. Mora comigo, mesmo que eu nunca tenha proposto isso. Digamos que ela n�o seja uma pessoa que precise de convite, ela vai deixando algumas roupas na casa e antes que voc� perceba, ela j� est� enfeitando o quarto com cortinas coloridas. Tem a minha idade, 23 anos.
Sum puxou minha m�o e me guiou escadas acima, soltando um riso malicioso. Levou-me at� a porta do quarto e me soltou, correndo e se jogando na cama. Morri por dentro por ter que fingir felicidade mais uma vez, e apenas fiquei a observando. Depois, entrei e fechei a porta, dando um suspiro bem longo.

O3.

A noite havia se tornado um pesadelo para mim. Eu tinha medo de fechar os olhos e v�-la em forma de anjo, e ter sempre o mesmo sonho, o que vinha acontecendo a algumas semanas. Sum dormia ao meu lado e eu me tormentava na cama. Por mais que eu tentasse impedir, as mem�rias insistiam em voltar.

- Namorado? At� parece. � ela me respondeu.
Est�vamos andando pelas ruas. Fazia apenas dois dias que hav�amos nos conhecido, mas era como uma vida toda, e eu come�ava a me interessar por ela. E eu queria conquist�-la mais que tudo. E, ponto pra mim, ele estava solteira.
- � t�o dif�cil assim achar algu�m?
- N�o, � s� que eu n�o acredito no amor.
Olhei para ela indignado. Como uma pessoa consegue duvidar do amor?
- Voc� est� mentindo. � respondi.
- N�o, n�o estou. O amor em si n�o existe. Aquela felicidade, aquele sentimento bom, aquela seguran�a que todos falam que existe no amor. Pra mim, tudo n�o passa de sofrimento e decep��o disfar�ados.
- Voc� � muito descrente, .
- Ah, sou? Ent�o me diga voc� o que acha do amor.
- N�o tem como descrever. Vai das coisas mais simples como se apaixonar por um simples sorriso, at� coisas mais complexas, como se apaixonar pela pessoa mesmo quando ela grita com voc�. E � se apaixonar v�rias vezes por dia, pela mesma pessoa, de jeitos diferentes.
Ela olhou pra mim, um pouco espantada.
- Voc� � um grande de um amante, . T�o tolo, t�o apaixonado por tudo e todos.
- E voc� � uma grande de uma mentirosa, . Nega que algo assim entre na sua vida.
Ela sorriu.
- Touch�.
E ent�o olhou para o c�u. O sol come�ava a se por.
- O p�r-do-sol � a melhor cena de todas, n�o acha? Vem, senta aqui.
Ela disse e sentou na cal�ada de uma casa qualquer.
- Sentar aonde? A�? No meio da rua?
- Vem logo.
Cedi e sentei ao seu lado. Ela encostou sua cabe�a em meu ombro e suspirou.
- Voc� � uma blefista, .
Ela sorriu sem olhar pra mim. Fiz carinho em seus bra�os e sorri para o c�u, pois agora nem ela poderia desacreditar no amor.


Desisti de tentar pegar no sono e levantei �s duas da manh�, decidido. Tomei cuidado para n�o acordar minha companheira e coloquei uma roupa qualquer. Deixei um bilhete falando que havia sa�do e s� voltava � noite. A verdade � que eu n�o pretendia voltar.
Entrei no carro e liguei em uma r�dio qualquer. Dirigi por um caminho que eu conhecia bem. Meus olhos queimavam como fogo gra�as �s l�grimas que eu n�o deixava cair. Permiti apenas que as lembran�as voltassem.

- Ok , n�o tem problema.
- Tem certeza, amor?
- Claro, s� porque estamos...
Ela parou de falar.
- Namorando. � afirmei
- Namorando?
- �, namorando.
- Isso � um pedido?
- Kate, j� conversei com voc� sobre isso. � complicado por que...
- A gente s� se viu cinco vezes, j� sei.
- N�o � que eu n�o queira, mas � cedo para oficializar, ok? Mas voc� � mais do que um caso pra mim.
- Eu sei , eu sei.
Abaixei a cabe�a. Odiava deix�-la mal, mas sempre que tocava nesse assunto, ela ficava desanimada.
- Enfim, s� porque estamos namorando, n�o quer dizer que voc� n�o possa sair com seus amigos. Eu n�o vou te impedir de nada s� porque n�o estou a�, ok?
Respirei fundo. Est�vamos juntos a cinco meses, e hav�amos nos visto pouqu�ssimas vezes, j� que ela morava meio longe da minha cidade. �s vezes eu pegava o carro e ia at� l�, mas n�o pass�vamos muito tempo juntos, j� que n�o podia pegar a estrada muito tarde. Era dif�cil, mas a gente acabou se acostumando com a saudade.
- Eu te amo, ta? � falei por fim.
- Tamb�m te amo, se cuida.

Quando parei em frente a sua casa, j� eram 4 da manh�. Desliguei o carro e fiquei me perguntando se devia tocar a campainha. A m�sica no r�dio era pesada, e me fazia sentir raiva. Raiva de t�-la abandonado, raiva de n�o ver aquele rostinho d�cil a cinco anos, e raiva de n�o ter sido forte o suficiente para cumprir minhas promessas.
Tomei coragem por volta das 5 horas. Sa� do carro e caminhei at� a porta sem pensar, pois sabia que no momento que a sanidade me ocorresse, eu iria perder as for�as. Apertei a campainha e esperei um tempo at� que algu�m viesse abrir a porta, e rezava para que fosse ela. Nem me importei que era de madrugada e que iria acordar a todos, a minha vontade � mais que vontade, necessidade � era mais importante.
Esperei alguns minutos e apertei novamente. Insisti durante um tempo at� me convencer de que n�o tinha ningu�m em casa. Me senti desamparado. Fui at� a casa ao lado e toquei a campainha. Come�ou a chover forte e meus olhos estavam ficando vermelhos. Ignorei a �gua que ca�a sobre meu corpo e toquei diversas vezes persistentemente. Um velho homem atendeu a porta enrolado em um roup�o. Ele parecia bastante irritado.
- Desculpe o inc�modo, mas voc� sabe onde mora ?
- Menino, voc� est� louco! S�o cinco horas da manh� e voc� me acorda para perguntar sobre uma menina que se mudou h� meses!
- Se mudou? Como assim? Pra onde?
- N�o sei, filho. Agora licen�a que eu preciso voltar a dormir.
Ele bateu a porta na minha cara, e eu fiquei alguns minutos im�vel. Como assim, ela havia se mudado? Eu precisava descobrir para onde.
Fui at� a porta ao lado e insisti na campainha. Uma mulher de meia idade abriu a porta.
- Pois n�o? � ela me olhou com cara preocupada.
- Eu estou procurando por .
- Ela n�o mora aqui, costumava morar naquela casa ali, mas se mudou a alguns meses.
- Voc� sabe pra onde?
- E porque eu te daria essa informa��o?
- Porque ela tem estado em meus sonhos, e isso est� me deixando louco. Eu n�o a vejo h� cinco anos, e eu preciso encontr�-la.
- Para que? Acha que isso me convence de d�-lo seu endere�o? Pra mim, voc� n�o passa de um louco.
Pensei por alguns momentos. Afinal de contas, pra qual motivo eu a estava procurando? N�o era dif�cil de responder.
- Para pedi-la em casamento.
Ela me olhou espantada.
- S� um minuto.
Entrou em casa e voltou em pouco tempo.
- O endere�o dela est� nesse papel. Qualquer coisa, eu n�o o conhe�o.
Sorri vitorioso. N�o ficava t�o longe dali, e eu corri at� o carro. Gritei um obrigado para a vizinha fofoqueira, e entrei no carro encharcado. Liguei o carro exasperado e dirigi o mais r�pido que pude.

O4.

- , a gente precisa conversar.
Est�vamos em minha casa, e ela estava passando o fim de semana na casa do pai de Claire.
- Claro amor, o que foi?
- Voc� v� futuro na gente?
- Sinceramente?
Ela fez que sim com a cabe�a.
- Se eu n�o visse, n�o estaria com voc�.
Ela sorriu olhando pra baixo, meio triste. Levantei seu rosto com o dedo em seu queixo e a fiz olhar nos meus olhos.
- Me conta, o que ta te preocupando?
- Eu n�o acho que a gente deva continuar juntos.
Abri bem os olhos e fiquei im�vel por um tempo. O ar foi embora, e eu n�o consegui ach�-lo durante um tempo. Ela falou a frase bem r�pido, como se assim pudesse aliviar a dor.
- Por que diz isso? � perguntei.
- Porque voc� precisa disso, . E eu tamb�m. Eu sei que voc� n�o quer uma namorada que voc� veja uma vez por m�s. Voc� quer algu�m que esteja ao seu lado todo dia e que possa ajudar nos seus problemas. Algu�m que possa te fazer companhia nos dias frios e com quem viver momentos perfeitos. E eu n�o posso te dar isso.
- �, eu realmente quero isso. E ia ser bom se voc� estivesse aqui todo dia, e que pudesse me fazer companhia. Mas eu s� quero tudo isso se for com voc�. Se for com outro algu�m, eu prefiro esperar um m�s pra te ver. Eu n�o me importo contanto que eu saiba que o seu sorriso pertence a mim.
Vi seus olhinhos se encherem de �gua e a limpei assim que come�ou a vazar.
- Por favor, n�o chora. Eu n�o vou desistir de voc�.
- Mas a gente tem que desistir, . Eu quero isso menos que voc�, mas a gente precisa de um tempo.
- Um tempo? Quanto tempo?
- N�o sei. Um tempo para nos estabilizarmos, para nos ajeitarmos. Voc� agora ta come�ando a �poca de trabalho e faculdade, e eu n�o quero entrar em seu caminho. N�o quero ser um peso a mais.
- Voc� n�o � nenhum peso, ! � voc� quem me ajuda a acordar sorrindo todo dia, que faz com que eu viva com um objetivo, que � ficar com voc� por todo o tempo que eu puder!
- , voc� � muito mais velho que eu, voc� quer outras coisas que eu.
- Eu quero voc�.
- Olha , � um tempo. N�o � um fim. A gente vai ficar junto quando a hora certa chegar, ok? Eu sei que um dia voc� vai voltar e a gente vai ser feliz, porque com voc� eu consegui ir mais longe. E mesmo que n�o tenha sido muito tempo, minha vida mudou quando voc� chegou. Hoje � como se fossemos um s�. Mas eu quero que voc� viva toda a sua vida, viva tudo o que pode. E quando a hora chegar, volta. Porque n�o importa o resto, o nosso sentimento � mais forte que tudo. Voc� me fez mudar minha id�ia sobre o amor, eu sei que ele existe agora. Eu sei que n�s vamos ficar juntos mais uma vez.
H� essa hora, eu j� n�o conseguia manter as l�grimas em meus olhos. Elas escorriam sem parar, e eu j� n�o me preocupava com isso.
- , por favor, n�o vai embora.
- Eu tenho que ir, . N�o se esquece de mim, ta?
Ela se levantava, mas eu a puxei para perto e dei um beijo. E eu senti que seria o ultimo.
- Por favor, fique. � supliquei por uma ultima vez.
- At� algum dia, .


Meus olhos do�am de cansa�o, mas eu n�o podia parar. Eu n�o queria parar. Tudo o que eu queria era olhar bem pra ela e falar que eu tinha voltado, e que agora podia acontecer.

A campainha toca. Estou com v�rios amigos e estou b�bado, assim como todos. Morava sozinho e sempre tinha algumas festas desse estilo em casa. Quando abro a porta, me deparo com uma cena que eu n�o via h� dois anos.
- ? � voc� mesmo?
A minha menina, que n�o era mais t�o menina, estava em frente a mim. Nervosa, pude perceber.
- Sim , sou eu. Desculpa se vim sem avisar e...
Ela parou quando ouviu risos ao fundo.
- Cheguei em m� hora?
- N�o, s� estou dando uma festa com uns amigos.
- Voc� ta b�bado?
- �, quem sabe um pouco.
Gargalhei.
- Ent�o , � que eu preciso conversar com voc�, sabe...
- Ah, j� sei! Agora, depois de dois anos, voc� volta como se tudo fosse ficar bem e pensa que eu vou voltar pra voc� de bra�os abertos. Desculpa , mas eu j� segui minha vida!
- Voc� n�o quer nem falar sobre isso?
- N�o , voc� j� � passado.
Ela come�ou a chorar de raiva e correu. E eu nem fui atr�s dela, n�o me importava mais. Ou pelo menos era o que eu pensava.


O5.

Cheguei a sua rua quando o c�u come�ava a ganhar cor. Parei em frente do n�mero indicado e fiquei um tempo olhando. A casa era grande e branca, parecia aconchegante. Que seja, n�o me apeguei em detalhes.
Corri at� a porta e toquei a campainha sem hesitar. Em pouco tempo, a porta se abria.
Ela estava um pouco diferente da ultima vez que a havia visto, mas sabia que era ela. A minha Kate. A minha menina. Eu nunca poderia esquecer os seus tra�os definitivos.
- ? � ela perguntou depois de um tempo olhando para mim.
Ela estava est�tica, assim como eu. Abracei-a com for�a, mas n�o fui retribu�do.
- � voc� mesmo? � ela perguntou.
- Sim! Sou eu! , eu tenho tanto a te falar. Tanta coisa que eu quero conversar e...
- Voc� quer voltar? � ela falou seca.
Congelei e a olhei.
- �, eu ia chegar a esse ponto.
- Ent�o voc� acha que � assim? Depois de tudo aquilo, voc� chega muitos anos depois e acha que eu vou te aceitar de bra�os abertos? Desculpa Joe, eu j� segui minha vida. Voc� agora � passado.
Vi que ela tinha repetido minhas palavras, e ent�o senti o qu�o cruel aquilo tinha sido. O qu�o dolorido era ouvir aquilo de uma pessoa.
- , por favor, me escuta.
- O que voc� quer?
Olhei fundo em seus olhos e ajoelhei. N�o tinha muita certeza do que estava fazendo nem se estava pronto, mas eu sabia que era aquilo que eu queria.
- , casa comigo?
Percebi sua cara de espanto. Ela prendeu a respira��o e n�o voltou durante um tempo.
- , voc� est� fora de si. Vem, entra, vamos conversar.
Entrei sem hesitar por nem um minuto. Ela me dirigiu at� a sala de estar e pediu para que eu me sentasse em um sof�, e ela sentou-se ao meu lado logo em seguida. As palavras estavam lutando para sa�rem da minha boca, e n�o esperei nem um minuto para come�ar a falar.
- Eu sei que agora voc� est� achando que eu estou louco, mas n�o , eu sei o que eu estou fazendo. Eu achei que depois de todo aquele tempo eu ia conseguir te esquecer e ia conseguir superar, e eu tentei de todas as formas! Mas j� faz um tempo que eu n�o paro de pensar em voc�, faz um tempo que voc� n�o sai da minha cabe�a e um tempo que as imagens dos nossos momentos n�o param de passar pela minha cabe�a. �ramos ambos muito novos, e ach�vamos que o mundo estava em nossas m�os, que pod�amos fazer tudo o que quer�amos. Mas n�s n�o pod�amos. E agora, depois de tanto tempo, eu t� de volta. E eu sei o que eu quero. Eu quero voc� ! Quero acordar e v�-la dormindo ao meu lado, e ach�-la linda mesmo com os cabelos emaranhados e a cara de cansada. Quero t�-la comigo quando passarmos pelos momentos dif�ceis, e quero super�-los com voc�, porque s� assim que eu vou conseguir ser feliz. Casa comigo, , e eu prometo te fazer a pessoa mais feliz do mundo.
Ela me olhou aflita, com a boca entreaberta. Percebi que ela havia parado de respirar por uns minutos.
- , eu... Eu n�o sei, t�o de repente e...
Percebi que ia perd�-la, e ent�o n�o pensei duas vezes antes de beij�-la. Ela n�o me afastou como eu esperava que fizesse, mas tamb�m n�o teve rea��o. A saudade que eu sentia daqueles l�bios ro�ando nos meus era t�o intensa que o seu beijo me deixou fora de mim. Como uma droga.
Assim que nos separamos, ela ficou um tempo com os olhos fechados.
- Voc� precisa ir embora, . � ela falou ainda sem abrir os olhos.
- Como?
Ela se levantou, e eu a acompanhei como impulso.
- Voc� precisa ir. Agora.
A acompanhei at� a porta, ainda n�o sabendo bem o que estava fazendo. Quando sai pela porta, eu me virei para convenc�-la.
- , por favor. Eu s� vou embora se for com voc�
- Desculpe , mas eu n�o acredito no amor.

� i guess i�ll go home now� � 1
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