NAMBA'S KENNEL

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Para refletir.

 

 

Polêmica sobre o tamanho do APBT

 

O American Pit Bull Terrier foi selecionado pelo homem para ser um cão exclusivamente de rinha e isso abriu diversos campos de suposições que tornam calorosos alguns debates. Adiante tentaremos discorrer sobre a polêmica gerada em torno do tamanho (peso e altura) do mesmo.

Antes de estudarmos os cães de rinha, devemos estudar a origem da própria rinha.

Remotam os tempos que civilizações antigas utilizavam animais nos campos de batalha aonde exércitos travavam combates montados em cavalos. Os persas adotaram os elefantes como montaria e aumentaram estrondosamente o poderio de seu exército. Os romanos formaram verdadeiras legiões aonde os "cães de guerra" eram fator importante em suas conquistas. O homem, em sua corrida armamentista, já observava as vantagens de se possuir animais fortes, rápidos e eficazes como parte de seus exércitos.

   

  Com o surgimento de máquinas bélicas com poder de destruição cada vez maiores, os animais foram deixando os campos de batalha gradativamente e, aos poucos, foram sendo utilizados para outras funções. Dentre essas funções, alguns animais foram trazidos para o "espetáculo" e entreter a população da época. Essas apresentações se tornaram frequentes e os animais passaram a ser selecionados para exercer esse papel.

Diversas raças foram utilizadas para o "show", porém os criadores passaram a selecionar animais cuidadosamente; não porque se buscasse a beleza e a simetria das formas, mas a coragem sem limites, o instinto de agressão e uma ferocidade extrema. No mundo todo, através da cuidadosa seleção buscavam um cão tão sanguinário que nem a dor seria capaz de o deter. Dessa seleção constataram que os cães molossóides possuíam melhor desempenho nos combates.

Com a evolução da humanidade, tais "espetáculos" se tornaram barbáries e foram banidas da sociedade. Entretanto, dessa vez o homem resolveu não remanejar esses animais para outras funções. Continuaram com os "shows" que agora, por serem ilícitos, eram realizados em locais ermos no sub-mundo da sociedade. Essas "mini-arenas" eram realizadas em lugares pequenos, fechados e com o número reduzido de pessoas. Evidentemente, não eram utilizados mais touros, leões, ursos ou qualquer outro tipo de animal de grande porte devido ao espaço restrito ao qual ficaram confinados. Para isso adotaram o combate somente entre dois cães aonde existiria somente um vencedor.

 

Conseqüente à falta de espaço, os criadores passaram a selecionar cães que pudessem desempenhar seu papel dentro desse reduzido campo de batalha. Ou seja, começaram a selecionar animais com as mesmas características de antes, mas agora com o porte reduzido. Alguns, vale ressaltar, também optaram por selecionar cães menores devido às dificuldades de se criar animais maiores durante a grave depressão que assolava a Europa naqueles idos.

Essa seleção trouxe um outro atrativo para as agora então denominadas rinhas: com cães menores, o combate durava um período de tempo maior; a platéia tinha um "espetáculo" mais emocionante e que gerava um maior números de apostas com o decorrer das lutas. Ao perceberem que o tempo das lutas ficava cada vez maior, os criadores também começaram a selecionar exemplares cada vez mais resistentes à dor, maior determinação (gameness) e maior fôlego (stamina).

Com o passar do tempo, mais precisamente já na colonização dos Estados Unidos da América, as rinhas foram introduzidas naquele país pelos imigrantes, principalmente, ingleses e irlandeses. Porém, para eles, os Estados Unidos da América era praticamente um Continente em comparação aos seus países de origem. Um país quase sem leis aonde colonos desbravavam o Wild West e que apresentava pastos quase infinitos para a criação de seus rebanhos.

Nesse processo de colonização, os cães trazidos da Europa foram usados no manuseio dos rebanhos e na lida diária dos pioneiros americanos. As rinhas, todavia, não foram esquecidas mesmo ainda sendo proibidas. Contudo, a filosofia dos criadores havia mudado por três razões: a fartura de locais para a realização, a falta de fiscalização e o grande números de apostas. Os Estados Unidos da América era o paraíso!

Essa nova seleção trouxa à luz os cães da época com um ligeiro acréscimo no peso e na altura. Por quê? Justamente pelos três motivos citados: os lugares aonde se realizavam as rinhas eram amplos aonde cães maiores não possuíam seus movimentos limitados aos antigos e pequenos cubículos marginais; a quantidade de rinhas era maior e mais freqüente devido à falta de fiscalização e as apostas aumentavam em quantidade e em valor devido ao franco crescimento daquele país. Com esse pensamento, os criadores não se interessavam mais pelo "espetáculo", mas somente pelo lucro. Passaram a selecionar artificialmente um cão que fosse invencível, um cão imbatível que garantisse a vitória e os lucros. Surgia o AMERICAN PIT BULL TERRIER.

           

Essa explanação no faz claramente observar as diversas raças, de diversas nacionalidades, usadas (ou que foram usadas) em combate e verificar que o tamanho de seus exemplares é similar. Em todos os processos seletivos houve a busca de conciliar força e agilidade em um nível que tendesse a perfeição em rinhas (Vale lembrar que não me refiro aos cães adaptados para rinha, mas aos selecionados para esse fim). Houve uma busca pelo guerreiro perfeito aonde os valores foram alterados ao longo dos tempos. Primeiro valorizaram a FORÇA, depois a RESISTÊNCIA, VELOCIDADE, DETERMINAÇÃO e, finalmente, a INVENCIBILIDADE.

Ora, é claro que não há mais lugar para as rinhas e que os tempos são outros, mas existem pessoas que querem regredir em busca de animais similares aos seus antepassados mais remotos e ainda alegam que são os verdadeiros APBT's. Isso é demais!

Como já sabemos (vide Introdução), seus antepassados eram animais de porte pequeno que, depois de trazidos da Europa para os Estados Unidos da América, sofreram um acréscimo no peso e na altura.

Essa corrente acredita na volta dos cães de pequeno porte depois de décadas de evolução e do enorme trabalho dos antigos criadores, esses indivíduos propagam a involução das raças de combate e, principalmente, anseiam o regresso dos antigos cães europeus. Tenha paciência! O ápice para os adeptos dessa absurda idéia deve ser um embate entre um White West Highlander Terrier contra um Spitz Alemão.

A idéia de cães pequenos serem invencíveis em combates é tão absurda quanto se imaginar uma luta de Boxe entre seres humanos aonde o Mike Tyson enfrentaria o nosso Popó. Apesar de extremamente patriota, é evidente que seria um massacre. E justamente por isso, não se tem registros de combates entre adversários com uma margem de peso discrepante entre os mesmos. Seria uma covardia colocar cães, de mesma raça ou não, com uma diferença de 10Kg ou mais entre ambos.

      

Os criadores americanos queriam somente cães que pudessem vencer seus combates sem se importar com o "show", nem com a duração dos mesmos. Para isso procuraram aperfeiçoar ainda mais os exemplares da época buscando um animal perfeito para suas intenções. Um cão extremamente forte, ágil, resistente e todas as demais características de um guerreiro ímpar. Para essa raça de cão foi dado o nome de AMERICAN PIT BULL TERRIER, ou seja, o cão é norte-americano e não europeu.

Hoje em dia muito se fala de linhagens alemãs, mexicanas e outras. Seria o mesmo de falar de linhagens de Filas Brasileiros da Argentina, do Japão ou da Itália. Cômico no mínimo, pois o padrão da raça é definido em seu país de origem e apesar do padrão do APBT ser extremamente flexível, não se tolera a criação de sub-raças. Ou seja, o AMERICAN PIT BULL TERRIER nunca foi selecionado pelo seu fenótipo e sim pelo seu temperamento, suas qualidades para o combate. Chegamos ao triste ponto aonde criadores buscam um APBT com a cabeça de um Mastim Napolitano e, acreditem, fazem seguidores dessa estapafúrdia aberração.  Outros endeusam linhagens baseados em lendas que, na linguagem deles, "...São os bichos esses mexicanos, meu! Já vi um desses matar um Fila!...".

Vamos com calma, leigos e criadores iniciantes! Primeiro: o flexível padrão do APBT, em toda a sua subjetividade, condena a desproporção da cabeça com relação ao corpo, sendo assim cabeça grande demais com corpo pequeno é considerado falta. Segundo: são extremamente raros os registros de combates inter-raciais, ou seja, cães de raças diferentes travarem embates devidamente registrados e, principalmente, de proporções tão discrepantes.

Infelizmente a grande maioria de criadores de APBT não se interessam com essas coisas e simplesmente se vangloriam de possuir um animal "imbatível". Querem somente o status de criar a raça ou fazer dinheiro com a comercialização dos mesmo. Visto o enorme estouro da raça no país graças a mídia que mostra um cão assassino. Violência vende! Tanto vende que ainda hoje são realizadas rinhas clandestinas no Brasil e legalizadas em outros países como o México.

            

Precisamos nos unir para criar um futuro, pois o passado é límpido e não abre margens para questionarmos o padrão da raça. O American Pit Bull Terrier carrega o seu triste passado de marginalidade e crueldade sem ter um futuro certo. O quê fazer da raça? Os tornaremos cães de guarda? De caça? De companhia? Isso degeneraria a raça? O certo é que isso é o real ponto dúbio e que, com certeza, será tema para outros textos.

         

 

Ricardo da Silva Namba.

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