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Richard Wagner (1813-1883)

Nasceu em Leipzig, em 22 de maio de 1813.
Morreu em Veneza, em 13 de fevereiro de 1883.

Wilhelm Richard Wagner, músico alemão. Sua obra lançou as bases da música moderna e abriu caminho às novas teorias surgidas no século XX.

 
       Tristão e Isolda, ópera que leva às últimas conseqüências o cromatismo romântico, pôs em questão o próprio sistema tonal, então predominante na música do Ocidente, e abriu caminho às novas teorias surgidas no século XX. A influência revolucionária da obra de Wagner deve-se tanto ao sucesso de suas criações quanto à violenta oposição que despertaram.

       Wilhelm Richard Wagner nasceu em Leipzig, em 22 de maio de 1813. Impulsivo e voluntarioso, foi desde a infância aluno negligente mas, como autodidata, iniciou-se na música e na literatura. Impaciente com o estudo acadêmico, preferia analisar detalhadamente as obras dos grandes mestres, sobretudo os quartetos e sinfonias de Beethoven. Em 1833 assumiu o posto de ensaiador de ópera em Würzburg. Tornou-se a seguir diretor musical de uma companhia teatral de Magdeburg.

       Perseguido pelos credores, Wagner decidiu abandonar a Alemanha e, em 1839, fixou residência em Paris, onde viveu por três anos sem conseguir o sucesso almejado. Compôs, entre outras peças, Rienzi, der letzte der Tribunen (1840; Rienzi, o último tribuno), grande ópera ao estilo de Meyerbeer, menosprezada pelos críticos e, mais tarde, pelo próprio autor. No ano seguinte, surgiu a primeira ópera representativa de seu estilo pessoal, com a qual enveredou pelo romantismo fantástico: Der fliegende Holländer (1841; O navio fantasma), baseada na lenda do marinheiro condenado a navegar por toda a eternidade. Embora com clara influência de Weber, a obra se destaca pelo estilo pessoal. Em 1842, o compositor foi nomeado diretor da ópera de Dresden e, no ano seguinte, compôs Tannhäuser, obra-prima de forte dramaticidade. A partir de então suas óperas, todas inspiradas em lendas germânicas, conquistariam gradativamente o apreço do público, apesar da permanente hostilidade de boa parte da crítica.

       Com Lohengrin (1848), o primeiro drama musical, concretizou-se o rompimento com a forma convencional da ópera. Cada cena passou a constituir então uma unidade completa: árias e coros não mais interrompidos por diálogos ou recitativos. Os Leitmotive -- motivos musicais que emergem naturalmente como expressivas frases cantadas pelos personagens e são desenvolvidos pela orquestra como "reminiscências" -- expressavam o desenvolvimento psicológico e dramático. As pretensões de Wagner quanto a reformas administrativas e políticas que tirariam da corte o controle dos espetáculos -- por meio da criação de um teatro nacional cujas produções seriam selecionadas por um conselho de dramaturgos e compositores -- levou as autoridades da corte de Dresden a recusar sua obra.

       Em 1849, depois de participar da revolução em Dresden, o compositor foi obrigado a abandonar o país e não pôde estar presente à estréia de Lohengrin. Fugiu para Zurique, onde escreveu suas mais importantes obras teóricas, entre as quais Das Kunstwerk der Zukunft (1850; A obra de arte no futuro) e Oper und Drama (1851; Ópera e drama), e trabalhou como regente. Por 15 anos o músico não apresentou novas composições.

       Em 1850, escreveu um poema operístico, Siegfrieds Tod (A morte de Siegfried) -- mais tarde chamado Götterdämmerung (O crepúsculo dos deuses) -- e, por volta de 1852, havia produzido outros três que o precederiam, numa tetralogia intitulada Der Ring des Nibelungen (1856-1874; O anel dos nibelungos). A obra completa inclui também Das Rheingold (O ouro do Reno), Die Walküre (As valquírias) e Siegfried. Prevendo a criação de um estado socialista, Wagner profetizou o desaparecimento da ópera enquanto entretenimento artificial para as elites e o surgimento de um novo tipo de espetáculo musical para o povo, que expressasse a auto-realização da humanidade livre. A nova forma seria um drama poético ligado a contínua textura vocal e sinfônica.

       A necessidade de compor uma obra "normal", que pudesse ser montada imediatamente; um pessimismo metafísico, influenciado pela leitura assídua de Schopenhauer; e o amor que lhe despertou Mathilde Wesendonck, mulher de um rico mecenas -- todas essas razões levaram Wagner a abandonar Der Ring e compor a ópera Tristão e Isolda (1857-1859). O trabalho foi concluído em Veneza e Lucerna, pois seu amor impossível por Mathilde o levara a deixar Zurique. Em 1859, transferiu-se pela segunda vez para Paris onde, no ano seguinte, apresentou Tannhäuser. As vaias com que a obra foi recebida intensificaram ainda mais seu sentimento nacionalista. Em 1861, uma anistia permitiu que voltasse à Alemanha. Dali, seguiu para Viena, onde ouviu Lohengrin pela primeira vez.

       Concebida para ser uma obra aceita com facilidade, Tristão e Isolda foi recebida com perplexidade pelo próprio meio artístico e não pôde ser montada. Wagner começou então outra obra "normal", Die Meistersinger von Nürnberg (Os mestres cantores de Nuremberg). Por volta de 1864, no entanto, seus hábitos de estróina inveterado, que pedia empréstimo continuamente e vivia à custa alheia, levaram-no ao desastre financeiro. Mais uma vez acuado por credores e ameaçado de prisão, fugiu para Stuttgart sem vintém, aos 51 anos e sem nenhuma perspectiva.

       Foi salvo por Luís II que, aos 18 anos, acabara de subir ao trono da Baviera. Fanático admirador de Wagner, o jovem monarca ofereceu-lhe todos os recursos necessários para completar Der Ring em Munique. Ao longo dos seis anos seguintes, ali foram encenadas com grande êxito as obras mais representativas do compositor, em parte regidas por um de seus grandes admiradores, o maestro Hans von Bülow.

       As dívidas contraídas por Wagner, apesar do salário principesco, suas tentativas de intervir na política do reino e o romance com Cosima, filha de Liszt e mulher de Von Bülow, intensificaram a oposição ao compositor, que deixou Munique em 1865. Após o nascimento de três crianças e obtidos os respectivos divórcios, Wagner e Cosima casaram-se em 1870 e fixaram residência em Triebschen, Suíça, graças à proteção de Luís II.

       Ainda que comprometido com o rei a fazer a estréia da tetralogia na ópera de Munique, Wagner concluiu que seria necessária a construção de um novo tipo de teatro para apresentar a obra e faltou a sua promessa. Escolhido o local -- a cidade de Bayreuth, na Baviera --, excursionou pelo país para arrecadar fundos para a construção do teatro, cuja pedra fundamental foi lançada em 1872. Cercado por um grupo de admiradores fanáticos e ainda auxiliado pelo rei, o compositor fixou residência em Bayreuth e, em 1876 inaugurou, com a estréia de Der Ring, o Festspielhaus (Teatro de Festivais), dedicado exclusivamente à apresentação de suas criações, excluídas as óperas Die Feen (1834; As fadas), imitação da fase romântica de Weber; Das Liebesverbot (1836; A proibição de amor), influenciada pela ópera francesa da época, em especial por Auber; e a citada Rienzi.

       Em 1865 Wagner iniciou sua autobiografia, Mein Leben (Minha vida) e, em 1882, concluiu a última obra -- Parsifal, em linguagem musical semelhante à de Lohengrin e Die Walküre, síntese de sua filosofia pessimista e de uma religiosidade de raízes cristãs e budistas. Grande dramaturgo, embora destituído de talento como poeta, Wagner foi o autor de todos os seus libretos. Apesar do fanatismo nacionalista -- e, portanto, da hostilidade contra a França -- o compositor exerceu grande influência no país vizinho. Revolucionário na juventude, tornou-se anti-semita e reacionário, com idéias que se coadunavam com as do nacional-socialismo alemão, o que faria dos nazistas seus grandes admiradores. Richard Wagner morreu do coração no auge da fama, em Veneza, em 13 de fevereiro de 1883. Foi sepultado num túmulo por ele próprio preparado, em terrenos de sua casa, em Bayreuth.

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