| Mestre dos compositores para o balé clássico, Tchaikovski deixou obras que primam pela riqueza melódica e pela orquestração. Sua música está impregnada de uma carga sentimental e patética mais próxima da escola alemã que da russa do século XIX.
Piotr Ilitch Tchaikovski nasceu em 7 de maio (25 de abril no calendário juliano) de 1840, na cidade russa de Votkinsk. Demonstrou precocemente seu talento musical, mas não foi encorajado pelos pais, que temiam os efeitos da educação artística numa criança tão introvertida e sensível. Em 1848, a família mudou-se para São Petersburgo, e o menino iniciou estudos preparatórios para a carreira jurídica. Aos 14 anos perdeu a mãe, vítima de cólera, e caiu em profunda depressão. Abalado pela aparente indiferença do pai à tragédia familiar, compôs uma pequena valsa para piano e planejou a composição de uma ópera. Iniciou estudos musicais um tanto desconexos, de canto, piano e harmonia, complementados pela freqüência à ópera, que muito lhe influenciou o gosto musical.
Em 1862 entrou para o Conservatório de São Petersburgo e logo deixou o emprego no Ministério da Justiça. Em 1866 mudou-se para Moscou para assumir o cargo de professor de harmonia no conservatório fundado por Nikolaus Rubinstein. No mesmo ano, sofreu uma crise nervosa em conseqüência do trabalho excessivo para compor a sinfonia nº 1 em sol menor.
As composições que se seguiram revelam grande afinidade com o nacionalismo russo do Grupo dos Cinco -- a que pertenciam Mussorgski e Borodin --, tanto nos temas folclóricos como no tratamento harmônico, em que transparece a influência de Glinka. O primeiro sucesso de Tchaikovski foi a abertura do balé Romeu e Julieta (1869). Em meados da década de 1870, o compositor sofreu outra crise nervosa, que combateu trabalhando obsessivamente. Logo viriam a sinfonia nº 4 em fá menor, o balé O lago dos cisnes (1877) e a ópera Eugênio Onegin (1877-1878), baseada num poema de Puchkin.
Alguns de seus melhores trabalhos foram concebidos a partir de 1880, quando Nadejda von Meck, rica dama protetora de Debussy, concedeu-lhe uma ajuda anual com a qual pôde dedicar-se à composição sem preocupação com a sobrevivência. Naquele mesmo ano surgiram o Capricho italiano e a abertura 1812, seguidos de inúmeras outras obras. Em 1888, Tchaikovski realizou uma série de concertos internacionais e sua obra foi aclamada em Leipzig, Hamburgo, Berlim, Praga, Paris e Londres. Apesar do sucesso crescente, sua vida solitária e o temperamento amargurado mantinham-no permanentemente sob a iminência de um colapso nervoso. Em 1890, estrearam o balé A bela adormecida e a ópera A rainha de espadas e, dois anos depois, a suíte para o balé Quebra-nozes. Em 1893 concluiu a famosa sinfonia nº 6 em si menor, conhecida como Patética, cujo final, adagio lamentoso, rompeu a tradição por empregar um andamento lento no último movimento.
Tchaikovski morreu em 6 de novembro (25 de outubro, no calendário juliano) de 1893, em circunstâncias misteriosas. Segundo os rumores da época, o compositor, decepcionado pela fria recepção à Patética, teria bebido água contaminada durante a epidemia de cólera que assolava São Petersburgo. Em meados do século XX, no entanto, pesquisadores reuniram evidências de que ele teria sido induzido ao suicídio por envenenamento, acusado de envolvimento homossexual com um membro da família imperial.
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