| As sonatas para cravo compostas na Espanha por Domenico Scarlatti em plena maturidade artística expandiram as possibilidades técnicas e musicais do instrumento.
Giuseppe Domenico Scarlatti nasceu em Nápoles em 26 de outubro de 1685. Filho do famoso compositor Alessandro Scarlatti, suas primeiras óperas, Ottavia restituita al trono e Il Giustino, estrearam em sua cidade natal quando o autor tinha apenas 16 anos. Em 1705, o pai o mandou a Veneza para ampliar sua formação. Mais tarde, em Roma, assumiu o lugar do pai a serviço da rainha exilada Maria Casimira da Polônia. A partir de 1714, foi diretor musical da igreja de São Pedro, no Vaticano. Do que restou da obra sacra provavelmente produzida nessa época, apenas o Stabat Mater, a dez vozes, prenuncia o gênio musical que transparece nas sonatas para cravo.
A ópera Ambleto (1715) apresenta um intermezzo, La Dirindina, que foi proibida em Roma e comprometeu definitivamente uma pouco promissora carreira de operista. Em 1719, Scarlatti abandonou o posto no Vaticano e, no ano seguinte, estabeleceu-se em Lisboa, onde a serenata Contesa delle stagione (Contenda das estações) foi encenada no palácio real. Tornou-se diretor musical na corte do extravagante João V e professor de música do irmão mais novo do rei, D. Antônio, e da princesa Maria Bárbara de Bragança.
Uma série de acontecimentos marcantes teve lugar então na vida do músico, a começar pela morte do pai em 1725. Três anos depois visitou a Itália pela última vez para casar-se, um tanto tardiamente, com Maria Catalina Gentili e, em 1729, mudou-se para a Espanha a serviço de Maria Bárbara, que se casara com o herdeiro do trono espanhol, o futuro Fernando VI. Passou o resto da vida nesse país, inicialmente em Sevilha e, mais tarde, entre Madri e os palácios reais das redondezas. O rompimento com o passado refletiu-se em sua música, no extraordinário desenvolvimento estilístico das sonatas para cravo, que totalizam 555, fortemente influenciadas por elementos da música popular espanhola. Domenico Scarlatti morreu em Madri em 23 de julho de 1757 e sua arte só foi plenamente valorizada em meados do século XX, a partir de criteriosas edições inglesas.
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