| Celebrado nos meios musicais pela singularidade de obras como Carmina burana, Carl Orff é também um dos poucos compositores modernos de grande sucesso junto ao público. Seu método de educação musical, baseado no trabalho em grupo, com instrumentos de percussão, é mundialmente aplicado.
Carl Orff nasceu em 10 de julho de 1895 em Munique, Alemanha, e estudou na academia de música da cidade. Foi aluno do compositor alemão Heinrich Kaminski e, mais tarde, atuou como regente de orquestras em teatros de Munique, Mannheim e Darmstadt. Em 1924 fundou, com a ginasta Dorothée Günther, uma escola de danças de vanguarda.
Seu interesse pelas formas musicais antigas levou-o a fazer versões modernas de várias obras do compositor italiano Claudio Monteverdi (séculos XVI-XVII), como a da ópera Orfeo, representada em 1925. Autor do manual didático Schulwerk (1930) e professor de música em Munique desde 1936, desafiou corajosamente os nazistas, ao zombar de Hitler na pequena ópera Astutuli, cujo espírito a censura não captou. Dedicado à "música de uso comum" (danças e coros populares), no sentido da Gebrauchsmusik ("música utilitária") de Paul Hindemith, Orff criou uma obra caracterizada pela radical simplicidade da estrutura harmônica, pela visceral força rítmica e pela repetição quase hipnótica de certas frases, acompanhada por uma orquestra de formação inusitada, com muitos instrumentos de percussão e vários pianos.
A principal obra de Orff é a trilogia de "cantatas cênicas" formada por Carmina burana (1937; Canções de Beuren), obra coral baseada em poemas latinos medievais que cantam o vinho e o amor; Catulli carmina (1943; Canções de Catulo), sobre textos eróticos do poeta romano; e Trionfi dell'Afrodite (1953). Essa trilogia, sobretudo a primeira parte, obteve um dos maiores êxitos internacionais da música contemporânea. Carmina burana nasceu da descoberta, em Benedicktbeuren, convento beneditino da Baviera, de uma coleção de poemas profanos dos séculos XII e XIII. Os textos fazem críticas mordazes às autoridades seculares e eclesiásticas, à hipocrisia e ao poder econômico.
Para teatro, Orff escreveu as óperas fantástico-populares Der Mond (1939; A Lua) e Die Kluge (1943; A astuta). Nesse gênero, contudo, seu grande sucesso foi a ópera trágica Antigonae (1949), cujo libreto é a tradução de Sófocles feita por Hölderlin no início do século XIX. Seguiram-se Oedipus der Tyrann (1960; Édipo rei), também com o texto de Hölderlin a partir do original grego, e Prometheus (1966). Carl Orff morreu em Munique em 29 de março de 1982.
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