| A personalidade artística de Monteverdi marcou a transição entre a tradição polifônica e madrigalista do século XVI e o nascimento do drama lírico e da ópera no século XVII.
Claudio Monteverdi nasceu em Cremona, onde foi batizado, em 15 de maio de 1567, e fez seus primeiros estudos musicais. Por volta de 1590, trabalhou para Vicenzo Gonzaga, duque de Mântua, como violinista, organista e mestre de música da corte. Em 1613 assumiu a regência do coro da basílica de São Marcos, em Veneza, onde revitalizou a criação musical. Transtornado pela morte de sua mulher, em 1632 tomou ordens sacerdotais.
A música de Monteverdi tem como ponto de partida o madrigal renascentista, de que, entre 1587 e 1638, publicou oito coleções. O autor imprimiu à forma inovações substanciais e compôs obras-primas entre as quais sobressaem os seis madrigais de Lagrime d´amante al sepolcro dell´amata, reeditada no século XX por Nadia Boulanger.
A revolução musical de Monteverdi revela-se nos passos decisivos que deu, do madrigal para a monodia e do canto a capela para o canto com acompanhamento instrumental. Sua ópera Orfeo (1607), de que existem reedições modernas por Alfredo Casella e por Carl Orff, é a primeira ópera que ainda hoje se ouve com interesse mais que histórico, e a primeira obra musical com ampla participação orquestral, sobretudo de instrumentos de cordas. Da ópera L'Arianna (1608), cuja partitura se perdeu, só subsiste o famoso "Lamento", a melodia mais cantada na Itália do século XVII, ainda presente no repertório dos cantores de concerto. A ópera L'incoronazione di Poppea (1642), obra-prima reeditada por Gian Francesco Malipiero, teve grande sucesso em 1961 no festival de Aix-en-Provence e se incorporou ao repertório moderno.
As inovações de Monteverdi foram combatidas com veemência, a que o compositor respondeu como polemista vigoroso. Acusado de recorrer à composição monódica por incapacidade de escrever polifonia, o compositor terminou suas Vesperae Virginis (1610; Vésperas da Virgem) com uma missa a capela para seis vozes, em estilo palestriniano. Mestre do barroco, de tudo o que se compôs entre o tempo de Palestrina e o de Bach e Haendel só sobrevive sua obra, que nada tem a ver com a ópera italiana da fase seguinte, dominada por Alessandro Scarlatti: é uma arte severa, que continua a desafiar o público e a crítica. Monteverdi morreu em Veneza, em 29 de novembro de 1643.
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